Salto

Salto, 19 a 21 de setembro de 2011.

Salto tem vários hotéis e campings para se curtir águas termais. Queríamos acampar e relaxar curtindo vários banhos quentinhos por dia. Acontece que durante o dia era muito, muito quente e no fim do dia quando refrescava, as piscinas estavam lotadas, o que era uma boa oportunidade para aprender um pouquinho mais de espanhol. Durante toda a viagem éramos sempre os únicos indivíduos que ocupavam os campings, mas em Salto os campings estavam cheios. No começo ficamos bem animados com a oportunidade de conhecer novas pessoas. Mas assim como no Brasil, a moda de ouvir som alto no carro também reinou. Algumas pessoas acham que o gosto musical delas é o mesmo de todos e que todos vão adorar a porcaria que elas estão ouvindo. É um padrão mundial eu acho, todos que fazem isso nunca colocam um som que nos agrada. Você já ouviu um carro cheio de caixas de som tocando musica clássica, ou um bom jazz, ou o bom e velho rock and roll? Já? O nosso relaxamento nas tranquilas águas termais ficou um pouco turbulento. Acho que estávamos muito acostumados com os acampamentos que ouvíamos apenas o som dos pássaros, sapos e grilos.

Gostaríamos de aproveitar esse espaço para fazer uma campanha, que cada um ouça a sua musica sem interferir no próximo. Se o espaço é publico respeitem o volume para que cada um possa ouvir a sua própria musica, sem que isso vire uma guerra de sons.

San Gregorio e Trinidad

Trinidad e San Gregório, 18 e 19 de setembro de 2011.

Chegamos à Trinidad para conhecer as grutas do palácio. São pequenas formações de grutas naturais que dão um visual bem interessante. Mas foi apenas uma parada para conhecer e seguir para São Gregório. O caminho pelo interior ao Uruguai é bem deserto com campos e mais campos com muitas vacas e ovelhas, sendo que algumas ovelhinhas estavam peladinha com roupinhas, muito fofo. Durante o caminho você encontra muitas emas nas fazendas. Elas correm muito rápido e ficam ciscando no meio dos animais de criação e exibindo suas pelagens.

Emas

Paramos num posto em Trinidad para pedir informação e tinha um grupo de três casais de brasileiros viajando de moto. Chegamos animados para dar um alô, mas eles não foram muito receptivos. Perguntamos qual era a rota que eles estavam seguindo, disseram que estavam indo pra Colonia e que antes tinham ficado num hotel frufru ($$$), mas voltariam em seguida para casa. Reclamaram não ter tempo e encerraram a conversa. É uma pena…

Julio na gruta do palácio

Gruta do Palácio

Por que São Gregório? Na realidade todos os guias que pesquisamos sobre o Uruguai nada comentavam sobre as cidades do interior e queríamos conhecer alguma para ter certeza de que realmente não tem muita coisa. Mesmo assim gostamos de conhecer a tranquilidade não tão tranquila de San Gregório. Para uma cidade pequena, até que é bem agitadinha. Claro que estivemos lá durante o final de semana, rolou baile com o batuque original do carnaval deles. É um batuque que lembra um pouco o som da umbanda. Eles ficam muitas e muitas horas batucando. Não é a toa que o Uruguai tem o carnaval  mais longo do mundo. Dura em torno de 40 dias! Haja caladril.

A cidade tem um clima praiano, pois fica na beira de um lago. No parque da cidade, a beira do lago, tem algumas árvores bem charmosas. E para diversão do fim de semana alguns moradores se reúnem com suas motos para fazer um rally num pequeno percurso. Acho que eles devem fazer isso todo o final de semana, pois mandavam muito bem!

Árvores de San Gregório

Mais árvores a beira do lago

O que nos chamou atenção para decidirmos ir a San Gregório foi que lá muitas casas possuem pinturas um tanto diferentes. Estas pinturas foram feitas por diversos artistas do Uruguai, inclusive pode-se encontrar até um quadro enorme do Carlos Vilaró. Cada passo pela cidade é uma surpresa. Pinturas que variam entre clássicas e psicodélicas, arte contemporânea, temas hippies, super heróis participando da Santa Ceia, entre outros. E claro, não podia faltar a homenagem a Carlos Gardel.

Carlos Gardel na parede

Essa estava na parede de um açougue...

Mistura de pintura com escultura!!

Restaurante do hotel que ficamos! Mucho loco!

Colonia del Sacramento

Colonia, 15 a 17 de setembro de 2011.

A cidade é pequena e linda. Andar pela cidade velha é a grande atração, cada rua tem seu charme. Casas e carros antigos parados na calçada parecem parte da decoração, muitos pés de jasmim nas casas liberando um delicioso aroma. Ruas e muros de pedra embelezam a região. Todos que vão a Colonia ficam maravilhados como uma cidade tão pequena pode ter tantos encantos.

 

Acho que esse motorista bebeu!

 

 

Lá ficamos no albergue El Viajero, o mesmo de Punta del Este, onde estranhamente não tivemos contato com ninguém. Neste, interagimos com quase todos. Conhecemos uma galera muito legal de diversos cantos do mundo. Tinham pessoas da Alemanha, França, Argentina, Inglaterra e brasileiros do Recife, Bahia e São Paulo. Tivemos shows de musica e cultura que nos surpreenderam. Dois caras que trabalham no albergue fizeram apresentações. Um deles tocou vários instrumentos como violão, goje (instrumento de corda africano), berimbau e cantava com muita melodia. O outro tinha uma dança muito louca com um pedaço de pau… e tocava carrón como nunca vimos antes. Parecia o Igor do sepultura no carrón. E no violão tocou musica hispânica, mal dava para ver os dedos, sensacional. E no fim disso tudo rolou um som com todos que tinham algum instrumento. E claro o Julio também deu uma palhinha. Foi uma noite muito especial.

 

Os musicos da noite

 

Montevideo

Montevidéu, 13 a 15 de setembro de 2011.

Cidade grande, muita cultura, museus, praças com grandes monumentos e pessoas de diversos estilos. Comércio de tudo que se pode imaginar e grande concentração de gente. Cidades grandes nos agradam muito também e com Montevidéu não poderia ser diferente. Trânsito de cidade grande não é muito agradável, assim como estacionamento, que para caminhonete é pior ainda. Mas atrás da grande urbanização tem muita historia.

 

Praça da Independência

 

A cidade tem ruas bem arborizadas e a rua 18 de julho tem edifícios antigos com estilos europeus muito bem conservados.  Também possui muitas praças com esculturas, árvores, gramadões e pombos cagões, hehehe.

 

Praça da independência - do outro lado

 

Alguém se arrisca sentar?

 

São diversos monumentos históricos para se visitar, um deles, não muito importante, mas que nós achamos muito interessante é o museu pedagógico. Conhecemos um pouco da evolução educacional no país. Existia uma época em que os alunos eram punidos de formas bem rígidas e vergonhosas. Algumas das punições já ouvimos os nossos avós contarem, acho que alguns devem ter ouvido falar. Tinham maquetes de pequenos bonecos usando a mordaça, chapéu de burro, língua de (algum bicho), dedo no buraco (para o aluno se abaixar e colocar o dedo em um buraco no chão… hehehe todo mundo pensou besteira), palmatória, etc. ainda bem que não somos desta época.

 

Dá a mãozinha... dá!

 

A cidade tem um extenso calçadão para passear a beira do rio da prata conhecido como ramblas. Tem uma parte com edifícios que nos lembrou muito a beira mar de Florianópolis. O calçadão é um local excelente para caminhar, correr e, para quem gosta, tem pistas de patinação bem lisinhas. A ramblas tem aproximadamente 20 km. Os uruguaios adoram brincar com seus cachorros na praia, é muito comum ver esta cena de afeto por aqui. E claro, não poderia faltar o tradicional chimarrão gaúcho. É um ótimo lugar para se apreciar o pôr do sol.

 

Ramblas

 

Uma visita muito agradável para se fazer é no Palácio Legislativo. A visita é guiada e o local é maravilhoso. Coberto de mármore de várias cores (provenientes do Urugai), design dos vitrais e mosaicos italiano. Os móveis são de madeiras nobres provenientes de outros países. É muito interessante passear por ali onde os grandes acontecimentos políticos ocorrem. No salão principal está a declaração de independência do país, assinada pelo general Artigas. Não pudemos conhecer, mas próximo dali ficam os escritórios dos deputados e eles podem ir ate o palácio através de túneis subterrâneos. Muito interessante, todas as sessões são abertas ao público.

 

Hanna e o Palácio

 

Estivemos em um museu nacional do Uruguai, e achamos muito legal ver o livro do centenário do país em 1930 com assinaturas de aproximadamente 700.000 habitantes. Ou seja, praticamente todos os habitantes da época assinaram o livro.

 

Livro do centenário

 

Na cidade ficamos hospedados através do couch surfing na casa do Sebastián. Ele é um cara muito agradável, e um tremendo paizão. Ele divide a casa com o Nacho, que nos preparou uma carne assada deliciosa. Nacho é agrônomo e Sebastián bioquímico que quer ser veterinário. Ambos adoram musicas brasileiras. Sebastian gostava tanto de Caetano Veloso que chegou a colocar o nome de um de seus filhos de Caetano. Conhecemos apenas um de seus filhos, o pequeno Ismael, de 4 anos. Cheio de vitalidade, adora brincar de capitão gancho. Eles foram pessoas muito acolhedoras, e foi muito bom para nos ficar nesse ambiente familiar.

 

Sebastián, Julio e Hanna

 

Claro que não poderíamos deixar de desfrutar a famosa parrillada no mercado público. Mas quando se chega lá fica difícil de escolher. São várias opções de restaurantes e sempre tem alguém muito educado para tentar te convencer que a parrillada deles é a melhor. O atendimento é padrão, então o lugar que você for escolher com certeza será bom. Talvez a combinação não seja das melhores, mas não deixe de tomar o medio y medio que é uma mistura entre vinho branco com espumante. Uma garrafa dessas já vai te deixar bem animadinho. Não sabemos por que, mas depois de muita carne e um pouco de espumante deu um tremendo de um sono.

 

Picaña rugosa

 

O mapa de turismo que tínhamos concentrava apenas o centro. Mas o Sebastián nos deu algumas dicas de outros lugares interessantes para conhecer. A região do Prado, que tem museus, o Jardim Botânico, um mini jardim japonês e diversas casas antigas que parecem pequenos castelinhos. Dizem que essa região eram as antigas casas de campo. Deveria ser um luxo na época. Outra dica foi apreciar o forte no morro do cerrito e ainda ter uma vista panorâmica da cidade.

 

Jardim japonês

 

Quando estávamos em Atlantida, Rosario, uma uruguaia pra lá de simpática, nos comentou sobre uma família de uruguaios que viajaram o mundo todo por 4 anos em um Citron Mehari. Eles retornaram há pouco tempo para Montevidéu. Ela encaminhou um e-mail para eles para saber se eles poderiam nos conhecer. Assim poderíamos compartilhar um pouco de nossas historias e pegar algumas dicas. Mario, o pai, e Matias, um dos filhos, nos receberam muito bem, tivemos uma agradável conversa e pegamos dicas muito interessantes. Além disso, tivemos a oportunidade de comprar o livro com toda a história e roteiro que nos ajudaram muito. O objetivo de sua viajem era conhecer uruguaios que estavam morando em outros países e convencê-los a voltar ao Uruguai. Aproximadamente um terço da população do Uruguai vive for a do país. O carro deles é bem pequeno e muito simpático. Foi um prazer termos tido o contato com esses aventureiros. Quem tiver interesse em conhecer um pouquinho mais acesse: http://www.uruguayporelmundo.com/

 

Citroën Mehari, Mario, Matias e Julio

Piriapolis e Atlantida

Piriapolis e Atlantida, 12 e 13 de setembro de 2011

Definitivamente o Uruguai está muito mais caro que o Brasil quando o assunto é comida. Ainda não conseguimos provar nenhuma comida típica a não ser o “pancho” que, pra um cachorro quente, já custa bastante. Estamos comendo muitos lanches, pois tudo tem sido muito caro pra nós, exceto a lavação de roupa. Como tínhamos que esperar nossa quase meia tonelada de roupa, resolvemos fazer um piquenique a beira mar, acompanhado de boa música. Estava tão gostoso que lembramos que orçamento reduzido também te dá a possibilidade de criar outras maneiras de se aproveitar a vida. Com certeza as melhores coisas da vida são as mais simples.

Aproveitamos a ida a Piriapolis para conhecer um pouco da cidade. Tem o Mirante do Touro e o Mirante do Caracol. Dois pontos bonitos para apreciar e conhecer bem a orla da região. A praia não tem grandes ostentações, a não ser por um hotel argentino que destoa de todo o ambiente, mas também dá um certo charme.

 

Ramblas de Piriapolis

 

Seguimos em direção a Atlantida para visitar a Casa da Águia. Um italiano muito doido fez uma casa à beira mar nos anos 50 com formato de uma cabeça de águia. Existem várias teorias com relação a essa construção. Uma delas é que a casa fosse um simbolismo ao nazismo. Será?

 

Hanna e a águia

 

Mas o que mudou totalmente a visita foi que, no momento em que estávamos chegando à Casa da Águia, logo atrás de nós havia uma Pajero também equipada com barraca automotiva e adesivos de expedição. Descemos do carro empolgados e cumprimentamos o pessoal. Era o Kris e a Magda, dois poloneses super queridos que estão fazendo quase a mesma coisa que nós. As coincidências foram muitas. Eles querem fazer muitos roteiros similares aos nossos. Eles nos convidaram para ficar com eles na casa em que estavam, emprestada de um uruguaio. Tivemos uma noite maravilhosa com muita troca de informações. Rolou vinho, macarrão, Baileys, Jack Daniels, pipoca salgada, pipoca doce, iogurte, pão, chá, chocolate, linhaça, ameixa passa, frutas, dança e muitas risadas.

 

Kris, Rosario, Magda, Hanna, Julio e Fiona

 

**AVISO** Homens, pulem o próximo parágrafo.

A Magda mostrou uma novidade muito interessante para as mulheres. Chama-se “Menstrual Cup” (copo menstrual). Está a venda em vários países e é possível encontrar no Brasil também. É o fim da era do mods. Trata-se de um pequeno copo de silicone que é introduzido na vagina e segura o fluxo menstrual. Depois de algumas horas, basta lavar e introduzir novamente. Prático e, segundo relatos de quem usa, é muito mais confortável que os tradicionais absorventes, além de ser mais higiênico e antialérgico. Tem diferentes modelos e tamanho. Achei a invenção muito boa.

Infelizmente, nossos amigos poloneses tiveram um péssimo começo de viagem. O carro deles foi saqueado no navio e roubaram uma boa parte dos equipamentos e na chegada ainda tiveram que pagar uma nota na aduana. Além disso, ela teve uma alergia forte por causa do sabão usado na lavanderia e teve que ir ao hospital tomar medicações. E, uma noite antes de conhecê-los, Magda estava sozinha na casa e quebraram o vidro de uma das janelas para tentar invadir, ela saiu correndo berrando por socorro desesperada e não havia ninguém na rua, ainda bem que o ladrão ficou mais assustado que ela. Mas agora demos várias daquelas dicas de brasileiros precavidos e com certeza vai ficar tudo bem. Torçam comigo galera.

Realmente nos encontramos, parecia que já nos conhecíamos há muito tempo, eles parecem a nossa versão polonesa. Eles vão dar um tempo agora no sul do Brasil e nós na Argentina e quando o clima esquentar um pouco mais, se tudo der certo nos reencontraremos para essa maravilhosa aventura. Quem quiser participar já pode começar a arrumar as malas.

Punta del Este

Punta del Este, 10 a 11 de setembro

Susto! Saindo de praias tranquilas para a ostentação. Ficamos muito impressionados com a riqueza (de “plata”, não de natureza) da cidade. Coisa de primeiro mundo. Punta del Este é uma cidade muito bem planejada  e organizada. Tem muitas opções de restaurantes com comidas internacionais, bares noturnos, cassinos e hotéis caros. Bom gosto é o que não falta na arquitetura dos casarões com seus jardins muito bem elaborados e gramados tipo teletubbies que parecem verdadeiros tapetes verdes.

 

Pequenas cabaninhas... procura o tinkiwinki ali

 

Praia de rico e preços para ricos, nem ousamos comer num restaurante, fomos em uma cafeteria para um lanchinho e nos arrependemos muito, enfiaram uma faca no nosso bolso. Se você tiver um orçamento limitado (como no nosso caso), não deixe de conhecer a cidade, mas cuidado, tudo é muito caro mesmo. A única vantagem é na estadia, pois tem vários albergues bem transados com preços mais em conta. Claro que pra ficar pouco tempo, porque mesmo o barato aqui, para nós ainda é caro.

 

Vista da marina de (bem) longe

 

A praia de punta tem calçadas para caminhada, marina para lanchas (e muitos iates) e mar de um lado e rio do outro. A melhor definição que vi sobre o mar foi no blog  http://www.idasevindas.com.br : “Mar cor de doce de leite”. Claro que não deve ser sempre assim, mas durante o período que estivemos lá essa era a cor. Como praia, Punta del Este é uma bela cidade.

 

Uma das coloridas sereias das ramblas


Adoramos ir para La Barra, atravessar a ponte ondulada, conhecer as praias de Montoya e do Bikini. São praias bem mais joviais com vários ateliers, mercado de pulgas nos fins de semana e bares bem estilosos.

 

Por do sol na ponte ondulada da barra

 

Do outro lado do por do sol... nasce a lua na praia do Bikini

 

Mas imperdível mesmo é ir a Punta Ballena, visitar Casapueblo. Conhecer de perto as obras de Carlos Paez Vilaró. Acho que ele é o artista mais completo de todos os tempo. Para nos muito mais que uma artista, um viajante… o cara é foda! Pintou muitos quadros maravilhosos, murais em todo o mundo, vasos, corpo de mulheres, fez filmes, esculturas, conheceu milhares de personalidade famosas, (Picasso, Salvador Dali, Vinicius de Moraes, Pelé, Brigitte Bardot, Che Guevara, entre muitos outros), viajou o mundo todo e divulgou através de sua arte um pouco de cada povo.

 

Sobre peitos e gatos

 

Mas tem muito mais, a lista de seus feitos é enorme, mas vamos mostrar apenas sua deliciosa casa que projetou e construiu. Casapueblo é um projeto de harmonia e psicodelia. Além de uma localização invejável e um astral fabuloso.

 

Casapueblo, vista do museu

 

Casapueblo, vista da trilha alternativa

Cabo Polonio

Cabo Polonio, 10 de setembro de 2011

Você segue de carro, mas irá parar no caminho, pois a entrada para esse pequeno paraíso só pode ser feita com autorização, ou através dos jipes de turismos. Fomos com os jipes, o custo é de R$15,00 por pessoa e o passeio leva em torno de 45 minutos. Para voltar tem várias opções de horário, mas se preferir tem um pequeno hotel. Na realidade até pensamos nessa possibilidade, mas no caminho demos carona a uma senhora que teve dois sobrinhos que morreram neste hotel por causa do gerador a diesel que libera CO2. Na dúvida preferimos deixar para dormir em outro lugar.

 

Nós no caminhão... até que a cara não é de medo

 

A estrada é de areia fofa, só 4×4 forte lá, sendo que os pneus eram enormes. Ao chegar na praia, segue-se mais uns quilômetros em direção à vila e ao farol. Fiquei assustada já de início com a saída. O carro tem dois andares e estava lotado. Fomos no segundo andar para apreciar mais o visual. O primeiro buraco que passamos parecia que o carro ia virar, toda a gurizada berrando, adrenalina a mil. Foi tenso, mas tínhamos que acreditar que nada aconteceria. Difícil, pois não havia muita segurança, nem controle de número de passageiros, peso, etc. Mas isso que é o bom do passeio, as emoções do caminho são as melhores partes. Na dúvida vá no andar de baixo. Mas não deixe de ir que vai valer a pena.

 

O farol de cabo Polonio... e as florzinhas que a Hanna adorou

 

No caminho já é possível avistar diversas focas brincando no mar. O mar é bem calmo e a areia bem fina.  Você desembarca na vila, sendo que a comunidade da praia é formada, em sua grande maioria, por pequenas casinhas brancas e algumas coloridinhas, naquele estilo meio hippie, porém  organizado.  Tinha até a casa de um morador um tanto quanto suspeito…

 

... sem palavras!

 

Seguindo o costão, você fica vidrado apreciando os lobos marinhos que estão estarrados nas pedras. Eles ficam se espreguiçando, se limpando e discutindo uns com os outros. Tem até barraco no pedaço, parece as vezes que tem um grupo de mulherzinhas discutindo pelo namorado. E você vê tudo isso bem de perto… é vidrante.

 

Uma loba posando pra foto

 

Filho de lobo, lobinho é

 

Na volta pegamos o tempo fechado, uma nave mãe (nuvens escuras) estava se aproximando e nós indo na direção dela. Espetáculo da natureza! Claro que a chuva caiu e nos molhamos um pouquinho. Mesmo assim foi um privilégio sentir o cheiro de terra molhada.

 

A hora da tormenta

Punta del Diablo

Punta del Diablo, 8 a 10 de setembro de 2011

Em Punta del Diablo, já havíamos visto um albergue no site do hostel world, mas não tínhamos ideia de que a praia é o paraíso das cabanas. Ficamos numa cabana muito legal, pequena, mas super bem dividida e estruturada, com cozinha completa com geladeira, microondas, e água quente em todas as torneira. Também tem um deck delicioso com rede. Achamos uma casa mais linda que a outra, na sua maioria pequenas mas aconchegantes. Claro que nesta época do ano a maioria estava fechada ou em manutenção, e no verão com certeza deve ser reservada com antecedência.

Cabañas no centrão de Punta del Diablo

A praia lembra uma comunidade de pescadores misturado com hippies. Tem um clima de simplicidade mas de um jeitinho descolado. São varias casinhas que lembram mega casinhas de boneca. Em diversas cores, nada de muro, apenas cerquinhas baixas, ou troncos de madeira com cordas de pescadores para delimitar. Tem muitas com telhados de palha. Algumas parecem a casa da branca de neve, ou uma casa de campo na Holanda, outras um container estilizado.

Ohhh vidinha mais ou menos

A praia não é muito diferente das que conhecemos, mar grosso e areia de conchas trituradas. Tem a Praia da Viuda e a Praia dos Pescadores, são duas enseadas relativamente pequenas, divididas por um conjunto de pedras não muito altas. O povo, muito simpático em sua grande maioria, sempre nos cumprimentaram. Não sentimos insegurança desde que entramos no Uruguai. As pessoas aqui nos parecem viver muito tranquilas, não se vê grades nem cercas elétricas. Os cachorros não usam coleiras, brincam com as crianças e as pessoas se vestem com roupas coloridas.

Ponta direita do tridente del Diablo

Santa Teresa

Fortaleza de Santa Teresa, 7 e 8 de setembro de 2011

Saindo do Chuy, hora de atravessar a imigração uruguaia. Nunca fomos tão bem recebidos na entrada de uma país. Nos deram mapas e dicas de todos os pontos que iríamos visitar. Nos disseram para voltar ao Chuí (brasileiro) para encher o tanque, pois o combustível no Brasil é muito melhor e bem mais barato. Nos disseram onde acampar e o que não podemos perder. Nos trataram muito bem… será que na entrada da Argentina vamos ter o mesmo tratamento?  Não esqueçam de pegar dinheiro no Chuí, pois o próximo banco fica em… bom, ainda não descobrimos… e o dinheiro está acabando.

A Fortaleza de Santa Teresa é linda, toda de pedra. Eu e o Julio ficamos um tempão discutindo se ela era pintada de laranja ou se era um limo (ou sei lá o que) que deixou a pedra alaranjada com o tempo. Eu ganhei, era um sei lá o que alaranjado, e deu um charme todo especial para a fortaleza.  Não falta canhões, armas e artigos de guerra,  sanitários. Faltou apenas a guerra. A fortaleza nunca chegou a ser utilizada, e não é pequena a construção. Fora de temporada a visitação é aberta apenas de quinta a domingo. Na saída, todos os visitantes que encontramos eram de Santa Catarina e ninguém estava junto, foi pura coincidência.

 

Fortaleza de Santa Teresa

 

Mas não é só a fortaleza que impressiona, o Parque da Fortaleza de Santa Teresa é coisa de primeiro mundo. Só não sei como nunca ninguém me contou deste paraíso. São diversas atrações dentro do parque. Tem praias, lindos jardins, sombráculo (jardim de verão), invernáculo (jardim de inverno), lago com observatório para pássaros, muitas árvores bem tratadas e milhares de pássaros.

 

Invernáculo

 

Papagaio fazendo pose pra Hanna

 

São diversas áreas de camping, o custo equivale a 5 reais, no inverno não é aberto ao público, mas com uma choradinha eles liberam. Tem bares, restaurantes e supermercados. Além de parques pra crianças, zoológico aberto, viveiro de pássaros, mirantes, trilhas de caminhada, fontes, etc… Fora de temporada são 50 famílias de militares responsáveis pelo cuidado e preservação do parque. Quando o parque está aberto para veraneio, dizem que vira uma verdadeira cidade. São aproximadamente 12000 veranistas!!

 

Uma das belíssimas praias de Santa Teresa

 

Fomos Jantar no restaurante da Capatacia, principal ponto do parque. Um senhor muito simpático nos atendeu como se fôssemos clientes VIPs. É claro nos deu a dica para experimentarmos o Entrecot da casa. O Entrecot a la Pimenta, um filé de um centímetro e meio levemente rosado coberto com nata e salpicado com pimenta preta. Hummmmm!

 

Capatacia

 

Fomos então dormir na nossa barraquitcha. Acordamos com o grito dos pássaros, eram diversos ninhos enormes que estavam acima da barraca com uma colônia de “cucuruto”. Muito escandalosos, mas achamos o máximo quando eles sossegaram quando colocamos jazz pra tocar. Tinham uns que pareciam querer acompanhar o saxofone. A única desvantagem de ficarmos isolados é que estávamos sem sinal de celular e queríamos muito ligar para desejar feliz aniversário para nossa querida amiga Aline. Próximo ano tentaremos ficar num ponto mais urbano … fica o nosso parabéns atrasado.

Chuy

Chuy (Parte 2), 6 e 7 de setembro de 2011 – Uruguay

Mais uma vez fazendo o mesmo caminho, mas ele parece cada vez mais lindo. No retorno ao Chuy, paramos em vários pontos para tirar fotografias. Fomos curtindo o bom e velho rock e apreciando os campos que ficavam pra trás. Muita paz de espírito. Muitos pássaros, vacas, pastos, banhados e um céu limpo com o delicioso azul do inverno.

 

Parque do Taim

 

Voltamos novamente para o albergue que havíamos ficado anteriormente. Os donos, muito atenciosos, nos fizeram até um desconto. E não sabíamos que teríamos um café da manhã tão delicioso, simples, mas tudo muito saboroso, coisa que pra quem é alberguista sabe que é muito raro.

Hostel Etnico em Chuy

Sedemos ao consumismo para as últimas compras de uma lista que parecia não ter fim. Faltou só o meu pipi móvel, também conhecido como penico (ou banheiro químico). O Júlio está me enrolando até agora pra comprar. Acreditem que procurei pelo meu penico em Santiago e ele não teve coragem de entrar na loja comigo! O bom é que peguei várias dicas com a vendedora. Ela me disse que a melhor coisa para tirar odor das necessidades é cal. Então amigos, se por algum motivo faltar água e você não puder contar com a maravilhosa descarga, coloque cal pra disfarçar. Parece tolice falar disso, mas quando estamos fora a gente começa a sentir falta da nossa privada, nosso assento limpinho, pois conhecemos todas as bundas que passam por lá. Mas a busca continua e vocês vão acompanhar a saga do penico.

Em Chuy (agora com “y” porque é no Uruguay), comemos o tal do pancho. É o cachorro quente dos uruguaios: pão, salsicha tipo frankfurtes (alemã?), maionese, cathup, mostarda, vinagrete e o delicioso molhinho chimichurri! Combinação deliciosa. Aprendemos também uma nova forma de fazer o chimichurri, ao invés de colocar óleo, coloque apenas água, muito mais saudável e fica tão saboroso quanto.

Em Mostardas, o Zezo (pai da Hanna) levou dois livros de Santa Catarina com imagens lindas do nosso estado. Mostramos para o Rodrigo, dono do albergue, que já conhecia bem Floripa. Ele ficou  impressionado, não imaginava que tínhamos a nossa linda serra. Estamos super orgulhosos de mostrar também as belezas que nós temos.