Uyuni

Uyuni, 8 a 13 de fevereiro de 2012

 

Bolívia, aqui vamos nós!

 

Passamos a fronteira, sem extorsões e com um atendimento muito simpático da imigração e aduana. Seguimos em direção a Uyuni e no caminho passamos por diversos povoados pequenos. Vida simples, aqui o tempo parece ter parado, as faces morenas e traços indígenas, mulheres com suas tranças longas, saias prendadas e chapéu tipo Charles Chaplin seguram seus bebês nas costas com panos artesanais coloridos feitos à mão. As crianças são as mais lindas de todas. Olhos amendoados, castanhos e pequeninos com rostos redondos. Queria levar uma comigo. Em Uyuni havia muitos turistas ansiosos para conhecer as belezas da região. Nas ruas feiras, mercados, ambulantes e cheiro de fritura, sopa, doces, churrasco e frutas.

 
Camping não é hábito dos bolivianos e não encontramos por aqui, porém as estadias em hotéis são bem baratas, assim como as refeições, é possível achar boas estadias em quartos duplos com banheiro privado por R$40.00 e refeições completas por R$4,00.

 
Fomos fazer o tour de três dias na região, resolvemos não arriscar de ir com o nosso carro, pois o salar danifica muito. No primeiro dia fomos a uma pequena vila para conhecer o processamento do sal e o artesanato local. Os preços são absurdamente baratos, difícil imaginar o lucro do artesanato. O processo de produção do sal é precário e sem nenhuma higiene.

 

Carro do ano na cidade de sal

 

O salar de Uyuni é simplesmente incrível, tivemos a sorte de pegar o período de chuvas e boa parte do salar estava coberto de água. O maior salar do mundo faz com que você se sinta em outro planeta, branco para todos os lados, parece um pedacinho de um sonho.

 

Ainda bem que não era o nosso carro

 

Hanna no montinho de sal

 

Ah, I might as well jump. Jump! To me sentindo o Dave Lee Roth, mas enferrujado

 

Hanna segurando o pau... da bandeira do Brasil

 

julioehanna.com no Salar de Uyuni

 

Flip Uyuni!

 

Carros e pessoas ao fundo

 

Aquelas fotos em casal...

 

No meio do salar, um hotel de sal, foi lá que almoçamos e apreciamos algumas esculturas de sal. Vistamos também alguns olhos do salar que são saídas de água, como os gêisers, só que em temperatura ambiente. Durante a visita e possível ver vários trabalhadores acumulando sal para comercialização. Os montinhos de sal acumulado dão um visual bem legal a paisagem.

 

Hotel de sal com os homenzinhos de sal

 

Pessoal trabalhando

 

Montinhos de sal

 

Olhos do salar e um abobado

 

No caminho para a Laguna Colorada passamos por uma vila de pedras mucho loca.

 

Julio meditando?!

 

Hanna e o buraco

No segundo dia fomos para a Laguna Colorada, chegamos na hora perfeita em que a laguna estava com a coloração avermelhada e diversos flamingos se alimentavam. Que coisa linda, varia as cores de vermelho escuro, branco, esverdeado… maravilhoso.

 

Muitoooosss flamingos na Laguna Colorada

 

Julio ficando louco na Laguna Colorada

 

Uau! Flamingos na Laguna Colorada

Passamos também por diversas lagunas com bórax, a região é rica no composto. Tóxico para nós, porém mais uma vez os flamingos estavam lá. Animaizinhos resistentes a frio, sal, compostos tóxicos, são piores que baratas hehehe.

 
Na Laguna Colarada fiquei apunada pela primeira vez, não consegui acompanhar o Julio nos passeios da tarde. Passei a tarde de cama, com náuseas, diarréia, dores de cabeça, sensação horrível. O Julio foi no período da tarde na Laguna Verde e nos gêiseres, lá o grupo tomou banho nas águas termais e ainda tiveram a oportunidade de pegar uma grande nevasca, isso mesmo, nevasca! Incrível, era o último lugar que imaginávamos, as fotos ficaram incríveis.

 

Montanhas nevadas na Bolívia

 

Laguna Verde

 

Um pedaço do deserto de Dali

 

Banheira quentinha a 5000 m de altitude

 

Durante a noite, eu ainda não estava 100%, mas não foi só eu, pelo menos umas 5 pessoas da hospedagem que estávamos passaram muito mal, o banheiro estava um festival de vômitos, a cada tempo alguém corria no desespero. Estávamos a 4300 metros de altitude. Tem que respeitar a altitude, não é brincadeira.
No dia seguinte tudo estava branco, nevou bastante durante a noite, os carros estavam cobertos de gelo, foi muito legal acordar com as montanhas branquinhas. Segundo os guias é muito raro neve esta época do ano, inesperado, mas surpreendente. Passamos por diversos lagos altiplânicos, desertos, rochas.

 

E olha a vista quando acordamos...

 

Sempre Coca Cola...

 

Visitamos também a árvore de pedra, que pensávamos que era bem maior, pelo menos tinha neve para ficar mais bonito!

 

Hanna e a árvore de pedra

 

Montanhas nevadas na Bolívia, quem imaginaria?

 

Sem palavras...

 

Laguna altiplanica

O rio colorado, um rio caudaloso, antigamente era parte do trajeto das excursões que tinham que atravessá-lo. Muitas vezes algumas vans eram arrastadas pela força da água, o nosso guia parecia admirar muito a ponte sobre o rio, acho que ela facilitou muito a vida deles.

 

Rio Colorado

O final do passeio encerrou no cemitério de trens, bem próximo da cidade de Uyuni. É uma área onde estão acumulados diversos trens que foram utilizados na Bolívia por uns 50 anos. Um ferro velho bem interessante.

 

trenzinho tchu tchu

 

San Pedro de Atacama

San Pedro de Atacama, 4 a 7 de fevereiro de 2012

 
São Pedro de Atacama, finalmente!

 

Chegando em San Pedro!!!!!

O Julio estava numa pilha de alegria, para ele este seria o climax da viagem. Claro que com relação a conhecer os gêisers, salares e lagos altiplânicos me dava ânimo. Mas estava farta de deserto. Eu queria um pouco de verde, de terra úmida, de chuva de mata fechada. Mesmo de saco cheio de deserto a região me surpreendeu muito. Não é a toa que a região tem essa boa fama.

 

Deserto com formas!

A cidade de São Pedro de Atacama tem uma característica bem típica, as casas são feitas de barro, parecem casebres, mas quando você entra se surpreende como pode ficar legal esse estilo rústico associado à cultura moderna. A cidade vive praticamente do turismo, tem estadia para todos os bolsos e restaurantes. Uma ótima opção também é ficar nos pequenos povoados próximos de São Pedro, é uma opção para quem quer fugir um pouco desse ambiente mais turísticos e comer uma comida mais tradicional. Os campings são um pouco caros, por isso ficamos em um albergue mais ou menos, mas as companhias estavam ótimas, fizemos amizade com um casal de chilenos muito simpáticos e um espanhol divertidíssimo, estilo AAA (pilhas alcalinas). Incrivelmente, não batemos nenhuma foto na cidade… 😦

 
Queríamos fazer como primeiro passeio os gêisers, mas nos recomendaram começar por passeio mais tranquilos por causa da altitude. Iniciamos nosso passeio pelas lagunas altiplânicas, são lagos de degelo de vulcões que ficam a 4200 metros de altitude. No caminho em meio ao deserto encontramos uma pequena árvore solitária, a única vida em meio ao nada, corajosa ela estar ali com suas folhas verdes, longe de qualquer vestígio de água, apelidamos ela de “a sobrevivente”.

 

A sobrevivente!

A caminho dos lagos fomos mascando folhas e tomando chá de coca. Impressiona como cada lago tem uma coloração completamente diferente. Apesar da altura não nos sentimos apunados. Apunado é o termo usado para as pessoas que sentem o efeito da altitude. A grande maioria tem muita dor de cabeça, enjôo, diarréia, gases, cansaço. Esta época do ano quase todas as lagunas desta região estão repletas de flamingos e não são todos iguais, tem três tipos com características bem diferentes. Encontra-se também muitas llhamas, vizcachas, vicunhas e gaivotas andinas.

 

Lhama andina a 4000 m de altitude.

 

Gaivota andina dos lagos altiplanicos

 

Romanticos a 4200 m de altitude

 

Laguna Miscanti, ou Miñique... uma das duas

 

Rosto misterioso encontrado no caminho

Após as lagunas, parada para almoço em um pequeno povoado. Ensopado de carne acompanhado de quinua, cereal tradicional da região que é preparado de várias formas, a que experimentamos foi salgada, preparada como um arroz, leve e delicioso, também se serve doce, para comer com iogurte e frutas, fazem até suco. As plantações são lindas, em meio aos oasis do deserto, de repente você vê uma quantidade enorme de arbustos de um tom verde tão intenso, lá está a quinua, radiante.

 
Depois fomos visitar o salar de Atacama, uma paisagem bem exótica. São blocos irregulares de cristais de sal secos com lama. No meio do salar tem dois lagos onde é possível apreciar flamingos em busca de micro organismos para se alimentarem.

 

Julio e o cristal do salar de atacama

 

Que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!

 

Hanna e os cristais de sal e lama

 

Julio no Salar de Atacama

 

Tinha que sair uma foto da bixinha no salar

 

No caminho do salar encontramos um oasis

De volta a São Pedro fomos visitar as ruínas Pukara de Quitor, são ruínas em meio a um morro usado para os antigos atacamenhos poderem se defender em caso de ataques. Ao lado das ruínas tem um mirante incrível que te disponibiliza apreciar as ruínas, a cidade de São Pedro que é um oasis e uma formação geológica incrível de sedimentos de sal e terra que parecem ondas de mar. No topo do mirante tem uma homenagem aos atacamenhos que acreditavam que Deus os haviam abandonado, adivinha de quem era a homenagem? Isso mesmo, da igreja católica.

 

Ruínas de Pukara de Quitor

 

As ruínas

 

Homenagem aos atacamenhos no mirador de Quitor

 

Foto do Julio que a Hanna gostou, com San Pedro de fundo

 

Ondas de areia e pedras para todos os lados

No dia seguinte nosso grupo mega animado acordou as 3:30h da manhã para ir aos gêisers, eles foram com um tour guiado e nós fomos seguindo eles de carro. Era noite, o caminho era iluminado pela lua cheia e ao longe dava pra ver as luzinhas vermelhas das diversas excursões que queriam chegar no melhor horário para apreciar os gêisers. Essa rota de, mais ou menos uma hora e meia, é famosa por ter diversos acidentes com brasileiros aventureiros que se perdem por essas serras de terra. Esses brasileiros, ai ai ai…

 

Hanna em meio aos gêisers fumacentos

 

Quando chegamos fazia uns 4 graus negativos. Mas quem se importa, quando se vê nuvens de vapor e se ouve as borbulhas dos gêisers saindo da terra, você esquece o frio e se diverte andando pelo meio de mais ou menos 80 gêisers ativos. Alguns são muito engraçados, não parecem dar sinal de vida e de repente começa a cuspir água como se estivesse resfriado. Outros são com lama, outros formam uma piscina linda e transparente, mas cuidado, mesmo que você tenha uma grande vontade de se jogar, como alguns loucos já fizeram, não se arrisque, por que pode ser mortal.

 

Gêiser de lama

 

julioehanna.com nos gêisers de San Pedro de Atacama

 

Piscina de 70°... quer tentar?

 

A Hanna foi pro buraco

 

Onde está Hanna?

 

Muita fumaça!

Depois de diversos gêisers, fomos conhecer o mais temido de todos, o assassino. Este já foi responsável por duas mortes e um acidente muito feio. O primeiro tentou tirar uma foto muito próxima, ficou entorpecido pelo vapor e caiu dentro, por sorte a força da pressão o jogou pra fora, porém ficou hospitalizado por mais de 7 anos e por azar, ou ironia, quando saiu do hospital foi atropelado e morreu. O segundo estava bêbado e resolveu nadar, morreu duas horas depois. A terceira, uma guia que adorava subir no muro de proteção e se equilibrar em uma perna só, certo dia tchibum, ela está viva, mas não é mais guia e teve que implantar metade da pele do corpo. Então se lembrem disso quando forem visitar ok!

 

julioehanna.com em frente ao gêiser assassino

Depois da visitas você tem a oportunidade de tomar um delicioso banho de água termal, com direito a lama repleta de sais minerais. Um grupo de animadas chilenas que estavam no tour divertiram os meninos fazendo topless. O nosso companheiro espanhol que é fotografo, foi escolhido para tirar as fotos das gatinhas em seus modelitos naturais. Ele sonhava em trabalhar para a Nacional Geografic, mas depois desse momento pensou seriamente em tentar um cargo na Playboy! Sorry boys, não tiramos nenhuma foto.

 

Todo o grupo junto

 
Ao redor, além da paisagem de vulcões, você ainda aprecia as vicunhas, um tipo de veado mesclado com guanaco e os vizcachas, um coelho com rabo de esquilo. Este coelho é uma aula para os humanos, ele come o pasto da região e sua saliva acaba queimando o pasto, por isso para não eliminar todo o pasto ele come apenas uma parte, assim ele mantém a vida do pasto, dando equilíbrio para que continue tendo alimentação constante, muito diferente de nós que exterminamos tudo que vemos pela frente. Outra coisa bem interessante é que eles têm banheiros, suas fezes ficam todas concentradas em um canto, para manter a região limpa, incrível né?!

 

Vizcacha, o coelho altiplânico

 

Família vicunhas em meio ao gêiser

 

Ovelhinha literalmente ilhada

 

Na volta passamos por pequenos povoados, rios, criações de ovelhas, ninhos de pássaros e patos em meio a rios e cactos gigantes. Sempre nos surpreende como tem vida em meio ao deserto, de longe parecem apenas pedras e areia, mas de perto você encontra diversas espécies escondidas, inclusive flores de cores vivas.

 

Plantinha em meio às pedras

 

Que paisagem, hein?!

De volta a São Pedro, hora de visitar o Vale de la Luna. Que cenário surpreendente, não é a toa que tem esse nome. Parece outro mundo, o vale é formado praticamente de sal e areia. Tem uma caverna de sal impressionante, por debaixo da fina camada de terra você vê o sal que mais parece um cristal esbranquiçado, quase um mármore.

 

Nas cavernas de sal

 

Sobre as cavernas de sal

 

Vale de la Luna

Depois você vai em direção as três Marias, são torres de formação natural de sal em meio a um salar. E pra finalizar o por do sol, onde você sobe em direção a um ponto estratégico que tem um visual de toda a região. Sai de lá sem palavras, no nosso caso ouvindo um bom rock com cara de satisfação.

 

Hanna e as três Marias

 

paisagens do Vale de la Luna

 

Caindo... e nem bebeu!

 

que paisagem hein!!!

 

uau!

 

Foi ali que pousou o ovni!! Ou é uma das crateras da lua?!

 

A felicidade!

 

Pra finalizar uma janta com nossos divertidos companheiros do hostel.
Dia de seguir para mais uma aventura, passamos novamente em Calama para abastecer e comprar os últimos insumos para entrar na Bolívia.

 

Mina de Chuquicamata, a maior do mundo.

 

No caminho o céu estava ameaçando uma forte chuva, a estrada era de terra em meio ao deserto. Segundo os moradores as condições estavam razoáveis, mas claro que com a chuva pioraria muito. A chuva começou, mas claro que nós, que somos de clima tropical, estamos acostumados com fortes chuvas, então seguimos a viagem em meio à lama. A princípio tudo tranquilo. O sol voltou a aparecer e apreciamos a sua despedida em meio às montanhas e vulcões. Depois de um tempo começamos a sentir o estrago de um chuvinha no deserto. As estradas viraram pequenos lagos. O carro praticamente nadava na estrada, trabalhadores estavam nos trilhos de trem tirando lama e nós apenas no 4×4 para conseguir chegar até a fronteira.

 

Vista da saida do Chile

 

Bahhhh... bem no por do sol!

 

Chegamos tarde da noite, cansados com a tensão. Estacionamos o carro, abrimos a barraca e dormimos. Na manhã seguinte estávamos bem próximos do vulcão Ollague, bela vista da janela de nossa barraca para nos despedirmos do Chile.

 

Litoral Norte

Valparaíso, Viñas del Mar, La Serena, Antofagasta, 1 a 3 de fevereiro de 2012

 
Pretendíamos ficar em Valparaíso, mas quando chegamos o lugar não nos atraiu muito a ponto de querer ficar.

 
Valparaíso é uma cidade portuária com milhares de casinhas construídas nos morros que terminam à beiramar. Um caos, e foi nesse caos que entramos para conhecer o mercado público e comer um delicioso peixinho. Coincidentemente, fomos atendidos por brasileiros, eles foram muito atenciosos conosco, parecíamos clientes VIP. Foram muitos os momentos da viagem em que encontramos brasileiros e sentimos esse sentimento de saudades de casa. Não tem como não sentir saudades de nosso lindo pais, sempre falo a todos que vivem fora do Brasil que deveriam voltar, pois temos um país de muitas oportunidades, basta querer. O Julio e eu sabemos que podemos conhecer o mundo todo, mas nenhum lugar vai ser tão bom quanto o nosso lar. Queríamos muito que todos os Brasileiros também tivessem esse sentimento de nacionalismo. Quem sabe um dia!
Depois de Valparaíso, passamos por Viñas del Mar e o nível já mudou bastante. Os prédios são mais pomposos, praia mais transada, com barzinhos, calçadão e gente sarada. Foi aí que vi pelicanos pela primeira vez, são enormes. A paisagem deste litoral é bem deserta, com rochedos altos que cortam a costa.

It's a Pelican!!!!

Prédios de Viñas del Mar... acompanham o morro!!!

Costão de Viñas del Mar

O carro começou a dar alguns barulhos diferentes, como se metais resolvessem formar um grupo musical abaixo do carro. Resolvemos seguir viagem em busca de um mecânico para checar o que poderia ser. Que decepção ter que voltar para oficina. Próximo de La Serena um mecânico deu uma olhada, passeou com o carro e disse que era normal, deve ter sido alguma pedrinha que passamos no caminho e ficou na proteção do cárter. Aham, óbvio que não confiamos.

No caminho passamos por uma plantação de olivas. Fotinho:

Plantação de olivas

Passamos por La Serena e fomos percorrendo algumas partes do litoral, paramos para ver grupos de pelicanos, pedras com formatos muito loucos, outras partes do deserto, deserto e mais deserto até chegarmos na cidade de Antofagasta.

Grupo de Pelicanos chilenos

Jardim de pedras em meio ao desértico litoral

É incrível como depois de passar vários km por deserto de repente encontramos uma civilização bem completa em meio ao nada. A cidade é portuária e, pelo visto, tem muito dinheiro, shoppings e um comercio bem forte. Adivinha por que rola tanta grana nesta região? Minas. E onde estão as minas está o dinheiro do país. A cidade é relativamente cara, mas tem muita fila nos mercados, no cinema, nas lojas, o povo quer mesmo é gastar. A água da cidade é mais cara que a energia. Água dessalinizada, isso é só pra quem pode.

Antofagasta de noite

Ainda desconfiados, aproveitamos para ir novamente a um mecânico. Em poucos segundos ele descobriu que a cruzeta do cardan estava quebrada. Já havíamos arrumado isso no Brasil, e o mecânico lá nos passou a perna, disse que faria uma modificação e que nunca mais daria problema e cobrou caro. Bom, aqui o mecânico colocou a peça nova e cobrou ¼ do que o brasileiro cobrou. Ah a honestidade dos chilenos, algo para nos espelharmos.

Arrumamos e saímos com o carro em silencio. Como é bom saber que agora está tudo bem, esperamos que dure. tudo certo, voltamos para a estrada em direção a Calama. Mais ou menos 150 km, pra variar, em meio ao deserto. Eis que no caminho o Julio resolveu tirar uma foto e quando olho pra frente um monte de vapor saindo do motor. Por sorte era a tampa do reservatório de água que estava mal fechada, mas o pouco de água potável que tínhamos foi parar lá. Ali em meio ao deserto sem água potável, definitivamente nada mais poderia dar errado. Com muita sorte chegamos a Calama. Óbvio que agora o carro tem pelo menos uns 30 litros de água extra.

Em Calama encontramos a primeira coca cola com garrafa plástica retornável… essa não conhecíamos.

Garrafa de coca cola plástica retornável

Calama é feia, cara e rica por causa dos mineiros. Queríamos visitar a mina de Chuquicamata, a maior mina do mundo, é tão grande que pode se ver da lua. Para agendar as visitas às minas não foi possível, pois só teriam disponibilidade para dali a 20 dias. Depois de pagar por um camping caro e com sérios problemas de estrutura fomos finalmente a São Pedro de Atacama.

Santiago

Santiago, 26 a 31 de janeiro de 2012

 


Despachamos o Marcelo no aeroporto de Santiago. Ele foi uma companhia muito zen que esperamos rever em Brasília, de preferência na festa medieval ou no mustach fashion week hehehe. Aproveitamos e fomos para um shopping fazer um de meus programas favoritos, comer junk food, pegar um cineminha e me entupir de pipoca doce. Depois fomos direto para a casa de Miguel que nos hospedou através do couch surfing.
Fizemos uma janta e tivemos que comer à luz de velas, pois o apartamento de Miguel estava sem luz aquele dia, porém assim que as luzes chegaram, o clima estava tão gostoso que resolvemos apagar as luzes e continuar conversando naquele ambiente aconchegante. Começamos a contar diversas historias e Miguel nos contou de como é viver entre constantes tremores e terremotos. Durante a descrição dessas impressionantes histórias, sua mãe liga assustada perguntando se estava tudo bem, se não sentimos nenhum tremor, pois ele vive em um edifício no 12° andar. De repente ele olha pra lâmpada e ela estava balançando, mas isso foi por causa do vento. Então ele resolveu explicar que quando tem tremores fortes, as luzes começam a apagar lentamente, foi quando então as luzes do quarteirão inteiro se apagaram… ele que já está acostumado fez cara de susto, imagina nós! Mas não foi nada relacionado a um terremoto. Dá um certo frio na barriga pensar nessas possibilidades. É uma pena que um país tão bonito tenha que conviver com temores, terremotos, vulcões, tsunamis, enchentes de degelo. E minha gente, do outro lado da cordilheira, nossa situação geológica ainda é bem mais tranquila.

 

Santiago vista de cima

 

Bom, mas estávamos lá pra curtir e não para nos preocuparmos, e curtimos muito. O Miguel recebeu mais uma casal através do couch, um casal de austríacos, Michael e Agnes. Todos fizemos um tour pela cidade com Miguel de guia. Ele conhece muito da historia e se demonstrou um excelente guia, diria que profissional. Para nós, além de muito interessante, economizamos muito tempo, pois ele já tinha um roteiro com as principais atrações da cidade. Santiago foi uma das cidade grandes mais organizadas que já conhecemos, a cidade é linda, limpa, sem grandes ostentações, mas que preserva muito de sua historia através da arquitetura.

 

Plaza de armas de Santiago

 

Palácio do Governo.

 

Gostamos muito do mercado central para conhecer os frutos do mar que eles tem. Os vendedores, muito simpáticos, faziam questão de pousar para as fotos e as meninas queriam mostrar que sabiam sambar como as brasileiras, não sou especialista no assunto, mas me pareceu muito bom. As lulas eram gigantes, um anel da quase um kg, só vendo pra crer.

 

😛 de agua na boca! que saudades de frutos do mar!

 

Atendimento atencioso!

 

Outra atração, um pouco diferente, da cidade são os famosos cafés com piernas. As cafeterias, para atrair mais clientes, resolveram ter um atendimento diferenciado: mulheres atranentes com as pernas de fora e roupas beeeeemmm, mas beeemmm curtinhas. Existe também o famoso minuto feliz, quando as moças fecham as curtinas e desfilam sem a parte de cima! Imagina se eu ia deixar o Julio tomar café!

 

Café com pernas!

 

A cidade tem dois pontos turísticos bem interessantes em meio ao centro, são dois morros, o de Santa Lucia, um morro de pedra que ao longo dos anos foi adornado com um lindo jardim e um charmoso forte com torres e o outro bem mais alto que possui no topo uma igreja ao ar livre com um grande santo e pode ser um ótimo roteiro para pagamento de promessas, como não prometemos nada fomos pelo elevador, hehehe.

 

Julio e Hanna no cerro Santa Lucia

 

Santiago de cima, by Michael

 

Vista leste do cerro Santa Lucia

Lá, tivemos uma de nossas melhores experiências gastronômicas, fomos ao mercado do povo e descobrimos que o mercado central é bem mais caro e feito praticamente para turistas. Mas a Vega, isso sim que se chama o mercado, tem tudo que você possa imaginar e um setor com diversas cozinhas que preparam comidas típicas que o chileno realmente aprecia. Um lugar muito simples e saboroso e o melhor de tudo, sem turistas. Pedimos pratos típicos com sabores bem diferentes do que estamos acostumados, genteeeeeeeee muito bom. Dava vontade de ir lá todos os dias experimentar tudo que eles tem. Pedimos sopa de marisco, torta de milho (se chama pastel de choclo) que é como um escondidinho, onde a parte de baixo tem carnes cozidas muito bem temperadas e a parte de cima um purê de milho adocicado bem gratinado, a mistura dos sabores é um prazer inenarrável. Além disso um creme com milho, feijão branco e temperinhos deliciosos e mais um peixe frito com salada… tudo isso para três pessoas ao precinho de R$28,00, incluindo uma coca cola grande.

 

Julio em Vega, o mercado do povo

 

No mercado se vende de tudo!

Outro momento delicioso foi apreciar uma enorme fonte durante a noite com uma iluminação toda especial que acompanha a dança das águas. Sentir o cheiro da pipoca doce, imaginar que está comento algodão doce, mas só olhar a menininha se deliciando e pensar que já tive o meu tempo para isso, ver noivas felizes e sonhadoras tirando foto com seus noivos tímidos e constrangidos em meio ao público. Mas acima de tudo, apreciar este lindo espetáculo.

 

Momento romântico!

 

Show de luzes e cores, by Michael

 

Mesma fonte, outras cores, by Michael

Tivemos também a oportunidade de passar o dia no parque curtindo uma churrascada com a comunidade do couch de Santiago. Conhecemos uma galera muito legal, pessoas da Rússia, Chile, Brasil, Áustria, Alemanha, Argentina, Peru, Inglaterra e talvez mais algum lugar que não me lembro bem.  Todos combinaram que cada um levasse o que queria, então levamos a nossa maionese caseira brasileira, e um beijinho para sobremesa. O Miguel preparou melão com vinho: faça um buraco no melão e ponha um vinho branco bem gelado, deixe na geladeira de um dia para o outro, fica uma delicia. Os austríacos levaram salsichões e pão. Tinha tanta coisa que no fim sobrou, todo mundo contribuiu e a festa foi uma delicia. Fizemos uma roda de violão e fiquei impressionada como alguns chilenos conhecem muito de música brasileira, infelizmente não conhecemos quase nada de musica chilena.

 

Roda de viola no encontro do couch surfing de Santiago

 

Miguel, o churrasqueiro!

No dia seguinte fomos visitar a vinícola Concha y Toro e conhecer o mistério sobre o vinho Casillero del Diablo, que agora sabemos mas não vamos contar. A vinícola é muito bonita, sem frescuras ou ostentações, porém uns dos maiores produtores de vinho do mundo.É sempre bom uma degustação de vinho e um passeio desses.

 

Prosit, Salud, Saude, Tim Tim, Slainte... sei la... rolou um brinde em várias linguas na Concha Y Toro

 

Hanna descobrindo os segredos do Casillero del Diablo

 

Hanna e os barris del Diablo

 

Só unzinho!!! 250 L... deu até uma tristeza.

 

Depois aproveitamos para passar no mercado e comprar um frango assado para fazer um picnic no Cajon del Maipo, uma região entre montanhas que vai fechando e modificando a paisagem à medida que seguimos.

 

Hanna alegre ao desfiar o frango!

 

Depois de um delicioso dia de passeio ainda fomos fazer mais umas caminhadas pela cidade de Santiago e finalizamos com uma deliciosa pizza caseira com o molho, segundo o Julio, o melhor molho do mundo, que aprendemos com o Ricardo, casado com a Deia, prima do Julio. Todos estavam muito famintos e adoraram. É uma pena ter que deixar Santiago, tínhamos tanto ainda para conhecer, mas era hora de partir, com certeza essa é uma das cidades que pretendemos voltar para conhecer mais de sua rotina e sua vida cultural, além de passar muito momentos em seus mercados deliciosos.

Passeios por Santiago:

 

O menino feliz

 

O gênio do xadrez com sua concentração... no picolé!

 

Arte contemporânea... só falta o café

 

Hanna e o cavalo do Botero!

 

Hanna no bairro romântico

Pucon

Pucon, 23 e 24 de janeiro de 2012.

Mais uma cidade bonita para o roteiro. Pucon fica ao lado do vulcão Villarrica, em meio a lagos e dispõe de muitos parques bonitos, além de ser um excelente local para aventureiros que curtem rafting, canoagem, escaladas, etc.. O Marcelo, muito mais disposto que nós, fez uma excursão até o topo do vulcão, nós resolvemos ir até um pouco mais da metade. Uns motoqueiros loucos se aventuraram a subir um bom trecho, que pareceu muito difícil, tentaram por diversas vezes, pois a areia estava bem fofa. Ficamos ali apreciando aqueles loucos, acredito que não é permitido fazer isso, mas pareceu bem divertido.

 

Os motociclistas no vulcão! O Julio louco pra fazer o mesmo!

 

Hanna e o vulcão.

 

Durante o inverno o vulcão se transforma em uma grande estação de esqui com muitas pistas. A árvore símbolo da região é a araucária, que nós, do sul do Brasil, conhecemos bem. Aparentemente eles também fazem muitos pratos típicos utilizando o pinhão.

Uma das atrações locais são as flores de madeira, vistas de longe parecem flores tão perfeitas que enganam muito os olhos.

 

As flores de madeira!

 

Outra atração é o cristo redentor! Isso mesmo, o cristo… igualzinho o do Rio! hehehehe, mas um pouco mais assustado!

 

J.C.

 

 

Visitamos ali na região duas lagunas muito lindas que realmente nos impressionaram, uma delas era um buraco com quedas que vinham de todos os lados e no meio um azul hipnotizante, e a outra um pequeno lago azul profundo e translúcido.

 

Hanna na laguna azul

 

Julio e o lago azul

A região também é famosa por muitas termas e aproveitamos para conhecer a mais barata e rústica, é claro. Quando estacionamos o carro olhamos para o lado e havia outra caminhonete com barraca automotiva igual a nossa, e dessa vez do Brasil. Tinha diversas piscinas e muita gente, mas coincidentemente na piscina que escolhemos o Marcelo se deparou com dois brasileiros que haviam subido o Vilarrica com ele. Pai e filho, eram eles que estavam com a caminhonete com a barraca. Ficamos lá até o anoitecer conversando e decidimos todos juntos acampar em um local que eles indicaram, próximo a um rio.

 

Acampamento com duas barracas Camping's World...

 

Fizemos uma janta improvisada em meio ao nada e de sobremesa um delicioso melão chileno. Ainda não havíamos experimentado o melão do Chile, o mais doce que comemos em nossas vidas. Pela manhã acordamos com uma buzina e adivinha, estávamos dormindo em meio a passagem dos fazendeiros que atravessavam o rio, pois a ponte estava quebrada. Tivemos que desmontar o acampamento às pressas, mas foi uma noite bem divertida. Nos despedimos dos brasileiros e seguimos para Santiago.
A caminho de Santiago só existia uma rodovia e adivinha, repleta de pedágios e muito caros.

Puerto Varas e Frutillar

Puerto Varas, Puerto Montt e Frutillar, 21 e 22 de janeiro de 2012

Fronteira Chile x Argentina. O lado argentino estava com muitas cinzas e com muita sorte o lado chileno não!!! Os argentinos estavam “enojados”, mas o que fazer contra a mãe natureza? Segue uma foto só pra ter noção.

Tristeza com as cinzas na fronteira Chile x Argentina

Voltamos finalmente ao Chile! Já estávamos ansiosos para encontrar com esse povo honesto e despretensioso. Simplesmente adoramos o Chile e os chilenos. Estávamos indo em direção à cidade de Osorno quando avistamos um vulcão gigante. Não pensamos duas vezes, fomos direto à ele. O caminho é asfaltado e vai até quase a metade do vulcão. No caminho encontramos alguns skatistas que estavam descendo pela serra, a maioria meninas. Essa foi nossa primeira vez ao pé de um vulcão, assusta pensar que dali sai uma força tão grande da natureza que modifica toda a paisagem ao seu redor, mas ele estava quietinho, tranquilo, esperando por nossa visita.

Vulcão Osorno!

Coincidentemente, assim que chegamos, o Julio encontrou com um colega que trabalhou com ele no Brasil, o Mario, um chileno extraordinário. Ele estava fazendo doutorado na UFSC, mas agora retornou ao Chile para trabalhar, é sempre bom encontrarmos com conhecidos, mesmo que por pouco tempo. Na descida, a galera dos skates nos pediu um pouco de água, paramos para conversar com a gurizada, que se divertiu fazendo milhares de perguntas sobre a viagem e nos deram o adesivo do seu grupo, chamado “DH to the bones” (DH = down hill).

Momento à dois em frente ao vulcão

Julio e Marcelo no vulcão Osorno

Chegamos a Puerto Varas, o céu estava limpo e o sol radiante e a cidade é encantadora. A lagoa cheia de banhistas, o clima agradável e de fundo parecendo um papel de parede o vulcão Osorno. Que sem graça…

Vista da bahia de Puerto Varas

Hotel com hortências! Lindo!

Claro que não é possível associar tudo isso a bons preços e resolvemos dormir em Puerto Montt, cidade portuária e feia. Comemos um lanche meia boca e ficamos em um hotel de mulheres trabalhadoras, mas trabalharam toda a noite, era um cliente atrás do outro, chegava a tremer a parede do quarto, enquanto o Julio e o Marcelo tinham bons sonhos eu estava tentando pegar no sono, mas o barulho não parava. Quando finalmente consegui dormir comecei a ter pesadelos, imaginando que o Julio estava no quarto ao lado. Foi uma noite de horrores. O nível do hotel não precisa nem descrever, vou deixar que a imaginação de vocês trabalhe um pouco.
Voltamos a Puerto Varas, 10 da manhã e os três querendo participar da festa da cerveja que estava em seu último dia. Estava apenas começando, na realidade nós éramos os únicos clientes, as tendas ainda estavam por abrir. Assim que abriram começou a maratona de degustação, pale ale, brow ale, stout, duplo malte, etc… que delícia. Pão com salsichon e chucrut, cucas, pastéis de queijo para o vegetariano, fizemos a festa.

Marcelo e a pica de Jurgen

Nós, brasileiros, conversamos com quase todas as tendas, o pessoal tirou várias fotos conosco e começamos a adorar a festa muito mais do que esperávamos.

Prositfest!! E a felicidade do malandro!

Mas ainda tínhamos que visitar a cidade, e assim fomos, alegres, com aqueles chapéus ridículos de papelão da festa. Passeamos pela costaneira, apreciamos uma galera fazendo manobras para um campeonato de bicicletas e visitamos o museu Pablo Fierro, bem legal, lá encontrei uma menininha bem maluquinha que começou a contar vários mistérios que existiam ali dentro, ela me guiou para descobrir esconderijos de objetos e balas, muito mais interativo do que esperávamos. Não sei por que, de repente, o Julio e o Marcelo estavam no telhado do museu apreciando a vista.

Julio no Museu Pablo Fierro

Janelinha do museu!!! Que lindinho!

Citroen 3CV de Pablo Fierro

Julio e Marcelo no teto do museu.

Depois nos divertimos com cachorros de rua e voltamos para a festa da cerveja, hehehe, tava bom demais, conhecemos dois ciclistas argentinos malucos que conversamos um pouco sobre tudo e nada e sobre coisa nenhuma. Voltamos à sanidade e seguimos para Frutillar. Lá, ficamos em um camping cheio de patos famintos, comecei a dar comida para eles e lembrei que tinha um pacote de pipoca que já estava ficando um pouco velha e fiz pipoca para os patos, mas o Julio e o Marcelo pensaram que era pra eles e ficaram indignados quando viram que eu estava dando pipoca para os patos.
A cidade é muito pequena, mas encantadora. Com casas estilo alemão e muitas flores nos jardins, além de um teatro de dar inveja em qualquer grande cidade. Para nós, foi a cidade mais linda que encontramos durante a viagem. Almoçamos e seguimos viagem até Pucon.

Segue umas fotinhos de Frutillar! Que linda!


Bariloche e Villa la Angostura

Bariloche e Villa la Angostura, 18 a 20 de janeiro de 2012

Pela manhã o Marcelo foi acompanhar a Flávia de carona com o dono do camping que estávamos e nós dormimos um pouco mais. Como o Marcelo estava demorando muito a chegar, resolvemos seguir para Bariloche, tadinho, ele teve um dia de cão. Vestido com blusa de lã em um sol de rachar, só foi nos encontrar no fim do dia, completamente exausto. No fim, tivemos a mesma impressão sobre a cidade, não nos chamou a atenção, talvez pelas cinzas. Mas decidimos seguir a viagem em direção à Villa la Angostura. Não ficamos um dia inteiro em Bariloche… acho que não é o tipo de cidade para a gente.

Uma praça de Bariloche... ooppss... Brasiloche

Villa Angostura, isso sim era o que imaginávamos que seria a cidade de Bariloche, charmosa, aconchegante, florida e com um comércio bem transado.

Villa la Angostura

Villa la Angostura

Apesar da cidade ter sofrido muito com as cinzas do vulcão, a cidade não perdeu sua beleza. Os lagos e as cabanas que tem na região são lindos, algumas pareciam casa de hobbits. A cidade nos agradou muito e as sorveterias/chocolaterias mais ainda.

Hmmmmmm

O Julio e o Marcelo viram uma lagoa tão linda que não se aguentaram e deram um mergulho, pela cara deles a água deveria estar muito gelada.

Algum dos muitos lagos próximo a Villa Angostura!

Outro lago próximo a Villa Angostura

A região é o tipo de lugar que dá vontade de ficar por muitos dias, e comer um monte de guloseimas, mas tivemos que seguir.
Passeando pela região dos lagos ficamos assustados com a quantidade de cinzas que caiu na, de vez em quando encontrávamos na estrada monte de cinzas acumuladas e algumas lagoas estavam completamente cobertas de pedras pomes, que são muito leves e bóiam com facilidade, é triste ver aquelas lagoas azuis se transformarem em um lago com cara de ambrosia.

Julio no lago de ambrosia

Paramos para acampar em Brazo Rincão, quase fronteira com o Chile. O camping onde ficamos tinha uma camada muito alta de cinzas, o pessoal de lá nos relatou do susto que foi quando o vulcão entrou em atividade, começou a chover pedras grandes de até 500 gr e depois uma chuva muito forte de cinzas quente e quando parecia que não podia piorar, começa a aparecer muitas pedras pequenas, destruindo muito do que havia por ali. Fico imaginando o pânico que eles viveram.

Que céu!!!

Que céu v2!

Mas isso não abalou o espírito dos pescadores locais, segue foto pra comprovar:

O moleque mandou bem hein!

El Bolson

El Bolson, 15 a 17 de janeiro de 2012.

Paramos no caminho em um camping muito legal com um lindo rio com águas cristalinas azuladas. Flávia quis pular e pilhou o Julio, os dois se jogaram, claro que em seguida eu e o Marcelo nos empolgamos pra cair na água também. O rio estava um pouco frio, mas dentro do tolerável, o suficiente para voltarmos outro dia e descer boiando pelo rio por uns 200 metros, foi muito divertido!

 

Tchibum!

 

Levamos snorquel para curtir a transparência da água. A corrente era forte, mas alguns lugares eram bem rasos e dávamos de bunda nas pedras, mesmo assim foi delicioso.
Seguimos para El Bolson. Foi muito melhor do que poderíamos esperar. A cidade tem um ar místico, bem hippie. A praça tem sempre feiras de artesanato e lanches deliciosos, impossível não passar horas se deliciando com tantas novidades e criatividade. Clima super zen desta linda cidade em meio às montanhas.

 

Flávia, Marcelo e Julio na praça de El Bolson

 

Hanna e Julio no otimizador de pensamentos!?!

 

Um Ent em meio a praça

 

Diversos tipos de lanches vegetarianos e não vegetarianos (claro que necessitamos nossa carne diária), sucos naturais e o melhor, muitas tendas de cervejas artesanais deliciosas, das ruivas às morenas, das claras às negras. A região é famosa por cervejarias artesanais. O Julio ficou louco!

 

Eeeeeeee coisa boa!

Tivemos a sorte de poder assistir a apresentação de algumas bandas na praça central, a primeira, a Antiorquestra Palhaça, foi a melhor de todas e nos surpreendeu. Era uma mistura de ska, orquestra e jazz, com todos vestidos de palhaço. Deixou o público de boca aberta com a qualidade do som.

 

Acampamos em um camping com uma galera bem alternativa naturebes, foi divertido quando abrimos a barraca e todos começaram a bater palmas, nossa casa é realmente surpreendente. Fizemos um delicioso churrasquinho e o Marcelo, que é vegetariano, se deliciou com um guacamole que eu ensinei ele a fazer, é tão simples e gostoso que ele começou a comer guacamole todos os dias, deve ter voltado verde para o Brasil. Mas claro que nada bate um delicioso churrasquinho. Depois rolou um violãozinho, muitas músicas e não me lembro o que foi que falamos que eu e a Flavia começamos a gargalhar tanto que caímos das cadeiras, maior mico, toda a galera do camping rindo de nossa cara. Mas foi divertido. Tinha até show de talentos, uma garota muito magrinha estava dançando com um bambolê, não tinha ideia de que era possível fazer tantas coisas com o bambolê, coisa de profissional.

 
A cidade fica próxima de lagos, rios, e montanhas, uma delas possui um bosque talhado, são escultores argentinos, ou não, que fizeram diversas esculturas nas árvores mortas de um parque. Tinha gnomos, fadas e objetos não identificados. Um passeio agradável e artístico. Só peca pela parte de ter que subir um morrinho para chegar até lá, esse povo gosta de uma ladeira. Assim, não tem desodorante de dure.

 

Bosque Talhado - El Bolson

Bosque Talhado - El Bolson

 

Bosque Talhado - El Bolson

 

Bosque Talhado - El Bolson

 

Um Ent... esse de verdade

 

Bosque Talhado - El Bolson

Fomos visitar o lago Puelo, como já estávamos prontos para seguir para Bariloche, não nos preparamos com roupas adequadas para banho, mesmo que o lago parecesse implorar para que entrássemos nele. Fomos ao mirador, mais subida. O que mais me deixa p da vida em subidas é que quando chegamos lá em cima as pessoas querem ficar 15 minuto. Tanto tempo e suor pra chegar e pouco tempo para apreciar, não é justo.

 

Peligro!!

 

Depois da subida ao menos tem uma bela vista! Lago Puelo!

Quando começamos a ir em direção a Bariloche, já estava anoitecendo e não podíamos ver o caminho, mas o gps mostrava que nesta rota havia muitos lagos e resolvemos acampar no caminho para poder apreciar a região de dia. Infelizmente nossa companheira Flávia estava retornando no dia seguinte para o Brasil, mas o Marcelo seguiu conosco.

Puerto Madryn – Parte 2

Puerto Madryn – Parte 2, 5 a 12 de janeiro de 2012

 
Arrumamos a caixa de direção e aproveitamos também para trocar nossa embreagem. O prejú foi grande, mas nada se compara ao horror que foi ir até Perito Moreno. Eu e o Julio comemos uma empanada que não entrou muito bem e o piripiri foi feio. Foram seis horas de tortura. Fomos obrigados a infestar o banheiro do ônibus, que por sinal não tinha água pra descarga. Eu precisei ir 3 vezes e Julio mais 3 vezes. Quando dava pra usar o banheiro das rodoviárias durante as paradas no caminho ficamos muito felizes. Chegando em Perito Moreno, ficamos no mesmo local onde havíamos ficado anteriormente, mas o dono nos cobrou uma verdadeira fortuna, quase o mesmo que pagamos para ficar em 6 pessoas. Estávamos ainda muito mal e necessitando muito de um banheiro e não tínhamos muitas forças para rodar a cidade atrás de melhores opções de estadia e cedemos à extorsão.
No dia seguinte ficamos o dia na oficina trocando as peças. Quando estava tudo pronto… a caixa de direção continuou a vazar. Depois de termos gastado uma fortuna, o mecânico ainda diz que temos que voltar a Comodoro, pois o serviço não havia sido bem feito. Compramos alguns litros de fluido de direção e fomos pra lá de carro, parando a cada 50 km para completar o fluido. Claro que o mecânico de Comodoro nos disse para comprar uma peça nova. Decidimos então ir até Puerto Madryn direto na Ford e resolver isso com profissionais que já conhecíamos. Foi a melhor opção, apesar de necessitarmos ficar por lá uns 4 dias esperando, não precisamos trocar por uma peça nova, a qual seria muito mais cara e eles resolveram o problema com garantia. Enfim pudemos seguir viagem, mas claro já não confiando no carro tanto quanto antes.

 

Puerto Madryn - sem cinzas

 

Na primeira noite lá começamos a sentir uma mudança no clima, eram as cinzas de vulcão chegando. No outro dia pudemos ver, ou melhor, não ver o céu, apenas uma garnde névoa cinza sobre nossas cabeças…

 

Puerto Madryn - com cinzas

Em Puerto Madryn conhecemos um casal de brasileiros super queridos, Marcelinho de Brasília e Flávia (Xerê) de São Paulo. Eles estavam de mochilão e pegaram uma carona em direção a El Bolson conosco.

 

Marcelo e Flávia em Ameghini

Na primeira noite paramos novamente em Ameghini, curtimos bastante a paisagem novamente. Dali pretendíamos seguir para o Parque Nacional Los Alerces em Esquel, pois era caminho, lindo e de graça, oooops, era de graça a um mês atrás, mas de repente, o governo Argentino decidiu cobrar, e cobrar caro. Claro que decidimos mudar a rota e seguir em direção a El Bolson.

Ruta 40 – Parte 2

Ruta 40 parte 2, 2 a 4 de janeiro de 2012
Seguimos na manhã para El Chaltén, uma pequena cidade que tem como cenário de fundo o Fitz Roy uma montanha muito apreciada por escaladores devido a sua grande estrutura de rocha que os desafia.

As torres de Fitz Roy

Claro que apreciamos somente de baixo e tivemos a sorte de pegar um céu limpo, o que é muito raro, em geral tem sempre uma nuvem rodeando a montanha.

Zezo todo feliz chegando em El Chalten!

Aproveitamos para abastecer e alguns bêbados queriam dar uma voltinha nas motos, para eles só em sonho. Lá conhecemos Carlos, um carioca que estava viajando em uma moto custom, ele também estava muito assustado com os ventos e com o rípio. Convidamos ele para fazer esta rota conosco para que se sentisse mais seguro e ganhamos mais um integrante no grupo. Começa o rípio, o Marcelo Timm sofrendo com a mão machucada, Carlos que nunca havia andado no ripio, seguindo com muita precaução, Janio e Zezo loucos para correr e nós preocupados com a embreagem. Apesar das dificuldades o que prevaleceu foi o espírito de equipe e todos seguiram juntos.

As motos e a estrada de ripio

A bixinha...

No caminho a placa da moto do Carlos desapareceu, ele e Zezo foram averiguar alguns km se conseguiam encontrá-la. No final encontraram só um tatuzinho no caminho…

Tatu aventureiro

Nós aguardamos para garantir que tudo estivesse bem, pois tínhamos mais autonomia de combustível que eles. Timm e Janio seguiram. Começamos a ficar preocupados com a demora, pois iríamos até Governador Gregóre e estávamos levando no carro o combustível extra para todos. Depois de algum tempo, Carlos e Zezo retornam sem nenhum sinal da placa, um pouco mais a frente Janio e Timm esperavam por todos e continuamos a viagem, por sorte quase todos chegaram com combustível em Gov. Gregore. Para o Carlos faltou combustível nos últimos km. Procuramos por toda a cidade um local para comer, era tarde e nossa única chance foi comer o resto da comida da festa de reveillon que o dono do hotel onde ficamos cobrou uma fortuna e ainda deu dor de barriga em alguns.

 
Nossa embreagem já estava ruim, mas o Julio começou a ficar cada vez mais fera na troca. Decidimos conhecer a Cueva de las Manos, com o Janio e o Zezo enquanto Carlos e Timm nos aguardariam na cidade de Perito Moreno. Quando estávamos quase chegando, nossa direção começou a ficar muito mole e a fazer muito baralho e pronto, o óleo da direção não vazava, escorria. Estávamos sem embreagem e quase sem direção, mas tínhamos uma linda caverna cheia de pinturas rupestres para conhecer.

 

Deixamos o carro e fomos conhecer as cavernas, engraçado que vimos muitos cartões postais dessas cavernas por toda a Argentina, mas a localização dela foi o que nos impressionou muito, eles ficam entre um vale lindo, privilegiado, em meio aquele deserto.

Hanna, Zezo e Janio no vale de las cuevas

Julio, Janio, Zezo e Hanna nas Cuevas de las Manos

Cueva de las Manos

É possível ver mãos de vários tamanhos tipos e até mãos deformadas (de 6 dedos). A definição das pinturas são tão boas que fica difícil de acreditar que foram feitas a quase 8 mil anos atrás. A técnica também era muito impressionante, usava-se um osso de guanaco como canudo e colocavam a tinta na boca para assoprá-la nas paredes. Além das mãos, existem algumas formas geométricas estranhas e não identificadas e pinturas de muitos guanacos e técnicas usadas para caça.

Depois da diversão, a preocupação, ali no meio do nada não poderíamos deixar o carro, e um casal muito simpático de argentinos se ofereceu para nos seguir, caso algo ocorresse eles poderiam nos guinchar até a cidade. Depois de muita discussão, decidimos procurar um mecânico na cidade que retirou a caixa da direção e disse que teríamos que levá-la a Comodoro Rivadávia em um lugar que poderia arrumá-la. Nosso plano era ir em direção a Esquel, junto com os motociclistas, mas com esses assuntos para resolver tivemos que adiar a viajem. Para nos ajudar eles mudaram a rota e nos deram uma carona até Comodoro Rivadavia para conseguirmos fazer o reparo.

Comodoro é uma cidade muito cara no litoral da Argentina, sem grandes atrativos. No caminho foi possível ver muitos poços de petróleo. Dizem que Comodoro é umas das cidades mais caras da argentina, podemos confirmar isso… e ainda é feia. Lá, aproveitamos para fazer a última janta juntos e fomos atrás de carne. Todos ficaram felizes! Infelizmente chegou a hora de nos despedirmos de nosso queridos companheiros, adoramos muito o tempo que passamos juntos.