Mosqueiros e Salinópolis

Ilha de Mosqueiros e Salinópolis

Saímos de Belém em direção a Salinópolis, mas antes resolvemos fazer uma parada em Mosqueiros para conhecer um pouco de praia de rio. Após muita procura conseguimos um local para acampar, um camping que custava um pouco caro pela estrutura que oferecia, depois de muita negociação conseguimos baixar o preço e resolvemos ficar por ali mesmo. Saímos para conhecer as praias e quando voltamos a dona do camping nos informa que teria uma cabana que poderíamos ficar pelo mesmo preço, falamos que não era necessário, mas ela insistiu. A “cabana” era infestada de teias de aranha, muitos mosquitos e formigas, coisa que não nos preocupamos em nossa barraca, sem contar que durante a noite ratos apareciam andando sobre os estrados do telhado. À noite sentimos algumas picadas que não sabíamos se eram mosquitos ou percevejos, mas estas são pequenas dificuldades que enfrentamos perto da gentileza de pessoas muito simples e amáveis.

 

Uma das praias de Mosqueiros

 

As praias não são lá muito atraentes, a água era salobra cor de doce de leite, mas possuem uma bela estrutura de calçadões com diversos barzinhos e os casarões coloniais antigos estilo holandês dão um charme todo especial a região.

 

Casarão holandes

 

Lá curtimos pela primeira vez uma festa junina, bem pequena, mas bem animada, o interessante foi a comida típica da festa, os pratos mais servidos eram, além da clássica canjica, lasanhas e arroz com frango e para animar a festa, três cervejas por R$ 5,00. Na região se encontra muitos caranguejos e camarões secos alem de carne seca que eles sabem preparar muito bem.

 

Olha quem tá pegando carona! Próxima parada, panela! OOOPs

 

Hmmmmmmmmmm camarão seco!

 

Seguimos para Salinópolis em busca de camping, chegando lá rodamos por toda praia e nada de camping foi quando, de repente, ao parar para pedir informação sobre locais para acampar conhecemos Edson que nos convidou a ficar em sua casa e aproveitar para curtir uma prainha. Foi ai que conhecemos sua esposa Socorro, seu irmão Renato e a esposa Dena, sua sobrinha Glaucia e seu marido Leonel. Que família maravilhosa que nos recebeu de braços abertos. Fomos com eles à praia do farol velho, linda e com água super quentinha, uma delícia, ficamos ali conversando com aquelas pessoas divertidas e com uma história de vida muito desafiadora. Edson e seu irmão cuidam muito da saúde, pois eles têm problemas renais sérios, um já fez transplante e o outro ainda está direto na hemodiálise, depois fomos descobrir que ali na região casos como esse é mais comum do que se imagina. Conviver um pouco com essa família alegre foi uma lição de vida. Há pouco tempo Socorro e Edson tiveram um grande susto, seu filho sofreu um assalto no qual levou vários tiros sendo que um pegou em cheio na cabeça, que o deixou hospitalizado entre a vida e a morte e ainda acordou sem se recordar de nada, com o tempo foi mellhorando, hoje está a quase 100%, mas foi uma luta muito grande pra eles. Infelizmente histórias como essa não são raras de se ouvir no Brasil. Pela alegria e união que a família vive fica difícil de imaginar que passaram por tantos desafios. Eles nos ofereceram um delicioso café com tapioca, tivemos oportunidade de ficar pouco tempo juntos, mas esperamos poder recebê-los em Florianópolis e compartilhar mais momentos agradáveis como esse.

 

Todos juntos na casa de Edson

 

Eles nos indicaram alguns lugares para ir, pela manhã fomos experimentar o delicioso café da manhã no mercado central de Salinópolis com tapioca e cuscuz com leite de coco. Depois fomos à praia do Maçarico, onde fizemos uma gostosa caminhada em meio a uma grande faixa de areia e pequenas piscinas naturais devido à baixa da maré. Adoramos esta paisagem deserta, pois as únicas pessoas que haviam por lá era um casal que avistamos de longe que deixaram uma barra de sabão de coco e uma garrafa vazia de cachaça. O que eles faziam? Valendo um prêmio para a resposta mais criativa! O ganhador receberá a metade que sobrou do sabão!

 

Praia do Maçarico, Salinópolis – Pará

 

Praia do Maçarico

 

A praia do Atalaia é famosa por ter uma extensa faixa de areia, onde é possível passar de carro por diversos quilômetros. Para os desatentos, cuidado! Não é incomum carros serem levados pela maré, pois ela sobe rapidamente… rapidamente mesmo! Se ficar tomando caipirinha e se esquecer, katiploft… e lá se vai o carro. Lá tem vários restaurantes, no estilo palafitas. Nós não achamos atraente praia com automóveis, o que é comum ali.

 

Praia do Atalaia

 

Para quem gosta de sossego, uma praia legal e muito mais tranquila é a praia do farol velho. Lá, ninguém vai encontrar o tal farol, pelo menos não inteiro! A estrutura enorme de pedra foi arrastada pela maré, e só restaram ruínas.

 

Praia do Farol Velho

 

Adoramos ter curtido a região e foi o nosso primeiro torrão pelo litoral brasileiro.

Manaus

Manaus, 10 de maio a 12 de junho de 2012

Assim que chegamos a Manaus nos despedimos de nosso companheiro Mikey e seguimos para casa de nossos amigos Nadia e Vavá antes do previsto e ficamos muito mais tempo que o esperado. Pretendíamos ficar em Manaus pelo período de uma semana para comemorar o meu aniversário junto com minha amiga Déinha, como adiantamos a viagem pela Venezuela acabamos ficando um mês, visita assim ninguém merece, mas pacientemente eles nos aturaram.

Nadia no violão e Vavá na massagem!

A Nadia e o Vavá são nossos amigos de Florianópolis. Coincidentemente eles se conheceram em uma das festas de aniversário minha e da Déia, o Vavá como convidada da Déia e a Nadia como convidada minha. Eles começaram então a namorar um tempo depois da festa. Uns tempos depois o Vavá passou para um concurso de professor na UFAM, eles se casaram-se e hoje vivem por aqui em uma agradável casa e já começaram a formar uma família adotando o cachorro Zinga que é um cão feliz e adorável. Fomos muito bem recebidos e já aproveitamos o primeiro final de semana para fazer um delicioso Tambaqui na brasa. Por fim foi ótima a oportunidade de viver com eles por este período e compartilhar muitas boas experiências.

Que fofo o Zinga!!

Tambaqui assado!

Para refrescar no calor da Amazônia, visitamos o flutuante da tia, que fica em um dos braços do rio Negro, trata-se de uma casa flutuante com estrutura de bar, restaurante com deck que vai se movendo de acordo com as baixas e cheias do rio. A água, apesar de escura, é muito limpa e cristalina. Foi interessante que nesse flutuante apareceram alguns golfinhos na proximidade e um rapaz comentou que alguém deveria estar naqueles dias, e realmente eu estava, fiquei curiosa e ele afirmou que sempre que uma mulher está naqueles dias eles ficam atraídos de alguma forma que ninguém explica. Se é verdade, não se sabe, mas por aqui existem muitas lendas e mistérios de botos e golfinhos que sempre são muito interessantes de se ouvir.

Vavá, Nádia e Hanna chegando no flutuante da Tia

Julio no Rio Negro, foi direto pro fundo!

Beber demais dá nisso! Flutuante da Tia, Rio Negro – Manaus

Aproveitamos também para conhecer juntos cachoeiras da região de Presidente Figueiredo. Lá existem diversas quedas para visitação, mas resolvemos conhecer, com o Vavá e a Nadia, a Cascata do Santuário, que possui também uma estrutura legal para passar o dia, com restaurante e piscina, a cachoeira estava bem refrescante. Lá, almoçamos pratos típicos, os peixes Tambaqui e Surubi, arroz de baião, um tipo de arroz temperado com feijão verde ou branco e pedacinhos de carnes defumadas ou secas, e farofas, mas não se empolguem, algumas são só para locais, pois são tão duras que quem não sabe comer corre o risco de perder as obturações, porém a variedade de farinhas é tão grande que provar é aconselhável, algumas são misturadas com coco. A comida daqui realmente é muito boa, mas alguns detalhes são bem diferentes da culinária do sul, é muito comum o uso de coentro e cominho na maioria dos pratos, e açúcar em excesso nos sucos e cafezinhos também. Não deixe de provar os diversos tipos de pimentas e os peixes frescos de rio que são deliciosos.

Hanna e Julio a caminho da Cachoeira do Santuário

Vavá e Nádia na Cachoeira do Santuário – Presidente Figueiredo

Tivemos também a oportunidade de conhecer posteriormente outra cachoeira com a Déinha, onde o fluxo da água estava intenso, mas o passeio realmente foi lindo apesar do grande susto que a Déia, que sofre de aracnofobia, tomou. Estávamos fazendo uma trilha por algumas grutas que tem ali na região, enquanto ela estava distraída observando a natureza, me dei conta de que havia em frente a ela um paredão com muitas teias enormes, falamos pra ela ter muita calma e sair dali em direção ao carro, quando ela se deu conta entrou em pânico, achamos que ela ia ter um treco, levou algum tempo até que ela se acalmasse.

Hanna e Déia na Cachoeira de Iracema

E ali no meio devia ter alguma aranha grande que a Déia se apavorou

A Nadia foi uma ótima companheira para uns tours pela cidade. Juntas visitamos diversos museus e ficamos impressionadas com a estrutura que eles possuem, todos edifícios históricos muito bem preservados e praticamente novos depois das reformas e algumas vezes até reconstrução total. Passamos pelo famoso Teatro Amazonas para conhecer e também para assistir uma ópera. Realmente é algo grandioso.

 

Hanna e Julio no Teatro Amazonas!

 

Interessante como tem incentivo a estruturas culturais e museus e me dei conta do quanto estamos atrasados em Santa Catarina nesses quesitos. Os museus mais interessantes são os museus em que conhecemos um pouquinho mais sobre a cultura dos indígenas da Amazônia. É possível ver redes maravilhosas com trançados complexos e super delicados, instrumentos musicais e tambores impressionantes, instrumentos de caça, instrumentos de tortura, como o furador de olhos, vestimentas usadas em rituais da fertilidade e de acasalamento.

O furador de olhos!

Um dos objetos indígenas que também nos deixou chocadas, é uma prancha de madeira onde os pais amarram seus filhos com aproximadamente 3 anos e enchem ele de paulada para que ele tenha respeito aos pais, alguns não sobrevivem, mas os que sobrevivem duvido que digam um “a” para contestar qualquer coisa a seus pais.

Outro passeio muito legal que fizemos foi no domingo pela manhã a visita a feira no centro com diversas barracas de artesanato, comidas típicas e os maravilhosos cosméticos típicos da Amazônia, cremes, colônias, sais de banho e sabonetes perfumadíssimos.

Nádia com a erva “Assacu”, na feira do centro de Manaus

Não podíamos também deixar de ir no CIGS, um Zoológico administrado pelo exercito que cuida de animais resgatados, por contrabando ou que estejam machucados. Tem cobras enormes, jacarés obesos, pumas, onças, macacos, um diversidade grande de pássaro entre outros.

Tinha uma placa informando que ele estava em tratamento, espero que esteja melhor, no CIGS de Manaus

Jacaré vaidoso

Outro lugar também é o Bosque da Ciência, um parque onde tratam peixes bois, ariranhas e diversos animais da fauna local.

Peixes-boi graciosamente nadando em um aquarião

Close-up do bonitão!

Os primeiros dias tivemos a sorte de estarem muito agradáveis, mas depois de um tempo o calor começou a dar sinal de vida e em um clima úmido e quente a sobrevivência é feita através de ar condicionado e banhos de rio. No fim conhecemos todos os shoppings da cidade para poder fugir um pouco do calor. O shopping Manauara tem um visual bem interessante, pois tem um jardim interno muito interessante com muitos Buritis.

Depois de alguns dias finalmente recebemos a nossa convidada de honra, a Déinha chegou e curtimos ainda mais das maravilhas da região.

Já na chegada, fomos direto ao flutuante para nos refrescar

O papo estava bom, conhecemos uns loucos e ficamos lá até o anoitecer

No dia do nosso aniversário resolvemos celebrar assistindo a Orquestra Sinfônica do Amazonas, na saída resolvemos tomar umas cervejinhas, eis que encontramos uma turma do couch surfing, foi o suficiente para mudarmos o rumo de nossa noite, essas pessoas agradáveis e empolgadas nos convidaram para ir ate um bar de rock e lá fomos nós pra balada. Conhecemos a Adriana, ela foi prova de que imagem engana muito, elegante, com seu vestido justo e salto alto, para nossa surpresa ela foi sargenta no exercito. E conhecemos também a copia do Mark Zuckerberg, o Nephy, um americano completamente apaixonado pelo Brasil que estava a poucos dias de partida e o Wallace, que era movido à duracel, cheio de energia. Foi uma turminha muito animada que encontramos para festejar conosco. A balada estava muito boa, mas ou a galera lá era muito liberal ou eu e o Julio que estamos ficando antiquados, pois a pegação era grande, vi um grupo de cinco pessoas se beijando ao mesmo tempo, a verdadeira festa do sapinho, que por fim rendeu muitas risadas.

Nephy, Adriana, Julio, Hanna, Deinha e Wallace, no porão do Alemão em Manaus.

Pra continuar a comemoração no dia seguinte tivemos uma noite deliciosa com muito sushi elaborado pelo chef Vavá e ele também nos presenteou com um delicioso bolo feito em conjunto com sua assistente Nadia.  Babem, delicioso pão de ló recheado com doce de leite caseiro e nozes caramelizadas e com cobertura de doce de leito com ameixas…hummmmmmmmm.

Feliz Aniversário pra Hanna e pra Déinha!

Fomos conhecer o Museu do Seringal, localizado na margem do Rio Negro com acesso apenas por barco que já faz do caminho um delicioso passeio pelos igarapés e flutuantes, muitos tão bem estruturados que chegam a ter ar condicionado.

Déia e Nádia no “busão”

Paradinha no pit-stop aquático!

Chegando lá, para nossa surpresa, a guia era uma senhora muito divertida de Itajaí que nos deu uma apresentação incrível de como vivam os seringueiros. O local é uma reprodução de como funcionava todo o processo de produção, tem a casa dos gerentes e donos dos seringais, o comércio de produtos, a igreja e os barracos dos pobres coitados dos seringueiros, vindos do nordeste com uma perspectiva de vida diferente, se depararam com um regime de escravidão. Não foram só milhares de árvores que sangraram, mas também muitos dos seringueiros que sucumbiram pela desumanidade em busca da fortuna e por aqui morreram de fome, pelos perigos da mata ou então assassinados para que não pudessem fugir e alertar os outros nordestinos para não virem viver o horror que eles viveram. A historia é triste, mas o local é um passeio realmente interessante.

Tirando o leite do pau, Museu do Seringal

 

Não podíamos deixar de fazer o passeio mais clássico de todos, ver o encontro das águas. Porém o valor deste passeio nos pareceu um pouco salgado. Foi então que descobrimos um caminho que levava a um mirante onde poderíamos ver o encontro. Não tivemos a oportunidade de colocar as mãos entre o Rio Negro e Solimões, sentir a diferença de temperatura e velocidade, e blá blá blá, entretanto foi muito divertido o nosso passeio em busca do mirante, nos perdendo em quebradas de estrada de chão e brincar com os urubus no mirante abandonado, hehehehe.

 

Déinha e Hanna no mirante do encontro das águas.

 

De todos os passeios que fizemos, a visita a Novo Airão foi o que superou todos as expectativas. O nome da cidade deve-se ao motivo de que existia uma cidade chamada Airão que foi invadida por formigas, todos os moradores abandonaram a cidade e reconstruíram então o Novo Airão. Não é raro historias como essa no Amazonas. Lá, fomos ver os botos se alimentarem. Não foi possível nadar com eles, o que era um restaurante onde os visitantes podiam alimentar e nadar com os botos, hoje é um centro de visitação controlado onde somente pessoas autorizadas podem alimentá-los. Esse controle evita stress ao animal e possíveis acidentes, mesmo assim é possível tocar neles, passar a mão, eles tem a pele bem lisinha. Pode parecer besteira, mas fiquei completamente emocionada com aquele momento de estar ali tão próxima desses animais tão delicados, foi um momento muito esperado e que me trazem muitas boas lembranças, inclusive da minha irmã novinha cantando a musica da Xuxa do boto cor de rosa hehehe.

Os botos sendo alimentados

Pra deixar a emoção ainda mais aflorada fizemos o passeio pelos igarapés das Ilhas Anavilhanas, entrar na mata com o barco sorrateiramente, com a cor da água escura sem que você possa ver o fundo, parecendo um espelho que reflete a copa das árvores, ouvir o canto dos pássaros, passar por cipós, teias de aranhas (essa parte deixou a Déia apavorada, mas ela foi muito corajosa, afinal não tinha pra onde correr) estávamos próximos da copa das árvores, o rio estava, em alguns pontos, a aproximadamente 8 metros acima do normal. O nosso barqueiro, um senhor extremamente simpático e divertido, fez questão de parar o barco por diversos momentos para mostrar sementes, para mostrar as árvores e pássaros. No caminho, passaram sobre nossas cabeças papagaios, tudo isso acompanhado de um sol dourado de fim de tarde. No retorno para Manaus teve um acidente no caminho e ficamos um bom tempo parados na estrada, queríamos aproveitar para sair do carro, mas na hora que a Déia abre a porta, tadinha, se desesperou com uma baita aranha descansando na beira da estrada, bem do lado da porta dela, é muito azar, acho que ela atrai.

Tiozinho barqueiro, Hanna e Deinha no meio da mata amazônica.

Vista do Igarapé. Foto by Deinha

Por causa da copa, projetos de maquiagem estão começando a aparecer para encantar os turistas e ficamos muito impressionados com a Ponta Negra. Um projeto grandioso na área nobre da cidade é claro, onde construíram parques com quiosques, um grande anfiteatro e uma praia artificial belíssima, tudo isso com vista para a faraônica ponte de milhões ($$$) que cruza o Rio Negro em direção a pequenas comunidades que dão um retorno financeiro irrisório ao PIB de nosso país. Mesmo assim é um ótimo passeio para se deliciar um Tacacá, que é um tipo de sopa com tucupi (caldo que é feito da folha de mandioca) e complementado com um pouco de pirão e camarões secos. Outra opção é provar uma tigela de açaí tradicional.

Nádia e Hanna na Ponta Negra

O famoso Tacacá, comida típica local. Ponta Negra, Manaus. Foto by Deinha

Tudo seria perfeito se não fosse o outro lado da moeda que para nós seria mais prioridade. O centro de Manaus fede a esgoto, tem muito lixo pela cidade, calçamentos precários, comunidades carentes e uma educação precária. Os professores universitários da região comentam que o nível dos alunos que chegam a universidade é realmente muito ruim, citam muitos como semi-analfabetos, o que torna o ensino por ali um verdadeiro desafio. Um professor da engenharia até comentou que alunos da quinta fase de engenharia não sabem o que é teorema de Pitágoras, vergonhoso!

Encontramos um antigo amigo do irmão do Julio em Manaus, coincidentemente em um supermercado, o João. O João é um paraense de quase 2 metros de altura com quem o Julio e o irmão jogavam basquete, os dois contra o João, é claro! Ele nos convidou para conhecer o Instituto Nokia de Tecnologia, onde trabalha, e então fomos lá conhecer um pouco mais sobre um aparelhinho que damos pouca bola, mas que inevitavelmente faz parte da vida de quase todos os cidadãos do mundo. Agora, se o aparelhinho não nos interessa, a tecnologia para testá-lo e fabricá-lo é muito mais atraente. Foi um ótimo passeio e também tivemos ótimas conversas e dicas com o João.

João e Julio no Instituto Nokia de Tecnologia, Manaus

Copacabana e Isla del Sol

Copacabana, 22 a 24 de fevereiro de 2012.

 

Esse foi um dia quase que surreal. Acordamos tranquilos, tomamos um café da manhã em uma confeitaria deliciosa, com taça de frutas frescas e maduras, um café delicioso com grãos moídos na hora, leite com espuma cremosa, pães fofinhos e quentinhos com cobertura de queijo gratinado, fatias torradas com manteiga, ovos mexidos com bacon defumado, geléia com pedacinhos de frutas, croissant com recheio de laranja caramelada, suco de laranja recém espremido e queijo branco fresco levemente salgado. Tudo isso por R$10.00. Deliciosa forma de despertar e seguir viajem para La Paz.

 

Queríamos conhecer a capital administrativa do país. Voltamos para a serra dos loucos e chegamos a La Paz ao fim do dia. Ficamos chocados! Parece que juntaram diversas favelas em apenas um lugar. Acho que 80% da cidade é assim, casas inacabadas, ruas mal pavimentadas, estreitas, botecos, muita sujeira, e tudo isso construído à beira de morros. É uma tristeza ver tanta gente vivendo nessas condições. Dá uma angustia no peito muito forte. Dá muita vontade de chorar com tanta injustiça, nos sentimos mal por estar ali, de turistas, para visitar um pouco da beleza dos edifícios históricos enquanto atrás uma população inteira vive em uma sociedade com pouquíssimos recursos. Não conseguimos, resolvemos seguir viagem. Era muita pouca beleza para muita pobreza.

 

 

Queríamos abastecer para seguir viagem com mais segurança, mas a maioria dos postos estavam fechados e o único que estava aberto não vendia combustível para estrangeiros. Pedimos para um boliviano se ele poderia comprar diesel para nós, mas ele também negou. Arriscamos a dirigir no limite e enfim chegamos ao lago Titicaca, já era tarde da noite e ainda alcançamos a última balsa para Copacabana, quer dizer, barco com motor, com chão de bambu e umas tábuas para sustentar o carro. Sinistro, ainda bem que o lago estava um espelho. O céu estava absolutamente lindo, não me lembro de ter visto o cruzeiro do sul tão brilhoso, quem iria adorar é a mãe do Julio que adora admirar as estrelas. Por sorte o combustível foi suficiente para chegarmos a Copacabana. Achamos um hotel muito barato, o Julio quase não acreditou, pois a estrutura era bem boa. Dormimos felizes e no meio da noite uma forte tempestade começou e o Julio acordou com um trovão assustado pensando que era um terremoto, foi divertido. Mais divertindo ainda foi ouvir no outro dia um turista bicho grilo perguntar se os trovões vieram da Ilha do Sol. A recepcionista do hotel, rindo, disse que sim. Tem muitas lendas místicas com relação à ilha e qualquer balela que contarem aos turistas eles acreditam.

 

Tiazinha trabalhando na Plaza de Armas

 

A cidade de Copacabana nos deixou bem à vontade, é simples, tem ritmo de carnaval, várias bandinhas demonstrando suas habilidades musicais com muitas flautas em um som que te deixa quase em transe. Cholas rodopiam com suas saias prendadas acompanhadas de seus parceiros que as conduzem em uma dança que parece não ter fim. Uma delícia ficar apreciando o boliviano em ritmo de carnaval.

 

Chola passeando

 

Isso é Bolívia!

 

Carnaval de rua #1

 

Carnaval de rua #2

 

Cholas e seus bebês

 

A cidade tem uma igreja muito bonita no centro, toda branca. Perto do centrinho tem um mirador, também conhecido como Monte Calvário, onde muitos peregrinos sobem todos os dias para pagar seus pecados, não é o nosso caso, subimos para apreciar uma das vistas mais lindas do Titicaca. A altitude faz com que você se obrigue a subir devagar, mas a subida é obrigatória, pois a paisagem realmente é linda. A cidade tem bastante opção de restaurantes que na grande maioria servem truta. O que mais escutamos nos barzinhos era o nosso amado Bob Marley, por ai você já tira a conclusão do tipo de turista, hehehe.

 

Copacabana, Bolívia - vista de cima do monte Calvário

 

Resolvemos fazer o passeio à Ilha do Sol, um passeio uma tanto quanto rústico. Os barcos levam quase duas horas para chegar, acho que quando muito chegavam a 30 km/h vão entupidos de gente, não tem banheiro, balançam muito e ficam infestados pela fumaça do diesel. Mas é uma boa oportunidade para apreciar a paisagem mareante. O roteiro do passeio é bem estúpido, você chega, visita as ruínas e segue 15 km por morros a 4000 metros de altitude e tem que fazer tudo isso em 3 horas, sem tempo para muita coisa, caso contrário perderia o último barco para volta. Um turismo que não dá muito retorno para eles, afinal você não tem tempo pra gastar. As ruínas incas não nos chamaram muita atenção. Pelas descrições os incas pareciam um povo um pouco… sem noção, pois na ilha da lua ficavam jovens virgens para serem sacrificadas na Ilha do Sol, que desperdício de virgindade. As imagens que os incas idolatravam da ilha, o sapo e o puma são uma pira que com muito esforço conseguimos ver, mas eu acho que essa galera usava muitos entorpecentes. Se bem que o que mais tem na ilha era uma galera bem alternativa, com certeza eles vão ver muitas imagens por lá. A paisagem da ilha é muito bonita, alguns trechos são bem interessantes, parece que a terra quis nadar, mas encalhou no lago. Por sorte conseguimos barco a tempo para voltar e nos preparamos para enfim entrar no Peru, hauhauua.

 

Praia na Ilha do Sol

 

Ruínas incas na Ilha do Sol!