Copacabana, 22 a 24 de fevereiro de 2012.
Esse foi um dia quase que surreal. Acordamos tranquilos, tomamos um café da manhã em uma confeitaria deliciosa, com taça de frutas frescas e maduras, um café delicioso com grãos moídos na hora, leite com espuma cremosa, pães fofinhos e quentinhos com cobertura de queijo gratinado, fatias torradas com manteiga, ovos mexidos com bacon defumado, geléia com pedacinhos de frutas, croissant com recheio de laranja caramelada, suco de laranja recém espremido e queijo branco fresco levemente salgado. Tudo isso por R$10.00. Deliciosa forma de despertar e seguir viajem para La Paz.
Queríamos conhecer a capital administrativa do país. Voltamos para a serra dos loucos e chegamos a La Paz ao fim do dia. Ficamos chocados! Parece que juntaram diversas favelas em apenas um lugar. Acho que 80% da cidade é assim, casas inacabadas, ruas mal pavimentadas, estreitas, botecos, muita sujeira, e tudo isso construído à beira de morros. É uma tristeza ver tanta gente vivendo nessas condições. Dá uma angustia no peito muito forte. Dá muita vontade de chorar com tanta injustiça, nos sentimos mal por estar ali, de turistas, para visitar um pouco da beleza dos edifícios históricos enquanto atrás uma população inteira vive em uma sociedade com pouquíssimos recursos. Não conseguimos, resolvemos seguir viagem. Era muita pouca beleza para muita pobreza.
Queríamos abastecer para seguir viagem com mais segurança, mas a maioria dos postos estavam fechados e o único que estava aberto não vendia combustível para estrangeiros. Pedimos para um boliviano se ele poderia comprar diesel para nós, mas ele também negou. Arriscamos a dirigir no limite e enfim chegamos ao lago Titicaca, já era tarde da noite e ainda alcançamos a última balsa para Copacabana, quer dizer, barco com motor, com chão de bambu e umas tábuas para sustentar o carro. Sinistro, ainda bem que o lago estava um espelho. O céu estava absolutamente lindo, não me lembro de ter visto o cruzeiro do sul tão brilhoso, quem iria adorar é a mãe do Julio que adora admirar as estrelas. Por sorte o combustível foi suficiente para chegarmos a Copacabana. Achamos um hotel muito barato, o Julio quase não acreditou, pois a estrutura era bem boa. Dormimos felizes e no meio da noite uma forte tempestade começou e o Julio acordou com um trovão assustado pensando que era um terremoto, foi divertido. Mais divertindo ainda foi ouvir no outro dia um turista bicho grilo perguntar se os trovões vieram da Ilha do Sol. A recepcionista do hotel, rindo, disse que sim. Tem muitas lendas místicas com relação à ilha e qualquer balela que contarem aos turistas eles acreditam.
A cidade de Copacabana nos deixou bem à vontade, é simples, tem ritmo de carnaval, várias bandinhas demonstrando suas habilidades musicais com muitas flautas em um som que te deixa quase em transe. Cholas rodopiam com suas saias prendadas acompanhadas de seus parceiros que as conduzem em uma dança que parece não ter fim. Uma delícia ficar apreciando o boliviano em ritmo de carnaval.
A cidade tem uma igreja muito bonita no centro, toda branca. Perto do centrinho tem um mirador, também conhecido como Monte Calvário, onde muitos peregrinos sobem todos os dias para pagar seus pecados, não é o nosso caso, subimos para apreciar uma das vistas mais lindas do Titicaca. A altitude faz com que você se obrigue a subir devagar, mas a subida é obrigatória, pois a paisagem realmente é linda. A cidade tem bastante opção de restaurantes que na grande maioria servem truta. O que mais escutamos nos barzinhos era o nosso amado Bob Marley, por ai você já tira a conclusão do tipo de turista, hehehe.
Resolvemos fazer o passeio à Ilha do Sol, um passeio uma tanto quanto rústico. Os barcos levam quase duas horas para chegar, acho que quando muito chegavam a 30 km/h vão entupidos de gente, não tem banheiro, balançam muito e ficam infestados pela fumaça do diesel. Mas é uma boa oportunidade para apreciar a paisagem mareante. O roteiro do passeio é bem estúpido, você chega, visita as ruínas e segue 15 km por morros a 4000 metros de altitude e tem que fazer tudo isso em 3 horas, sem tempo para muita coisa, caso contrário perderia o último barco para volta. Um turismo que não dá muito retorno para eles, afinal você não tem tempo pra gastar. As ruínas incas não nos chamaram muita atenção. Pelas descrições os incas pareciam um povo um pouco… sem noção, pois na ilha da lua ficavam jovens virgens para serem sacrificadas na Ilha do Sol, que desperdício de virgindade. As imagens que os incas idolatravam da ilha, o sapo e o puma são uma pira que com muito esforço conseguimos ver, mas eu acho que essa galera usava muitos entorpecentes. Se bem que o que mais tem na ilha era uma galera bem alternativa, com certeza eles vão ver muitas imagens por lá. A paisagem da ilha é muito bonita, alguns trechos são bem interessantes, parece que a terra quis nadar, mas encalhou no lago. Por sorte conseguimos barco a tempo para voltar e nos preparamos para enfim entrar no Peru, hauhauua.
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