Chuí

Chuí (Parte 1), 1 e 2 de setembro de 2011

Seguimos em direção ao Chuí, mas no caminho aproveitamos para conhecer o parque do Taim. Uma das aves símbolos do Taim é o Tahan, porque o som do seu canto parece soar como “taim, taim”.

 

Tahan do Taim

 

Lá conhecemos Paolo, um Italiano de Genova  e antropólogo. Ele está rondando a região dos pampas fazendo diversas pesquisas. Demos uma carona para ele até o Chuí e fomos tendo agradáveis conversas no caminho. Queríamos muito almoçar um churrasco, mas o preço estava um pouco acima do esperado e, como chegamos um pouco tarde, os buffes já estavam pedindo socorro. Comemos então um bauru. Ruim, acho que um dos piores que já comemos. Era um bife fino como um papel empanado e frito. No fim do dia a azia estava gritando.

Na divisa Brasil x Uruguai com Paolo

Passeamos um pouco pela avenida Uruguai, que fica no Brasil e na avenida Brasil, que fica no Uruguai. Complicaram a nossa cabeça. O câmbio estava de acordo com o esperado. A princípio não vimos grandes vantagens nos descontos dos produtos importados com relação aos preços do Brasil. Claro que foi comparando o preço um barril de Heineken. Depois fomos procurar melhor e achamos muitas coisas com preços ótimos e grandes variedades de produtos.

Rio Grande

Rio Grande, 31 de agosto de 2011

Um dos pontos mais conhecido para visitação na cidade é o Museu de Oceanografia. O mundo marinho é maravilhoso e ainda o conhecemos tão pouco. Lá você vai encontrar ossos baleias, golfinhos e focas. Tem diversos aquários e cópias de animais marinhos diferentes. Ficamos impressionados com o tamanho do peixe Marlin, conhecido como agulhão. As cópias das lesmas trazem um festival de cores do que seria na vida real.

 

Dr. Miragaia, peixe com tumor no crânio

 

Próximo ao museu tem uma estação de tratamento de animais marinhos que se perderam em nossa costa. Tinha pinguins, focas, tartarugas e leões marinhos. Muito fofos, tomara que eles melhorem logo para retornar ao seu habitat natural.

Mas por fim teve algo que nos impressionou. Há alguns anos, pensamos em ir até a Antártica e lá neste museu tinha um modelo pequeno do que seria a base brasileira no continente gelado. Deu até pra sentir um friozinho na barriga imaginando o que seria viver lá no extremo, longe de tudo e de todos. A estrutura é de vários containers e tem de tudo lá dentro, até sala de jogos.

 

Hanna se preparando para a expedição na Antártica

 

De Rio Grande fomos para a Praia do Cassino onde acampamos no Camping Senandes, o qual recomendamos muito, pois tem uma estrutura excelente para camping, com quadra de vôlei, parque, churrasqueiras e ótimos banheiros.

Pelotas

Pelotas, 30 e 31 de agosto de 2011.

Fomos enganados. Primeiro, o hotel parecia um puteiro. Segundo, os banzos (nós) pagaram antecipadamente. Ahhh… se arrependimento matasse! O quarto era um fudum de cigarro, pedimos pra trocar e nos deram o quarto de luxo, não sei o que significa luxo pra eles, mas aquilo podia ser tudo menos luxuoso. Desde quando couro velho, móveis caindo aos pedaços, televisão anos 80, azulejo de florzinha e patente rosa é luxo? Bah…

Mas tudo compensa a partir do momento que você tem uma dose cavalar dos famosos doces de Pelotas. Não deixem de ir na Márcia de Aquino, doceria “tudo de bom”. Tudo lá deve ser bom, mas temos um limite. Experimentamos o quindim de nozes, a cassata de nozes e o chocolate quente com muito merengue. Muito, muito bom.

O fato é que acabamos ficando por lá. De noite, procuramos um bar que tivesse wi-fi, coisa que não tinha no hotel,  mas o som era ou samba ou sertanejo universitário, deixamos pra usar a internet na próxima cidade.

Pelotas não nos impressionou muito. Fomos visitar as charqueadas. Achamos a entrada cara e demos meia volta. Eles precisam aprender com as vinícolas de Bento. Passamos na praia de Laranjal, bonita pra uma praia na beira de uma laguna (bem… pra quem vem de Floripa…). No verão deve ser melhor. O que valeu foi a visita ao parque da baronesa. Mais legal que o parque foi ver o pássaro adestrado do segurança.

 

Praia do Larajal

 

Hanna de pirata

 

A cidade parece que entrou em decadência e não se reergueu. O engraçado é que nos tempo em que Pelotas tinha fama, o pessoal da cidade de Rio Grande ia pra pelotas fazer compras. Hoje a situação se inverteu. Rio grande está muito mais moderna, arrojada e é uma cidade que tem maior poder aquisitivo e também é mais organizada. Pelotas ficou pra traz… mas os doces… esses sim são imbatíveis.

Já notaram que o nome da cidade é “bolas” em espanhol?

Mostardas

Mostardas, 26 a 30 de agosto de 2011.

Passamos em um mercado para fazer um rancho de sobrevivência e seguir para Mostardas. Sabíamos que ficaríamos bem isolados, em uma pequena vila de pescadores. O cenário do caminho combinou perfeitamente com a trilha sonora: “Into the wild”, do filme “Na natureza selvagem”, feita pelo Eddie Vedder. A caminho da cidade, demos carona para algumas pessoas. Imaginem que o ônibus passava apenas duas vezes ao dia. A famosa estrada do inferno está asfaltada, claro que com algumas pequenas crateras no meio, que acreditamos estarem em manutenção… ou assim esperamos.

A estrada da cidade de Mostardas até a praia está em constante modificação, por ser região de dunas, ela está sempre mudando de lugar. Quando chegar na praia, muito cuidado no caminho, pois podem ter leões marinhos, pescadores, cordas de redes, pinguins e vários pássaros lindos. Seguimos por praia em direção à Praia Nova, que é caminho para o farol de Mostardas, onde fica nossa hospedagem. No caminho víamos areia e mar e eis que finalmente avistamos o farol, que é muito bonito, por sinal. A vila de pescadores era realmente bem pequena. Ficamos instalados na casa do Pilotto, amigo do pai da Hanna. Os vizinhos apareceram na porta para saber se estava tudo certo e se precisássemos de algo, poderíamos contar com eles.

 

Vila de pescadores do Farol de Mostardas

 

Na manhã seguinte, recebemos a visita esperada do Rogério (Zezo – pai da Hanna) e a surpresa, o Jerônimo (Tio Jê – tio da Hanna). Foi só alegria. Aproveitamos a manhã para subir no farol. Ele foi construído em 1940. Quem conserva o farol é o pessoal da marinha, que tem que ficar por lá por 3 meses.  Os arredores do farol é reserva ambiental e de cima dá pra ver bem a Lagoa do Peixe, as dunas, a vila, o mar e acabou.

 

Julio, Je e Zezo

 

 

Farol de Mostardas

 

Fizemos um churrasquinho e milagrosamente a fraldinha estava mais gostosa que a picanha. De tarde um soninho e de noite um peixinho com camarão. Vida difícil! Muito bate papo, e pufff… acaba a energia começa uma ventania fortíssima e no meio da madruga ataca uma forte tempestade com muitos raios.  Na manhã seguinte só calmaria. Fomos então passear nas dunas. Tínhamos até os “lençóis mostardenses”. Tentamos ir até a Lagoa dos Peixes, mas a chuva começou a ameaçar.

 

"Lençóis Mostardenses"

 

De tarde, a despedida. É sempre triste, mas necessário. Foi ótimo revê-los, porém nos demos conta que o próximo contato com algum conhecido será somente em Buenos Aires em meados de outubro.

Novamente sozinhos, fomos caminhar na praia, brincar com os pássaros, ver conchas, fizemos uma paradinha para conversar com os vizinhos, provocar a cachorrada. Achamos que tem mais cachorro do que moradores na vila.

 

Companhia dos pescadores

 

Posando pra foto

 

No dia seguinte fomos novamente à Lagoa do Peixe, mas por outro caminho. Muito assustador com vários bancos de areia movediça. A Hanna ficou desesperada, pois afundou duas vezes o pé muito rapidamente… ainda bem que estávamos perto de um banco de areia para sair dali. A natureza ao mesmo tempo é bela e traiçoeira. Resolvemos seguir a volta pela trilha que os habitantes locais fazem, muito mais seguro e relaxar com o por do Sol.

 

Pôr de sol com "rabo" de cavalo

 

Infelizmente nos decepcionamos com o desleixo dos moradores da região com a enorme quantidade de lixo espalhado ao redor das casas e no córregos. Recolhemos alguma coisa, mas nada que fizesse muita diferença.

Em Mostardas, fomos ao atelier de um artesão conhecido na região por pintar e esculpir os pássaros que migram para a Lagoa dos Peixes, que, muito desconhecida pela população brasileira, é um dos maiores locais de migração de pássaros das Américas. O Eloir é uma pessoal muito agradável e simpática, além de talentoso. É conhecedor das aves da região e, com uma grande paixão pelo que faz, consegue transpor para suas esculturas, em madeira, a vivacidade dos pássaros que observa. Vale muito a pena dar uma passadinha no atelier dele, para uma conversa e apreciar suas obras. Para quem tiver interesse, ele atende pedidos por e-mail : eloir.artesao.mostardas@hotmail.com

 

"Papagaio" do Eloir

 

Pássaros do Eloir

Porto Alegre

Porto Alegre, 22 a 26 de agosto de 2011.

Em POA, mandamos convite para ficarmos hospedados através do Couch Surfing (ou CS para os mais chegados). Para quem não conhece, o CS é uma rede social que cadastra viajantes que gostam de fazer itercâmbio e conhecer novas culturas. Já havíamos encaminhado em Santa Catarina o convite para nos hospedarmos em uma viagem, mas ninguém havia respondido. Ficamos muito felizes com o retorno que obtivemos em POA , pois quase todos os hosts que encaminhamos pedidos aceitaram nos receber.

O primeiro que respondeu foi o escolhido e mais uma vez a sorte nos acolheu. Ficamos na casa do Almir, pessoa maravilhosa. Pensa em alguém simpático, divertido, inteligente, super sociável e um juiz muito workaholic. É ele! Na primeira noite nos levou à Associação Leopoldina Juvenil, junto com outros integrantes do CS. Os meninos foram fazer uma sessão de sauna, cerveja na frente da lareira e ofurô… chic né! Claro que não podia entrar mulher, mas a Hanna ficou na biblioteca se atualizando um pouco do que estava acontecendo no mundo.

O Almir nos deu varias dicas da cidade. Nos levou para jantar no delicioso Koh pee pee, um restaurante Tailandês considerado a 7 anos o melhor do Brasil. É de comer de joelhos de tão bom. Vale cada centavo. Além da companhia, que nos fez sentir muito a vontade e com papos agradabilíssimos.

Nós e o Almir no Koh Pee Pee

Tivemos também, através do Almir, a oportunidade de conhecer várias pessoas interessantes no encontro semanal número 104 do Couch Surfing de Porto Alegre. Lá ele parecia um populista, conhecia praticamente todo mundo que estava ali. Foi muito divertido trocar experiências com pessoas de diversas idades, profissões, estilos. O melhor é que ninguém esta ali por acaso, todos tem alguma coisa em comum, amam viajar. Conhecemos uma garota sensacional que é a cópia escrita da Lara, prima da Hanna. Já somos fãs da personalidade da Lara, se ela continuar no mesmo caminho, com certeza ficarão muito parecidas. Deu até para se sentir próximos da família.

Encontro do Couch Surfing no Dhomba Blues Bar!

Além de todos esses momento deliciosos, ainda tivemos os passeios pela cidade. Praças históricas, ruas muito arborizadas e bairros de primeiro mundo. O Mercado Público da cidade merece uma parada na banca 40 para a deliciosa taça de salada de frutas com nata e três bolas de sorvete, hummm! Sem contar a feira com variedade de frutas, verduras, carnes e restaurantes.

Não deixem de visitar as diversas opções culturais que a cidade oferece. O Santander cultural, o MARGS, o Memorial ao Rio Grande do sul, o Espaço Cultural Mario Quintana, Jardim Botânico com o Museu de Ciências Naturais e o Centro Cultural da Usina do Gasômetro. O Museu Iberê Camargo também é interessante, porém nos referimos somente à arquitetura e a localização privilegiada. Ironicamente, até o pessoal de POA disse que lá “também haviam alguns quadros”.

Dentro do Museu Iberê Camargo

Hanna se "apresentando" no palco do jardim botanico

O Museu de Ciências e Tecnologia da PUC é diversão garantida para adultos e, principalmente, para  crianças. Durante a semana os colégios, felizmente, levam as crianças para visitação. Muitas crianças, por sinal! Era criança em todos os lados, berrando, brincando, estudando e correndo. E nós, lá no meio delas, competindo para ver as experiências e artigos do museu. Crianças curiosas, educadas, mal educadas, engraçadas, suadas, divertidas, fedidinhas, tinha de tudo. Professoras desligadas, preocupadas, apavoradas.  Tem pra todos os gostos, inclusive você vira um pouco criança lá dentro.

Mucholoca no museu da PUC de Ciências e Tecnologia

Subimos no Morro da Teresa para curtir o visual da cidade, ver o Rio Guaíba e o estádio Beira Rio de cima. Naquele dia havia jogo e a cidade estava uma loucura. Eram diversos ônibus com torcedores e mais torcedores. A Hanna, que odeia futebol, estava só pensando no congestionamento que iríamos pegar. Dito e feito… ficamos quase uma hora parados no trânsito por causa do jogo. Se algum jogador passasse na frente dela, acho que ela matava. Não é boa ideia ela continuar frequentando os estandes de tiro.

Por causa do trânsito, perdemos o famoso pôr do sol no gasômetro. Dizem que está entre os 5 mais lindos do mundo. Muitos gaúcho apreciam este espetáculo da natureza acompanhados de seu chimarrão. Mas como somos persistentes, retornamos no dia seguinte. Eles tinham razão, é realmente maravilhoso. Esse foi o nosso cartão postal de POA.

Pôr do sol em POA... muito lindo

Santa Maria

Santa Maria 19, 20 e 21 de agosto de 2011

Em Santa Maria ficamos hospedados na casa do Gringo (vulgarmente conhecido como Prof. Dr. Leonardo Lopes). Aproveitamos para relaxar um pouco e comer com gosto. Fomos na churrascaria Bovinu’s, a qual dizem que está entre as 50 melhores churrascarias do Brasil. Chegamos as 12:30 e saímos as 15:30. Deu pra perceber que foi bom “né” (expressão de manezinho, porque senão era “néééaa”). Aproveitamos também para curtir um cineminha, fazer uns passeios urbanos e conhecer a Universidade. Depois de toda a comilança, janta nem pensar… dormimos que nem o lobo mau depois de comer a vovozinha (claro que só depois de assistir o último capítulo da novela).

Conhecemos pouco a cidade, mas curtimos bastante. Vale deixar um abraço pro Gringo!

Santiago

Santiago, 18 a 19 de agosto de 2011

Aline e o Diogo são dois amigos muito queridos que vivem em Floripa mas são de Santiago. Eles nos indicaram alguns pontos da cidade para visitar e ainda nos ofereceram para ficar na casa da mãe do Diogo, a senhora Dinorá. Fomos muito bem recebidos pela Dinorá e seu marido Otelo. Ela é professora de piano e também toca gaita e nos fez uma linda apresentação de musica tradicional gaúcha e também tocou um belo tango. Otelo é um verdadeiro artista, desenha com traços maravilhosos e cria esculturas muito criativas, tendo como inspiração as tradições gaúchas.

 

Acampamento gaúcho - by Otelo Ribeiro

 

O ponto turístico que nossos amigos indicaram como o melhor da região foi a Gruta da Linha 1, também conhecido como a Gruta da Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Nova Esperança do Sul. Esta gruta fica numa fazenda muito simples. Custa apenas R$3,00 para se surpreender com mais um desses cantinhos maravilhosos perdidos em meio a uma natureza exuberante. Você desce em uma gruta que abre para uma grande galeria com vários túneis. Ao lado de uma das galerias tem um pequeno lago no qual a água surge de uma pequena abertura no chão. Um dos túneis tem  aproximadamente 80 metros e termina em outra fazenda, fizemos apenas uma parte deste percurso. O outro túnel segue em direção à Cascata do Véu de Noiva e a Cascata Número 2, como eles denominaram… parece cenário de filme.

 

Hanna e a cascata

 

Nossos amigos nos indicaram para jantarmos no Ponto X. Lá pedimos um lanche maravilhoso. Agora entendemos por que eles reclamavam dos nossos lanches em Florianópolis, sempre dizendo que o X no RS é mais gostoso. Temos que dizer que eles tinham toda a razão. O X dos gaúchos é bom, pois tem um molhinho que eles colocam no lanche que é todo especial e o lanche fica…  molhadiiiiiinho.

A dona Dinorá e o Otelo nos levaram para conhecer um pouco da cidade. Fomos ao museu municipal e na antiga estação de trem recém reformada. No museu eles valorizam muito a cultura, história e personagens da região e do estado. Você encontra artefatos interessantes como fotos, louças, armas e acessórios usados em guerras e batalhas locais e internacionais. Além disso, descobrimos que alguns dos nossos indígenas locais eram canibais e usavam a técnica do encolhimento de cabeça. Eles comiam o corpo mas tiravam a cabeça e a encolhiam… bem bizarro.

 

Querida, encolhi a cabeça!

 

A antiga estação de trem foi muito bem restaurada. Dentro você poderá conhecer um pouco da história da estação e da cidade. Achamos interessante a evolução da malha ferroviária do RS, que em torno de 1960 era bem completa e ligava os principais centros do estado. entretanto, a grande maioria encontra-se hoje desativada. Na estação, o espaço é aberto também para escolas fazerem oficinas de estudo. No local onde era o antigo restaurante e ambulatório para os funcionários do trem hoje funciona o cinema da estação que apresenta filmes antigos e concertos musicais. Desde a inauguração, em janeiro de 2011 eles já obtiveram 6000 visitantes. Para se ter uma ideia, nas ruínas de São Miguel desde janeiro até o momento foram 25000 visitantes. Sendo que as ruínas são bem mais divulgadas nacionalmente.

 

Estação ferroviária de Santiago

 

Ainda para finalizar o delicioso passeio, nos levaram para um delicioso almoço. Sem palavras para agradecer a esse querido casal que nos acolheu como se fôssemos da família.

Após Santiago, fomos para Mata, local conhecido pelos sítios paleontológicos. Lá eles possuem jardins com fósseis de árvores petrificadas de mais de 200 milhões de anos. É também conhecido como a região dos dinossauros. Descobrimos que lá foram encontrados alguns fósseis de dinossauros. No museu local tem alguns fósseis e réplicas de crânios gigantes de dinossauros ali encontrados… coisa de novela das 7… hahahha. Deu pra perceber que pela ignorância dos administradores da cidade ou interesse de sabe-se lá quem, nada foi mantido na região. Inclusive as árvores petrificadas, muito valorizada em museus e universidades do mundo todo, lá são banalizadas, usadas como decoração de jardins, suporte de bancos públicos quebrados, piso de chão, estrutura para construção de muros comuns e outras bizarrices. Muitos na cidade tratam estes fósseis como simples pedras. Lá, encontramos uma praça com um tronco maravilhoso de uns 10 metros que nem placa tinha indicando a localização desta obra pré histórica da natureza. Por um lado, é lindo poder ver essas preciosidades tão de perto com tanta naturalidade. Por outro, ficamos tristes com o descaso com as maravilhas que temos em nosso pais e que poderiam atrair muito turismo na região.

 

Banquinho e o "toco" (árvore fossilizada de 230 milhões de anos)

 

Tronco de árvore fossilizado

 

São Miguel das Missões

São Miguel das Missões, 16 a 18 de agosto de 2011

A cidade é bem pequena e com poucas opções para hospedagem e alimentação. Lá tem uma pousada com albergue, acredite que para dormir num quarto com vários estranhos e usar banheiro coletivo o valor que eles estavam cobrando era de R$55,00 por pessoa. As vezes eu acho que tem viajante com placa de IDIOTA na testa, pois os quartos estavam lotados. Acreditem ou não, o dono do hotel é um dos presidentes da Hostelling International . Acho que ele não tem noção do que é ser um mochileiro. Por isso muitos viajantes estrangeiros reclamam da rede de albergues no Brasil, pois os hotéis e pousadas acabam sendo mais em conta. Óbvio que fomos atrás de um hotel com quarto e banheiro individual, cama de casal, ar condicionado e televisão pagando muito menos.

Acordamos cedo para aproveitar o lindo dia de sol. Fomos direto para o sítio arqueológico de São Miguel. Lá, ficamos passeando e xeretando cada canto. Atrás das ruínas tem um pomar com laranja, limão siciliano, bergamota e outras frutas fresquinhas para pegar do pé e comer ali mesmo enquanto aprecia um pouco da nossa história. Ali também tem árvores com raízes incrustadas nas ruínas. Imagina como deveria ser aquela estrutura completa e a vida dos que viviam ali.

 

Ruína de São Miguel das Missões

 

... as árvores somos nozes.

 

Na saída do sítio, o Julio com seu super ouvido perceptivo ouviu um barulho diferente no carro e ao abrir o capô, lá estava a correia do alternador um pouco deslocada e roída. Fomos direto numa oficina mecânica em Santo Ângelo e,  para a nossa surpresa (e tristeza), a bomba hidráulica estava quebrada. Passamos a tarde no mecânico e nos deparamos com uma continha bem salgada…  buááááááááá. Lá se vai a grana do estepe extra. Mas faz parte. Aproveitamos para ver a catedral de Santo Ângelo que é uma réplica da igreja de São Miguel. Durante a visitação das ruínas, sentimos falta de uma maquete para entender melhor a estrutura do monumento, pois o que tinha era simples e sem graça. Gostamos muito de poder apreciar a réplica em tamanho real. Bem melhor que uma maquete, vocês não acham?

 

Réplica da Igreja das Missões

 

Para finalizar o dia com chave de ouro retornamos a São Miguel para assistir ao espetáculo de som e luzes com a história das missões tendo como cenário as ruínas. Esta apresentação ocorre todos os dias às 20h. O ingresso custa apenas R$5,00 mas o espetáculo não tem preço. Teve até um momento em que o som do espetáculo fez som de vento e coincidentemente sentimos uma forte brisa soprar. De brinde ainda recebemos um céu perfeito para apreciar as estrelas em meio um cenário histórico.

 

Espetáculo de som e luzes

 

 

Derrubadas

Derrubadas, 16 de agosto de 2011

Em Derrubadas fica o salto do Yucumã que é a maior queda longitudinal do mundo. Todos que nos falaram dessa maravilha da natureza ficaram impressionados. Foram várias horas de viagem e finalmente chegamos lá… decepção total, pois não pudemos apreciar o salto devido às fortes chuvas que ocorreram na região. O nível da água subiu a ponto de eliminar a vista do salto. Segundo os guias, o rio estava nove metros acima da queda. As fotos do cartão postal que compramos nos deu ainda mais vontade de visitar, mas teremos que deixar essa aventura para um outro momento, e então resolvemos seguir viagem para São Miguel das Missões.

 

Vejam o que perdemos... fonte: http://paoeecologia.files.wordpress.com

Bento Gonçalves

Bento Gonçalves, 12 a 14 de agosto de 2011.

O atendente da loja onde havia o estande de tiros nos indicou para ir a Bento pelos Caminhos de Pedra. Trata-se de uma região de descendentes de italianos que construiram suas casas apenas com pedras encontradas nos arredores. É um vale pequeno onde os moradores produzem vários produtos artesanais da cultura italiana e regionais, preservando os ensinamentos de seus ancestrais. Neste caminho, encontram-se produtores de erva-mate, vinhos, sucos, tecelagem, molhos, farinhas e por ai vai. Inclusive em uma das casas foi realizada as filmagens do filme “O Quatrilho”. Este roteiro possui forte incentivo, tanto da população local quanto da prefeitura, sendo que tudo é muito bem sinalizado e os produtos são de boa qualidade. Além disso você vai ter uma explicação detalhada de como é feita a produção e terá a chance de degustar os produtos antes de comprar… ou só pra fazer uma boquinha livre mesmo.

 

Casa da erva-mate - Caminhos de Pedra, Bento Gonçalves

 

Procuramos por um camping na região, pois estavamos loucos para estreiar nossa barraca. Para nossa sorte acabamos ficando no local onde foram gravadas as cenas do filme “Saneamento Básico”. Lembra do morrinho que desce o monstro da fossa? Ou a cascata da Camila Pitanga? Pois é, acampamos por ali… chama-se Moinho Bertarello.

 

Local do camping em Bento...

 

Em Bento Gonçalves fizemos o passeio de Maria Fumaça. O ingresso dá direito a degustação de vinhos e sucos locais e também a apresentação da epopéia italiana. O trem, movido à vapor, mantém as caracteristicas originais da época. Durante o passeio ele mantém a velocidade de 20 a 30 km por hora, super trem bala. O passeio dura em torno de uma hora e meia e passa por Garibaldi e termina em Carlos Barbosa. O caminho do percurso não é muito atraente e o divertido é ver os moradores acenando para o trem como se fosse a primeira vez. O retorno é feito via busão. Durante o passeio são feitas apresentações de teatro, música e dança italianas e gaúchas.

 

Maria Fumaça

 

Ouvimos a música “America, america, america” pelo menos 4 vezes durante a viagem. Na chegada fomos então ao parque temático da epopéia italiana que conta a história verídica de um casal do norte da Itália que fez a saga da colonização brasileira. São diversos cenários que apresentam cada fase, desde a vida deles na Itália, a vinda ao brasil e as falsas promessas dos governos brasileiro e italiano. No fim, mais degustação de guloseimas, sucos e vinhos.

 

Os italianinhos na Epopéia

 

À caminho de casa, depois de alguns dias de sanduíches, estavamos ansiosos para comer CARNE, mas não qualquer carne, queriamos um “ojo de bife” (Ribeye Stake), muito conhecido como filé de costela. Fomos ao mercado e o moço das carnes nos deu contra filé com osso dizendo que era a mesma coisa. Caímos no golpe, mas até que estava gostoso. Fizemos o churrasquinho à noite na nossa super mini churrasqueira grill tabajara. Ela também nos deu um golpe, e assou a carne mais rápido do que poderíamos imaginar.

Passamos nossa primeira noite chuvosa com nossa barraca. Ficamos muito contentes com o desempenho. Mesmo assim, a coragem pra desarmar e fechar no outro dia não apareceu. Decidimos então que domingo seria o dia da preguiça. Este foi o dia mais econômico da viagem, calculamos um custo de R$ 30,00 e isso inclui comida e estadia… pra deixar até mendigo com inveja. Aproveitamos para estudar espanhol, jogar carta com a dona do camping, escrever o blog, jogar PSP e …

Seguimos na manhã seguinte para o vale dos vinhedos. Visitamos a vinícola Miolo. A entrada de R$ 10,00 valeu cada centavo. Aprendemos um pouco mais sobre as uvas e os vinhos, conhecemos um pouco do processo de produção, e sentimos de perto o cheiro daqueles deliciosos barris de carvalho. Por fim você ainda se delicia com um breve curso de degustação… deu vontade de repetir o roteiro.

 

Só um barrilzinho pra levar pra casa...

 

Paramos para almoçar no restaurante Casa de Madeira, um dos pontos do roteiro. O restaurante é lindo e um dos pratos mais tradicionais é o que eles denominam de comida do imigrante, receita datada de 1876. Trata-se do exótico Radicci com bacon frito, polenta com queijo, nhoque de batata doce com molho e codorna com molho de vinho cozida em panelas de ferro provenientes da Itália. Fala sério, os imigrantes comiam muito bem! Você acredita mesmo nisso? Acho que a gente faltou essa aula de história ou os nossos antepassados não tiveram a mesma sorte.  Brincadeiras à parte, a comida estava deliciosa, mas o atendimento deixou a desejar, ou seja, 10% de economia em serviço.

Continuamos o roteiro das vinícolas e o vale do rio das antas. Lá parece tudo muito simples e eis que você chega na vinícula Salton. Já haviam nos comentado que a arquitetura era grandiosa mas não imaginavamos nada daquele porte… quase um palácio… nem deu pra enquadrar todo na foto.

 

Esse também é brasileiro... vinícola Salton

 

Seguimos para então para o Salto do Yucumã, paramos no meio do caminho em Vila Maria para acampar em um campo delicioso. Pra variar somos os únicos que frequentam campings nessa época do ano, o que torna tudo mais interessante, pois os campos são todos nossos! Nem sempre estão limpos, ou até abertos… mas pra tudo se dá um jeito.