Mâncora

Mancora, 21 e 22 de março de 2012

De volta ao litoral, decidimos ficar em Mâncora ao invés de Tumbes. A praia é bem legal, ambiente de surfistas, hippies e alternativos. Você vai encontrar de hotéis sofisticados com spa e instrutores de yoga a campings alternativos cheios de bicho grilo. Ficamos no Camping do Tito, um ambiente muito legal, com um lindo jardim, cozinha e uma galera bem divertida. Passamos o dia na praia, tomamos nosso primeiro torrão. O mar estava espetacular, quente com pequenas ondinhas, acho que ficamos por horas. Vimos um morador muito corajoso dando um esporro em um policial que estava sentado mandando mensagem no celular, mandou ele se levantar e ir trabalhar, que a população não está pagando pra ele ficar coçando o saco, este nobre cidadão ainda tirou uma foto e disse que iria denunciá-lo por não cumprir com suas obrigações, infelizmente o policial ignorou por completo sujeito.

No fim do dia andávamos pelo centrinho, apreciávamos artesanatos, curtíamos o pôr do sol e os mosquitos. Muitos, muitos, muitos mosquitos, ficamos com alergia e passamos por alguns dias com o sono interrompido por tanta coceira, cheguei a pensar que poderia estar com catapora, sarampo ou algo do tipo, pois nosso corpo estava infestado de bolinhas vermelhas. Nos divertimos caminhando pela praia e um coroa espanhol bem apessoado, como diria minha vó, estava cavalgando e nos pediu para tirar uma foto dele em seu blackberry trotando ao por do sol na praia de Mâncora, para mandar a foto aos seus fans do face book. Morro e não vejo tudo.

Trujillo e Piura

Trujillo e Piura, 17 a 20 de março de 2012

 

Parada para descansar em Trujillo, relaxar os músculos tensos, ajeitar o carro, trocar óleo e filtros. As praias de Trujillo não nos agradaram, mas a comida sim nos encantou. Comemos pratos deliciosos, bonitos e baratos. Um pouquinho forte de pimenta, mas nada que um trono não resolva. Observação, antes de utilizar os banheiros dos restaurantes, cheque se tem água, pois muitos te deixam em uma posição bem desconfortável. Sabe aquela sensação de que todos vão enxergar na tua cara que você deixou uma lembrancinha a vista no banheiro?!?! Nunca passou por isso? Bom pra você!

 

Eu disse pra Hanna parar de brincar com a comida! Mas os dentes realmente estavam em nosso prato!

 

Dali fomos para as ruínas de Chan Chan. São cidades de civilização pré-inca protegidas por grandes muralhas de barro. O incrível está nos detalhes de desenhos que eles faziam nas construções, a grande maioria é réplica, mas muitos ainda estão em perfeito estado, muito impressionante.

 

Encontramos um famoso cachorro pelado peruano.

 

Hanna segurando a parede de Chan Chan pra não cair... pu dum pshh

 

Paredes internas de Chan Chan

 

Patio interno de Chan Chan

 

Detalhes de Chan Chan

 

Piscina dos antigos moradores

 

Dali, tínhamos a intenção de ir a Tumbes, última cidade que visitaríamos antes de entrar no Equador. No caminhos, pufff, o pneu furou, estávamos entre dois povoados em uma região com muitas fazendas a uns 400km de Tumbes. Mas despreocupados, pois tínhamos dois estepes. Pegamos o estepe que está dentro do carro, mas na hora de trocar, uma surpresa, a roda que compramos na Argentina, supostamente era de uma Ranger, porém tinha os buracos de tamanhos diferentes da nossa. Tudo bem, tínhamos um outro estepe debaixo do carro. Começamos a baixar o estepe, quando de repente a alavanca que baixa o pneu simplesmente quebrou. O pneu ficou pendurado e não tínhamos como tirar. Essa mesma alavanca também se utiliza para levantar e baixar o macaco. Tínhamos dois estepes que não podíamos usar e um macaco inútil.

 

Enquanto isso, milhares de moto taxis passavam pelo acostamento e nos sacaneavam derrubando nosso triângulo. Fiquei ali segurando o triângulo, se quisessem derrubá-lo tinham que passar por cima de mim, por sorte ninguém passou hehehe. Resolvemos, então, que a melhor solução era tirar o pneu furado e levar para consertar, para isso íamos precisar de uma carona que nos ajudasse, comecei a pedir ajuda, passou uma camionete com um casal, passaram reto, mas depois retornaram. Foi ai que conhecemos duas pessoas muito especiais, Emiko e Luis. O Julio foi com Luis arrumar o pneu no povoado mais próximo e Emi ficou comigo no carro. Quando retornaram eles nos convidaram para ficar na casa deles na cidade Piura, pois tinham um quarto disponível. Aceitamos, pois eles nos pareceram pessoas muito boas, muito mais do que poderíamos imaginar. Eles têm três filhos, Mari Carmen, Laura e Pablo, que são muito queridos, e uma história de vida muito linda de muito trabalho e conquistas. Começaram como vendedores ambulantes e hoje tem duas lojas enormes de departamento com roupas, calçados, cozinha, banho, etc. Um verdadeiro exemplo para a nação, reconhecidos e premiados pelo governo do Peru. Nos receberam como se fossemos da família, pediram para que ficássemos um dia a mais para arrumamos o carro e viajarmos com segurança. Apesar de todos os trabalhos que eles tinham, nos deram muita atenção e nos sentimos super bem neste ambiente familiar. Conhecemos também a Luiza que trabalha com eles, que se dedicou a me ensinar como prepara um ceviche caseiro e um delicioso lomo saltado. Nos encantamos com o cachorro Otro, que adora molhar a barriga no balde d’água. Ficamos emocionados com todo o carinho que nos receberam e esperamos sinceramente um dia poder revê-los, quem sabe em Florianópolis.

 

Otro

 

Laura e Mari Carmen

 

Luis, Hanna e Emi

Huaraz

Huaraz, 15 e 16 de março de 2012

 

Do litoral para a serra, seguimos em direção à cordilheira branca para apreciar uma das regiões, considerada por muitos peruanos, mais bonitas do pais. Fomos aos lagos de Llanganuco que ficam no parque nacional de Huaraz, mas o acesso para chegar até lá é absolutamente horrível, foi a pior estrada que pegamos no caminho, ela deve ter sida bombardeada, pois não era possivel ter tantos buracos em uma só estrada. Uma estrada de terra, cheias de burados e serra, perfeito para acabar com nosso humor. O Julio queria desistir e voltar, mas estavamos ali pra isso. Quando chegamos na entrada do parque o pessoal que vendeu o ticket perguntou três vezes se não íamos acampar, pois para camping era mais caro. Respondi a primeira vez que não, a segunda vez que não, a terceira vez que não, se perguntassem a quarta vez  com certeza uma força maior dentro de mim ia engrossar a voz, pois estava perdendo a paciência. Estavamos irritados, o Julio mal conseguia apreciar a paisagem, mas logo fomos nos acalmando e realmente a região é bem bonita, são dois lagos grandes com água cor turquesa em meio a montanhas nevadas.

 

Laguna de Llanganuco, em Huaraz

 

Hanna e o Llanganuco

 

Se nos perguntarem se vale a pena o esforço, digo que já vimos lagos mais bonitos e interessantes no Chile com as condições de estradas, mesmo em rípio, bem melhores que essa. E que eles deveriam se preparar um pouco mais para o turismo. Quando achavamos que o pior já havia passado, não estávamos nem perto, a volta foi a pior e mais tensa estrada que pegamos durante toda a viagem. Se a Bolivia tem a estrada da morte, Peru tem a estrada do suicídio. Uma serra que atravessa montanhas de 4000 metros de altitude, com pista para um carro só, com ônibus, caminhões e peruanos loucos dirigindo. Cada curva era um pavor, muitas delas tínhamos que dar a ré para conseguir completá-las, pois eram muito estreitas, ficamos imaginando como um ônibus faria essas curvas, era raro encontrar um lugar onde pudesse passar dois carros, então torciamos para não ter que encontrar nenhum em nosso caminho. Quando isso acontecia, pensávamos: “e agora, impossível dar a ré por aqui”, e nos colocavamos a um centimetro de precipícios de mais de 1000 metros de altura. Sentimos muito medo, mas não tinha mais como retroceder. Finalmente chegamos ao litoral novamente. Esperamos nunca mais ter que passar por situações como essa, esse é um tipo de estrada que deveria ser utilizada como trilha para andarilhos malucos e nada mais. Mas ainda assim se encontra beleza na estrada da morte:

 

Beleza na estrada do suicídio peruana

Caral

Caral, 14 de março de 2012

De volta pra estrada, não foi fácil andar pelo litoral com tantos policiais tentando nos extorquir, alguns aceitavam uma balinha e um sorriso dos simpáticos brasileiros, mas outros queriam “plata”, claro que não damos, sempre tentamos exigir a multa que eles inventam e depois de muita insistência eles acabam desistindo. Estávamos a caminho das ruínas de Caral, simplesmente considerada a civilização mais antiga de toda América.

 

Ruínas ainda em escavação de Caral

 

Passamos por muitas granjas em meio ao deserto do litoral até chegar lá. Muita expectativa, pois as fotos que vimos eram impressionantes. Sabe quando você anda por um local e tenta descobrir de onde tiraram aquela foto que você tanto apreciou? Assim foi em Caral, queríamos ter aquela visão do que realmente apreciamos na propaganda, mas não foi possível, nossa expectativa brochou um pouquinho, mesmo assim foi legal estar ali. A quase 5000 anos atrás eles já possuíam tecnologia sísmica para manter suas pirâmides firmes diante de tantos tremores que a região vive. Em pensar que todas aquelas ruínas a poucos anos atrás eram  dunas que as crianças dos povoados ao redor brincavam, imaginamos quanto ainda tem para se descobrir por aqui.

 

Pirâmides de Caral, já tinham tecnologia anti sismica.

 

Hanna na estrada de 5000 anos de Caral

 

O templo del Anfiteatro de Caral

 

Depois da visita finalmente achamos uma praia para camping, e ficamos na praia apreciando uma enorme revoada de pássaros, acho que foi uma das melhores partes do litoral que apreciamos até o momento, pena que mais uma vez ao redor tinham milhares de granjas. Os frangos são os que mais aproveitam o litoral. Não é qualquer frango que pode viver com vista pro mar, com certeza aqui eles tem uma vida bem mais feliz antes de irem pro KFC!

Lima

Lima, 10 a 14 de março de 2012

 

Peru!

 

Couch Surfing de novo, é sempre bom ser recebido por alguém local que abre as portas de sua casa para nos mostrar um pouco de sua cultura. Quem nos recebeu dessa vez foi Vittorino, um simpático peruano que nos preparou o melhor pisco do Peru. Para quem quiser aprender: duas medidas de pisco, uma de limão, uma de Jarabe, uma clara, bate tudo e deguste essa delicia. anhammmmmmm!

 

Julio e o Pisco!

 

Com Vitto fizemos um roteiro turístico e gastronômico incrível. Ceviche com leite de tigre, lomo saltado, batata huancaina, Tacu Tacu, cremolada, batatas rellena,. Passeamos pelo bairro Miraflores, em suas calçadas a beira-mar, a praça romântica com o casal de namorados, apreciamos pessoas saltando de parapente e passamos por lindas praças com pessoas dançando, feira de antiguidades e artesanatos. Fomos pra balada a beira-mar, o Julio foi barrado por estar de bermuda e chinelo, mas eles conheciam os administradores que liberaram a entrada, nos sentimos VIPs.

 

Ceviche na cevicheria Puro Tumbes

 

Alguma porta gigante!

 

Vitto e Marie com o ceviche, pessoal do CS Lima

 

Que romanticuzinho!

 

Bixinho de estimação

 

O pessoal dançando no meio da praça

 

Feira no centro de Lima

 

Coelhinho em miraflores

 

Artesanato peruano - alta qualidade

 

Vimos o frade pulando do costão, uma longa estória, mas em resumo ele pulou por estar descornado e virou uma lenda, aí então uns loucos começaram a pular do mesmo lugar, onde tem um restaurante chamado “O pulo do frade”, para ganhar dinheiro. Esses loucos se atiram de uns 8 metros de bico no mar com fortes ondas e depois passam a caneca pedindo dinheiro, e não faltam admiradores para contribuir com esta insanidade total. Detalhe, não tem apenas um frade, são vários frades se revezando, com seu estilo próprio de salto e apresentação.

 

Por ai que o frade pulava!

 

Passeamos pelos pontos históricos no centro, conhecemos o museu do Ouro e vimos lindos objetos de ouro utilizados pelo incas, desde adornos para os cabelos, brincos de alargadores, colares, roupas enormes feitas inteirinhas de ouro, entre outros, nao tinhamos entrado ate o momento em nenhum museu que tivesse uma coleção tão grande desses objetos. Da pra entender por que os espanhóis ficaram louquinhos com essas regiões e nem quiseram saber do Brasil. Ainda Bem! Alem desses artefatos, o museu também tem um outro setor com uma gigantesca coleção de armas do mundo todo. Armas que contam muitas historias e passaram por algumas guerras, armas classicas de filmes, armas enviadas por diversos presidentes como presente ao museu, arma de completos desconhecidos, armas que vão desde revólveres, a metralhadoras, facas, adagas, espadas, alem de roupas tradicionais de batalhas utilizadas por diferentes nações ao redor do mundo.

 

Hanna e Vitto na Plaza Mayor

 

Famosos balcões coloniais do centro histórico

 

Palácio do Governo - Lima, Peru

 

Cerro San Cristobal, Lima - Peru

 

Lima é uma cidade moderna com grandes avenidas e diversos centros comerciais gigantescos. A cada esquina se encontra um fast food americano, Burger King, KFC, Starbucks, Mac, Pizza Hut, Dominos, etc., mas também preserva seus restaurantes tradicionais com deliciosos pratos típicos peruanos e seus mercados com pequenas cozinhas com pratos bem baratos. Fomos no clássico bar Cordano, onde comemos Tacu Tacu e papas huancaina. Conhecemos o melhor lomo saltado de Lima no restaurante Hiraki. E visitamos o Bar Queirolo em Pueblo Libre, o bar dos bohêmios.

 

Bar Queirolo, um ar tradicional em Pueblo Livre, Lima

 

Próximo da cidade fomos visitar a região de Callao, um delicioso passeio à beira mar. Em uma região com muitos restaurantes, simpáticas praças, casas coloniais, praias de pedras, mirante, calçadões a beira-mar e uma linda fortaleza.

 

O mirante de Callao, com Hanna e Vitto

 

A bixinha na fortaleza del Real Felipe

 

Julio, Vitto e os guardinhas da fortaleza

 

Ficamos admirando um caranguejo folgado que queria brigar com todos os outros, que fugiam dele, até que ele ficou triste e desistiu.

 

O carangueijo folgado, em Callao

 

Lá comemos no bar Don Giusepe, um deliciosos sanduíches de ova de peixe, pescados e enrolados de caranguejos acompanhados de uma cervejinha. Não estávamos preparados para tomar uma banho de mar mas a água parecia muito agradável, se você for visitar não se esqueça de levar um calçado adequado para andar nas pedrinha, pois descalço é bem difícil, depois de preparado é só aproveitar, não era o nosso caso. Ficamos ali suados de baixo daquele sol fortíssimo invejando um casal se deliciando na praia, um ridículo bombadinho de academia todo depilado passando protetor para cair na água, um grupo de moleques  pulando do pier. Já estávamos a ponto de pular de roupa e tudo, mas a triste consciência dizia, vocês não tem toalha, não vai querer ficar de calcinha e sutiãn na frente de todos, ou de cueca velha, sem contar que depois vai molhar o carro todo. Por que somos assim? Por que? Nossa próxima regra para viagem a beira-mar, sempre levar roupa de banho, toalhas e protetor.

 

Praia de Lima... totalmente cheia!

Paracas

Paracas

A caminho de Lima, passamos por Paracas, uma reserva marinha com exóticas praias. Lindas praias com areia roxas, areias brancas, amarelas, costões e desertos. Como é bom voltar a sentir o cheiro do mar novamente. Dali seguimos para Lima, acompanhados de muito deserto e litoral. Infelizmente o peruano não aprecia o mar. O que mais vimos foram granjas à beira-mar, será que o mar é limpinho com todas essas granjas? Agora sabemos de onde vem todo o frango que os peruanos consomem, e não é pouco. É difícil encontrar uma praia pra ficar e apreciar, de vez em quando passávamos por alguma enseada com praias exclusivas, cheio de pequenas casinhas brancas, com coqueiros e um grande muro que separa esses pequenos paraísos exclusivos do resto da sociedade. E as vezes passávamos por povoados à beira-mar que vivem em suas casa simples sem reboco e muitas vezes de palha, ruas caóticas com milhares de moto taxis e feirantes vendendo sucos e frutas. Em muitos momentos parecia que um tsunami tinha passado pelas praias, isso pela grande quantidade de entulho, como restos de construções, que estavam à beira das avenidas principais. Ficamos na dúvida se realmente tinha sido um tsunami ou era apenas descaso. Nada de camping e nem praias com uma costa onde pudéssemos parar para caminhar e apreciar o mar. Peru ainda tem uma costa bem desvalorizada, enquanto isso o resto do mundo paga milhões por um lote à beira-mar.

Praia de areia vermelha em Paracas

 

O Julio não aguentou e foi molhar os pés

 

Praia das minas, muito linda!

 

Era pra ter uma capela de fundo (natural), mas a neblina não deixou

Nazca

Nazca, 6 a 8 de março de 2012

 

Fizemos uma longa e cansativa viagem até chegar a Nazca, serras e mais serras que pareciam infinitas, curvas e mais curvas, plasil e mais plasil. Chegamos então na cidade da maior duna do mundo e das misteriosas linhas que o tempo não apaga. Mistérios respondidos por muitos, mas que ainda mantém muitas interrogações. Cada um com suas teorias, qual acreditar, não sabemos, preferimos acreditar nas teorias mais lógicas, por que o negocio realmente é muito doido. A parada é loca!

 

O Astronauta, ou o "observador", o único desenho em montanha e está apontando pra cima!?!? - Linhas de Nazca

 

Compramos os tickets, pediram para que não tomássemos o café da manhã antes do vôo, pois muitos passam mal. Um frio na barriga começou a bater, e lá fomos nós, depois de muita espera, embarcamos. Quatro passageiros e dois pilotos, o espaço parecia menor que um fusca. Sempre gosto da sensação de voar. Mas neste pequeno avião nos deu calafrios, a gente se sente mais exposto.

 

Não é carinho de colegas, é que é apertado mesmo!

 

Empolgados com a aventura

 

Tava feliz! Ainda não tinham começado as curvas!

 

A decolagem foi tranquila, assim como o vôo, até chegar nas linhas. Começou a rota, os desenhos são muito perfeitos vistos de cima, baleias, cachorros, macaco, beija-flor, figuras geométricas, árvore… ao total são doze figuras. Que coisa doida, em meio a tanto deserto, estar ali apreciando desenho de animais que vivem tão distante dos desertos. O único problema é que para apreciá-los o avião precisa dar várias voltas, e fica bem inclinado para que possamos apreciar, em um angulo de 45 graus, para a direita depois para esquerda e assim acontece com cada desenho.

 

Saca a curva!!

 

Isso dá uma reviravolta no estômago muito grande, era difícil um turista que não ficasse mal. Eu tomei um remedinho antes do vôo, mas o Julio ficou branco e deixou pra tomar durante. Mesmo com a sensação de mal estar durante as curvas, as imagens eram impressionantes, e a sensação de estar voando por cima delas era incrível, chegamos com cara de bobos. A aterrissagem deu um friozinho na barriga, parecia que o avião era pequeno demais para encostar no chão, a sensação que se tivesse uma pedrinha no caminho ele se destroçaria. Foram 30 minutos de vôo sobre desenhos que vão ficar para sempre em nossa memória, mas com certeza prefiro fazer vôos planos da próxima vez.

 

A baleia de Nazca

 

El perro de Nazca

 

O macaco de Nazca

 

Colibri - Linhas de Nazca

 

The Spider - Nazca Lines

 

O Condor

 

A árvore e o mirador. O mirador era grande, só pra ter noção.

 

As mãos, ou Las Manos de Nazca

 

Depois dessa louca experiência mais uma surpresa, fomos ao cemitério de Chauchilla… um cemitério aberto em meio ao deserto com múmias milenares que ainda preservam suas roupas, cabelos e algumas partes musculares. São dozes tumbas bem conservadas, infelizmente esquecemos da máquina, mas fica uma foto da net para se ter noção de como é este cemitério.

 

Múmias e caveiras no cemitério de Chauchilla. Fonte: http://www.mysteryperu.com

 

Além do cemitério conhecemos também os dutos que os povos pré-incas usavam para manter a água limpa. São espirais de pedras que descem até a passagem de água. Esses dutos milenares foram tão bem feitos que ainda estão em funcionamento. Infelizmente a água limpa, cristalina vai parar em um açude com plantas e pássaros que não parece estar sendo bem aproveitada, mesmo sendo Nazca um grande deserto.

 

Espirais gigantes fontes de água

 

São várias as espirais para chegar no canal de água limpa.

Machu Picchu

Machu Picchu, 4 e 5 de março de 2012

 

Enfim, Machu Picchu!

 

Seguimos então para Águas Calientes, a pequena cidade que fica a poucos minutos da cidade perdida. Assim que o trem desembarca começa o saldão de hospedagens, promoção de todos os tipos. Aconselhamos a conferir os quartos antes de pagarem, não foram poucos os turistas que encontramos reclamando das condições de higiene das hospedagens. Até que tivemos sorte, os lençóis estavam limpos. A cidade vive basicamente do turismo, isso quer dizer que você comerá mal e pagará caro.

Águas Calientes de noite

A região é simplesmente incrível, montanhas íngremes com uma mata tropical de um verde vivo e entrecortadas por dois rios, a força da água era tanta que com certeza não existe um nível para rafting, provavelmente nível mortal, um cenário hipnotizante.

Quer arriscar um rafting?

Para chegar às ruínas pegamos o ônibus mais caro do mundo, custa USD$ 9.00 só de ida e a duração da viagem é de 20 minutos. Esses são detalhes pequenos quando se conhece mais uma grande obra desses incas malucos que gostavam de morro como ninguém, deviam ter as batatas das pernas mais fortes da humanidade. Queriam estar sempre perto do sol. Como é temporada de chuvas, brinquei com um guia que eles procuravam os topos do morros pra ver se passavam as nuvens pra poder ver o sol, pois na cidade do sol o que menos vimos foi o tal.

Hanna no Machu Picchu

Julio e a vista do Machu Picchu

Hanna em meio as ruínas de Machu Picchu

 

Paisagens Avatarianas

 

Huainapicchu coberto pelas nuvens

 

E lá fomos nós no Huainapicchu, subindo escadarias e mais escadarias, passando por pessoas que pareciam que iam ter um ataque cardíaco durante a subida. Fomos ultrapassados por esportistas e por pessoas que pareciam esportistas, mas encalhavam no meio do caminho. Divertíamos-nos incentivando aqueles que queriam desistir. Por alguns momentos fingimos não estar cansados diante daqueles que desciam com sorrisos irônicos e enfim chegamos. Estávamos perto do sol, oops começou a chover. Incas loucos, depois de toda aquela subida, tinham ruínas de casas lá em cima. Vista privilegiada com certeza, pode-se observar toda a cidade lá de cima, os rios e as lindas montanhas verdes que parecem um cenário do Avatar, só faltavam estar flutuando.

Vista de um dos lados do Huainapicchu

Cansado mas satisfeito

Mais uma vez esses andinos conseguem identificar que a cidade se parece ou com um puma ou com um condor, quase tudo na Bolívia e Peru tem essa forma, que claro só eles vêem.

E ai, alguém vê um condor? Ou é um Puma?

Na volta resolvemos economizar um pouco e ir ate Águas Calientes a pé, para baixo todo santo ajuda, assim pudemos apreciar um pouco mais a paisagem, brincamos de Avatar, cantamos, só faltava um pássaro para nos levar nas costas, foi um pouco cansativo, mas tivemos momentos bem divertidos.

Cusco

Cusco, 28 de fevereiro a 3 de março de 2012

A caminho de Cusco passamos por lindos vales com montanhas verdes e rios caudalosos, digno cenário de filme. Chuva e sol nos acompanharam durante todo o caminho que estava tão lindo que queríamos achar um lugar para ficarmos. Encontramos pequenas vilas que pareciam viver paradas no tempo, infelizmente não achamos hospedagens, pelo menos não com garagem. Continuamos nosso trajeto, mas estava começando a anoitecer e resolvemos buscar então um lugar onde pudéssemos acampar. Encontramos um lugar próximo de um muro de pedras, jantamos e dormimos na nossa deliciosa barraca, estávamos com saudades de nossa cama, nossos travesseiros, foi uma noite muito agradável, fazia muito tempo que não dormíamos tão bem. Mas a surpresa veio na manhã seguinte, acordamos em meio a enormes muralhas de pedras, provavelmente construídas pelos incas, ficamos muito emocionados, as ruínas ficavam em meio a um lindo vale. Nunca imaginaríamos passar por isso, ficamos super empolgados.

Camping em meio a ruínas incas

Empolgados com a aventura

Ar fresco da manhã

Gostaram do jardim do nosso acampamento?

Depois deste “up” chegamos a Cusco. Procuramos um camping para ficar na cidade. Apesar das estadias aqui no Peru estarem muito baratas, há momentos que necessitamos ficar em camping, fazer uma fogueirinha, acompanhado de um vinho e violão, porém queríamos garantir um banho quente e um lugar seguro. O GPS nos deu uma direção de um camping em Cuzco, seguimos por uma estrada de chão que começou a ficar cada vez mais estreita e, de repente, nos demos conta que provavelmente não teria camping por ali. Resolvemos retornar para a cidade. Continuamos naquela pequena trilha a procura de um lugar para dar a volta no carro. Achamos um lugar, com pouco espaço, o Julio começou a insistir em dar a volta onde não era possível, fiquei avisando que não dava, mas ele continuou a insistir, pedi então para que ele visse com os próprios olhos onde ele estava tentando dar a volta, foi aí que tivemos um dos maiores sustos da viagem. O pedal de freio soltou e o carro começou a descer a ladeira. O Julio foi muito ninja e conseguiu entrar no carro correndo a tempo de evitar um grande desastre. Provavelmente se ele não tivesse conseguido essa façanha com certeza o carro teria virado em um barranco, nossas pernas ficaram bambas com tanta adrenalina. Mais uma vez a sorte nos acompanha.

E por ai viviam os Incas

Buscamos um hotel fora do centro, pois as ruas eram bem estreitas. Sinceramente, é um saco parar para procurar estadia, pois a maioria não tem garagem e os que têm, possuem algumas estrelinhas a mais que fogem de nosso orçamento. Arriscamos um hotel sem estacionamento, em uma rua sem saída, aparentemente bem tranquila. Apesar de o carro estar estacionado em frente à janela do nosso quarto, não foi o suficiente para intimidar um ousado ladrão. Claro que o alarme tocou e ele saiu correndo como uma lebre saltitante. Bem debaixo de nossos narizes. O pessoal do hotel conseguiu um  local para estacionarmos, onde eles tinham um conhecido que possuía um terreno com um bar que vendia diferentes tipos de bebidas, o dono era fanático pela cachacinha do Brasil e se divertiu tomando uns traguinhos com o Julio. Diferente do boliviano, que é um povo bem fechado e desconfiado, o peruano é bem mais amigável e prestativo. Com certeza para quem vem ao Peru, não vão faltar momentos para agradáveis conversas.

Solzinho em ouro, símbolo de Cusco

A cidade de Cusco realmente nos encantou com suas lindas igrejas de pedra e casas coloniais. A cidade é uma mistura de ruínas incas com a cultura européia. Bonita, mas tentamos imaginar como deveria ser este império antes do domínio europeu. Nos museus é possível ver algumas maquetes para se ter uma noção, mas maquete não tem vida, como seria o comercio, as pessoas, seu dia a dia. Como seria o futuro deles sem a colonização? Como seria Cusco? Não sei se melhor, mas com certeza muito diferente. Para visitar a maioria dos museus e ruínas é possível comprar um ingresso único, com duração de dez dias. Isso fica bem mais em conta e economiza tempo com os tramites de entrada. A visita ao circuito de ruínas é memorável, apesar de todas serem de pedras, são totalmente diferentes uma das outras. Sem contar os vales até chegar às ruínas que são muito lindos.

Plaza de Armas, com as duas igrejas no centro de Cusco

Hanna em uma das várias praças de Cusco

Edifícios coloniais em uma rua movimentada

Vista de cima da catedral

Visitamos as ruínas de Sacsayhuman, com paredões de pedras gigantes meticulosamente encaixadas umas nas outras como um jogo de Tetris. Difícil imaginar a força necessária para fazer este suntuoso trabalho.

Vai encarar levantar uma pedrinha dessas?

Ruínas de Sacsayhuaman - Cusco

Hanna nas ruínas de Sacsayhuaman - Cusco

Em Kenko, tem uma caverna de sacrifícios, uma pedra para adoração e um auditório.

Pedra da adoração, destruída pelos espanhóis.

Depois vem uma ruína que é um forte em meio a montanhas. Ruínas com encanamento de água que ainda funciona, ruínas com escadas de cultivo que modificam montanhas. Ruínas que são círculos em diferentes níveis para tratar de averiguar quais as melhores altitudes dos produtos que queriam cultivar.

Depois de todos esses passeios você já se sente satisfeito e pensa, nossa isso tudo já e demais e ainda tem Machipichu. Em Ollantatambo apreciamos as ultimas ruínas do circuito e ali terminava nosso caminho de carro. Depois só pegando o Trem ou uma longa trilha de vários dias. Existia um caminho de carro que chegava ate Águas Calientes, mas este caminho estava bloqueado por deslizamentos, que sempre ocorrem nesta época do ano que e temporada de chuvas. Claro que fomos de trem.

Tambomachay, ou, banhos dos Incas.

Ruínas de Pisaq

Vales de Pisaq

As privadas Incas, com água sempre corrente!

Rua de Ollantaytambo

Escadarias de cultivo em Ollantaytambo

Templo do Sol nas ruínas de Ollantaytambo

Ao contrário de hoje em dia, naquela época tinham reboco!

Ollantaytambo!

Vaquinhas que tinham nas casas em Ollantaytambo

Ruela inca

Moray - cultivo de batatas em Mara

Puno e Titicaca

Puno, 25 a 27 de fevereiro de 2012

 

Tivemos que pagar uma extorsão na entrada do Peru, pois é obrigatório o seguro contra acidentes, conhecido como SOAT. A policia, é claro, se aproveita da situação, sabem que a próxima cidade para que possamos fazer o seguro fica a uma hora da fronteira e ganham um bom lucro com os turistas. Esses corruptos aproveitam esta brecha burocrática que nos impede de fazer o seguro antes de entrar no país. Mas tudo bem, sabemos que existem policiais corruptos em qualquer lugar e sempre nos dão prejuízos, mas os de fronteira são sempre os piores, queria que os países se preocupassem um pouco mais com suas fronteiras, pois esta é a porta de entrada do turista e com uma entrada assim fica uma péssima impressão.

 

Existe uma lei ridícula no Peru que dá a oportunidade de pagar impostos mais baixos caso sua casa esteja inacabada, resultado: ninguém termina suas casas, o que deixa a maioria das cidades horríveis. Casas de tijolo sem reboco com ferros saindo para todos os lados. Puno, nossa primeira cidade do roteiro, não é diferente. A cidade tem uma linda Plaza de Armas, mas é só, o resto é tudo inacabado. Mas isso são detalhes, estamos adorando o povo peruano, que se mostraram muito simpáticos, extrovertidos e sabem atender muito bem ao turista. Ficamos impressionados com a comida, muito deliciosa e os artesanatos de altíssima qualidade. Isso que nem começamos os passeios turísticos.

 

Fomos conhecer as ilhas flutuantes de Uros e ilha de Taquile. Começa pelo barco, depois da Bolívia o que viesse era lucro, e saímos no lucro mesmo, barcos bem estruturados, com banheiro, guias simpáticos, bancos com encosto e o principal, tinha motor de verdade. Assim que chegamos nas ilhas flutuantes, ficamos impressionados. Ilhas de palha, com lindas Cholas de roupas coloridas nos recebendo com sorrisos tão simpáticos que dá vontade de abraçar.  Dá pra sentir o chão fofo da palha, elas andam descalças sobre essas pequenas ilhas, que há muitos anos serviu de refúgio e hoje é um atrativo turístico e histórico incrível. Lá você vai conhecer a forma como as ilhas são construídas e como vivem as famílias, o que produzem, comem, conhecer suas casas, artesanatos. Não parece ser fácil, conviver com tanta umidade, pouco acesso a comida, mesmo assim eles pareciam felizes. Passeamos um tempo nos barcos típicos de palha, ouvindo as crianças cantarem e entreterem os turistas com suas vozes delicadas. É um passeio mais que agradável, inspirador.

 

Uma das ilhas flutuantes de Uros

 

Crianças aymaras a bordo do barco de totora.

 

Busão das ilhas de Uros

 

Rita, a cozinheira de uma das ilhas.

 

Artesanato da ilha

 

Entrada de uma das ilhas de Uros

 

Cholinha e seu mascote

 

Ilhas flutuantes de Uros, feitas de palha (totora)

 

Adiós simpático dos aymaras de uma das ilhas de Uros, no lago Titicaca

 

A ilha de Taquile também nos surpreendeu muito, por sua história e artesanato. As pessoas que vivem lá comem apenas peixe, saladas e vegetais e têm uma expectativa de vida de 90 anos, imagina isso?! O mais interessante é que suas vestes os identificam como situação civil e autoridades. Em Puno vimos alguns velhinhos e homens com gorros bem coloridos e sempre pensava que divertido, mas um pouco afeminado, descobri que esses gorros eram para identificar as autoridades da ilha. Os homens que usam gorro metade vermelho, metade branca são os solteiros, os que usam gorro todo vermelho são casados e todos usavam com orgulho. As mulheres tinham um manto preto com pompons. Pompons pequenos eram as casadas e grandes para as solteiras. As mulheres são tímidas e os homens nem tanto. A UNESCO considera que esta ilha possui os melhores artesanatos têxteis do mundo, não sei se são os melhores, mas a qualidade de seus trabalhos era realmente muito boa. Claro que não poderia faltar uma sopinha de quinua e um peixe para almoço para fechar esse delicioso passeio com chave de ouro.

 

Quechuas subindo os morros da ilha de Taquile... dale pernas fortes!

 

Moleques quechuas brincando na Plaza de Taquile, notem os gorrinhos

 

Um dos "otoridades" da ilha... sacaram o gorrinho mesmo escondido?

 

Hanna e a criançada quechua na ilha de Taquile, lago Titicaca

 

Mais ainda pra finalizar o dia, comemos na Plaza de Armas com uma bela vista para a apresentação do carnaval, pena não levarmos a máquina para tirar fotos dos diversos casais que estavam dançando em sincronia em torno da praça um evento que pudemos apreciar de camarote.