Belém

Belém, 13 a 16 de junho de 2012

 

Resolvemos ir a Belém de avião, que leva em torno de 3 horas, porém existem barcos que fazem esse transporte, que levam em torno de 7 a 10 dias e que custam o mesmo valor da passagem aérea. Este, porém, é um passeio para pessoas tranquilas, caseiras, que conseguem ficar dias em um espaço limitado, a idéia deste passeio me dava calafrios, não consigo ficar um dia inteiro dentro de casa, imagina 10 dentro de um barco, eu acho que ia me jogar com as piranhas. Despachamos nosso carro por uma transportadora em direção a Belém. Existem muitas empresas que fazem esse transporte, porém existem muitas pessoas que vão te alertar com relação a esse transporte, não são raras as histórias de carros que nunca chegam, ou então são mexidos no meio do caminho, tem seus estepes roubados, estão arranhados, mechem na sua bagagem, ouvimos historias até de balsas que encalharam e para salvar a balsa derrubaram todos os carros no rio, está pior que história de pescador. Depois de muita procura encontramos uma transportadora séria, que coloca o carro em uma cegonheira, tem seguro, site, nota fiscal e só cobra quando você recebe o carro, e o mais importante, cobrou o mesmo valor que transportadoras um tanto quanto suspeitas. Para quem tiver interesse de fazer essa travessia indicamos a transportadora Goiás, a viagem leva em torno de sete dias e eles realmente são muito profissionais.

A cidade de Belém tem seu charme e problemas como outras cidades do Brasil, cheiro de esgoto e muito, muito lixo. E não é por falta de coleta, é o povo que não tem consciência mesmo.

Desfocando dos defeitos, sua culinária tradicional é incrível, não deixe de provar o pato no tucupi, um caldo feito com a raiz da mandioca brava, que dá uma certa dormência na língua e é saborosíssimo, também fazem frango no tucupi, peixe no tucupi, porco no tucupi e até tucupi com camarões secos (Tacaca), mas o pato é o prato imperdível. Outra comida clássica da cidade é a maniçoba, é preparado com a folha da macaxeira, cozido por vários dias, alguns lugares por ate 10 dias, acredita? Esse preparo tem que ser muito cauteloso, pois se não está devidamente cozido, torna-se um prato tóxico. São acrescentados a este prato diversas carnes e temperos como se faz na feijoada. A aparência é de bosta de cavalo, bem verdinha, molinha e quentinha, mas não se engane, o sabor é delicioso. Hoje vejo uma bosta de cavalo e penso na maniçoba. Sabe quando você prova algo que você nunca mais encontra e ninguém sabe o que é? Foi em Belém que experimentei pupunha, um tipo de um coquinho que se cozinha e parece uma batatinha com sabor de milho, uma delicia que quero ter a oportunidade de encontrar novamente, alguém conhece?

Pato no tucupi! Uma das iguarias do norte.

O centro, conhecido como cidade velha, tem vários edifícios históricos com azulejos de estilo português e está dominada por mangueiras que em época de frutos aterrorizam os carros e pedestres, mas são elas que dão as agradáveis sombras nas praças e avenidas da cidade, se não cair uma manga na sua cabeça você terá a sorte de provar essas deliciosas frutas direto do pé e bem docinhas, nada como um lanchinho de graça. Importante ter em mãos um guarda chuva, pois a chuva é diária, dizem que existe em Belém a estação de chuva e a estação de mais chuva. O bom é que nos dias que estivemos por lá a chuva era pontual, as 16:00 ela começava, então tínhamos até esse horário para curtir tranquilos. O bom da chuva é que dá uma refrescada na cidade que é muito quente. Vale uma vista na casa das onze janelas, um casarão de um rico senhor de engenho construiu no século XVIII e hoje pertence ao governo do estado, foi revitalizado para receber eventos culturais e exposições, tem também um restaurante elitizado que obvio não fomos. Próximo dali tem um barco da Marinha Brasileira que está desativado e é um museu para visitação. Tem também o Forte do Castelo que abriga um museu que conta a historia de Belém e da colonização portuguesa.

 

Hanna pronta para explodir mais uma civilização

 

Julio no forte

 

Um dos passeios que mais gostamos foi o Museu Paraense Emilio Goeldi, um parque agradável com varias trilhas em meio a natureza, laguinhos com vitórias regias, árvores enormes e zoo bem cuidado.

 

Talalugas no parque Emilio Goeldi

 

Vitória régia no parque Emilio Goeldi

 

A rainha das plantas!

 

Encontramos Yggdrasil, no meio de Belém!

 

Um passeio delicioso pela cidade é a estação as docas, uma área portuária que foi revitalizada e transformada em pólo gastronômico e cultural. Os preços são caros, mas vale uma visita, é um ótimo local para curtir o entardecer. Lá tem varias lojinhas de artesanato local, cosméticos e chocolates típicos da Amazônia e também a cervejaria Amazon Beer, produzida no próprio bar dentro das docas, barris gigantes de dar brilho nos olhos de quem gosta.

 

Hanna na frente das docas em Belém do Pará

 

Choppzinho, alguém tá afim?

 

Adoramos mercados públicos, sentir o cheiro da diversidade e experimentar frutos diferentes. Eu sou uma pessoa que adoro até o cheiro de peixe fresco, me divirto limpando, brincando com as entranhas, verificando os dentinhos, as guelras, enfim estávamos ansiosos para conhecer o mercado ver-o-peso, um dos mercados mais famosos do Brasil. Infelizmente o mercado fede muito pela grande quantidade de lixos orgânicos e peixes podres, nós não fomos nem o primeiro nem o último turista que não conseguiu ficar por lá apreciando por causa do mau cheiro. Muitos dos turistas que conversamos tiveram o mesmo asco, menos mal pra nossa cara, mas muito feio para a cidade. Este merece um banho de água sanitária.

 

Lugar mais sujo que passamos na viagem, ao lado do mercado Ver-o-Peso.

 

Mercado Ver-o-Peso, construção inglesa em estrutura de ferro.

 

Não podíamos também deixar de conhecer o maravilhoso Teatro da Paz com estilo neo-gótico e aproveitamos para assistir uma Orquestra Sinfônica montada especialmente para o Festival Internacional de Música, com músicos convidados de diversos países e duas sopranos maravilhosas. A entrada era gratuita e ficamos sempre muito felizes com inclusão cultural para todos, parabéns aos incentivadores.