Mostardas

Mostardas, 26 a 30 de agosto de 2011.

Passamos em um mercado para fazer um rancho de sobrevivência e seguir para Mostardas. Sabíamos que ficaríamos bem isolados, em uma pequena vila de pescadores. O cenário do caminho combinou perfeitamente com a trilha sonora: “Into the wild”, do filme “Na natureza selvagem”, feita pelo Eddie Vedder. A caminho da cidade, demos carona para algumas pessoas. Imaginem que o ônibus passava apenas duas vezes ao dia. A famosa estrada do inferno está asfaltada, claro que com algumas pequenas crateras no meio, que acreditamos estarem em manutenção… ou assim esperamos.

A estrada da cidade de Mostardas até a praia está em constante modificação, por ser região de dunas, ela está sempre mudando de lugar. Quando chegar na praia, muito cuidado no caminho, pois podem ter leões marinhos, pescadores, cordas de redes, pinguins e vários pássaros lindos. Seguimos por praia em direção à Praia Nova, que é caminho para o farol de Mostardas, onde fica nossa hospedagem. No caminho víamos areia e mar e eis que finalmente avistamos o farol, que é muito bonito, por sinal. A vila de pescadores era realmente bem pequena. Ficamos instalados na casa do Pilotto, amigo do pai da Hanna. Os vizinhos apareceram na porta para saber se estava tudo certo e se precisássemos de algo, poderíamos contar com eles.

 

Vila de pescadores do Farol de Mostardas

 

Na manhã seguinte, recebemos a visita esperada do Rogério (Zezo – pai da Hanna) e a surpresa, o Jerônimo (Tio Jê – tio da Hanna). Foi só alegria. Aproveitamos a manhã para subir no farol. Ele foi construído em 1940. Quem conserva o farol é o pessoal da marinha, que tem que ficar por lá por 3 meses.  Os arredores do farol é reserva ambiental e de cima dá pra ver bem a Lagoa do Peixe, as dunas, a vila, o mar e acabou.

 

Julio, Je e Zezo

 

 

Farol de Mostardas

 

Fizemos um churrasquinho e milagrosamente a fraldinha estava mais gostosa que a picanha. De tarde um soninho e de noite um peixinho com camarão. Vida difícil! Muito bate papo, e pufff… acaba a energia começa uma ventania fortíssima e no meio da madruga ataca uma forte tempestade com muitos raios.  Na manhã seguinte só calmaria. Fomos então passear nas dunas. Tínhamos até os “lençóis mostardenses”. Tentamos ir até a Lagoa dos Peixes, mas a chuva começou a ameaçar.

 

"Lençóis Mostardenses"

 

De tarde, a despedida. É sempre triste, mas necessário. Foi ótimo revê-los, porém nos demos conta que o próximo contato com algum conhecido será somente em Buenos Aires em meados de outubro.

Novamente sozinhos, fomos caminhar na praia, brincar com os pássaros, ver conchas, fizemos uma paradinha para conversar com os vizinhos, provocar a cachorrada. Achamos que tem mais cachorro do que moradores na vila.

 

Companhia dos pescadores

 

Posando pra foto

 

No dia seguinte fomos novamente à Lagoa do Peixe, mas por outro caminho. Muito assustador com vários bancos de areia movediça. A Hanna ficou desesperada, pois afundou duas vezes o pé muito rapidamente… ainda bem que estávamos perto de um banco de areia para sair dali. A natureza ao mesmo tempo é bela e traiçoeira. Resolvemos seguir a volta pela trilha que os habitantes locais fazem, muito mais seguro e relaxar com o por do Sol.

 

Pôr de sol com "rabo" de cavalo

 

Infelizmente nos decepcionamos com o desleixo dos moradores da região com a enorme quantidade de lixo espalhado ao redor das casas e no córregos. Recolhemos alguma coisa, mas nada que fizesse muita diferença.

Em Mostardas, fomos ao atelier de um artesão conhecido na região por pintar e esculpir os pássaros que migram para a Lagoa dos Peixes, que, muito desconhecida pela população brasileira, é um dos maiores locais de migração de pássaros das Américas. O Eloir é uma pessoal muito agradável e simpática, além de talentoso. É conhecedor das aves da região e, com uma grande paixão pelo que faz, consegue transpor para suas esculturas, em madeira, a vivacidade dos pássaros que observa. Vale muito a pena dar uma passadinha no atelier dele, para uma conversa e apreciar suas obras. Para quem tiver interesse, ele atende pedidos por e-mail : eloir.artesao.mostardas@hotmail.com

 

"Papagaio" do Eloir

 

Pássaros do Eloir