Parque das Sete Cidades

Parque das 7 cidades

 

Como é bom estar novamente na companhia da família e dessa vez na estrada juntos. O Parque das Sete Cidades é um passeio realmente incrível. Logo na chegada nos deparamos com um lindo tucano de olhos azuis que estava andando livremente pelo parque, os guias disseram que ele estava em recuperação, ele deixava que chegássemos bem próximos, e para ficarmos ainda mais animados, duas iguanas lindas estavam em uma árvore ao lado do simpático tucano. Para a visitação do parque é necessário ter um guia, o nosso guia era o Moisés. O parque é uma região que tem algumas inscrições rupestres, mas o que realmente chama a atenção é a formação geológica, são rochas com formatos tão diferentes que fazem a imaginação se divertir, você pode ver desde o mapa do Brasil até o da América do Sul, pedras que lembram um tatu gigante, e o que mais a tua imaginação permitir. Pra finalizar o passeio, fomos a um mirante curtir o pôr do sol onde é possível apreciar todo o parque de cima e na volta para deixar o guia e nos deparamos com um jabuti enorme, devia ter uns 40 kg. Saímos dali e fomos para a cidade de Tianguá, já havia comentado sobre as padarias do nordeste com os meninos e nessa noite demos sorte da padaria desta pequena cidade ter de tudo, desde buffet de janta até buffet de lanche colonial com pães, bolos e sanduíches… nos fartamos.

 

Tucano logo na entrada do parque

 

Julio, João e Ricardo numa das muitas cavernas com inscrições

 

Olha como não se deve beber no parque!

 

Julio, Hanna, João e Wood na pedra do tatu.

 

 

Wood, João e Julio na pedra do mapa do Brasil, deixamos de fora o sul

 

Por do sol no Parque das Sete Cidades

 

Hanna e o jabuti

 

 

Teresina

Teresina

Chegamos em Teresina e nos surpreendemos com a estrutura da cidade. Fomos direto ao encontro de Lourdes, nossa anfitriã em Teresina através do CouchSurfing. Ela é uma jornalista dedicada que vive com Leo, estudante de medicina. Nunca convivemos com pessoas que estudassem tanto, era o dia inteiro no trabalho e noite e madrugada estudando. Parabéns pela dedicação. A Lourdes é uma pessoa agradável, inteligente, atualizada, o que tornam as conversas por esse período que tivemos juntos muito boas e por isso o tempo que passamos com ela passava muito rápido. Na primeira noite a mãe do Leo, tabém chamada de Lourdes, estava por lá e preparou uma janta deliciosa para todos.

Na manhã seguinte, a Lourdes preparou um roteiro de passeio bem legal por Teresina, a mãe do Leo também nos acompanhou. Fomos no encontro das águas dos rios Parnaíba e Poti, do outro lado dos rios é o Maranhão, dá pra ver claramente a diferença de coloração dos rios. Próximo dali, visitamos uma rua cheia de lojas e ateliers de artesanato, sendo o foco principal a cerâmica. Além de visitar as lojas, podemos observar os escultores trabalharem nas peças. Rodamos um pouco pela cidade, ficamos impressionados com a estrutura da cidade como um todo. O trânsito é tranquilo, a cidade é arborizada, limpa e organizada, não se vê pobreza nem violência.

O encontro dos rios com dona Lurdes, Lourdes e Julio

Artesão trabalhando

Artesões trabalhando

Fomos também à torre da ponte, de onde se vê toda a cidade de cima. A mãe do Leo ficou bem quietinha e logo depois percebemos que ela morria de medo de altura! Mas se segurou firme e forte! A vista de lá é muito bonita e a mata ciliar do rio que corta a cidade é bem preservada.

Vista da ponte #1

Vista da ponte #2

julioehanna.com na ponte de Teresina

Saímos à noite para curtirmos um barzinho de rock com Lourdes, o que era para ser uma saída tradicional se tornou algo bem diferente para nós! É difícil encontrar um ambiente noturno de rock com pessoas bebendo moderadamente e quase sem fumantes. Parecia um ambiente quase que familiar. Outra coisa que nos surpreende foi que estava quente e mesmo assim boa parte das pessoas usava calça jeans, inclusive as mulheres. Foi uma noite bem agradável e que curtimos muito.

A nossa anfitriã nos convidou para um almoço na casa de sua família, que fica um pouco distante do centro da cidade. Foi a primeira vez que conseguimos tirar o Leo de casa, pois ele não largava dos livros. A casa onde Lourdes viveu é realmente um encanto. É um sítio, com terreno enorme e diversas árvores frutíferas. Experimentamos vários tipos de coquinhos que nem lembramos os nomes todos para citá-los. Aquele tipo de casa familiar que sempre cabe mais um intruso, mas nesse caso acho que tinha pelo menos uns 5. Fomos muito bem recebidos e melhor ainda, muito bem alimentados em panelas grandes com comida feita no fogão à lenha! E ainda, para completar o passeio, próximo dali, fomos todos tomar um delicioso banho de rio.

A Hanna só de bituca na comida!

A família da Lourdes e o Leo ali no cantinho

No último dia teríamos o prazer de mais uma visita familiar, o Ricardo, irmão do Julio e nosso grande amigo João. Fomos buscá-los no aeroporto, então saímos todos juntos (menos o Leo que ficou nos livros) ao Dogão, um restaurante de fast-food com variações nordestinas para o que a gente já conhece, porém com uns molhinhos muito especiais.

No dia seguinte, nos despedimos de Lourdes e Leo, e seguimos com os rapazes para o Parque das Sete Cidades.

Serra da Capivara

Serra da Capivara

 

 

Já estávamos surpresos com o Piauí, que apesar da fama dado pelos guias de turismo que citam como sendo o estado mais pobre do Brasil, se mostrou um estado bonito e bem estruturado. Cruzamos o estado e não vimos nada que pudesse retratar extrema pobreza e ficamos felizes por passar por diversas cidades com uma população muito trabalhadora. No caminho paramos para conhecer a cachaçaria Lira, sua produção é feita em um lindo sítio com várias árvores frutíferas. O processo na elaboração da cachaça é um exemplo de sustentabilidade. A água que move o moinho é bombeada por um sistema de pressão feito com uma garrafa pet. Um exemplo de que com atitudes inteligentes se pode aproveitar bem os recursos sem necessitar agredir fortemente o meio ambiente, mas o melhor de tudo é o sabor da cachaça, que recomendamos.

 

 

O passeio pelo parque da Serra tem que ser feito com guia e o valor é de R$70 pelo dia, por isso vale a pena acordar cedo e aproveitar bem enquanto é claro, pois tem muita coisa pra conhecer. O parque é incrível, esta época do ano as árvores começam a secar e vira um festival de cores de folhas marrons, avermelhadas, amareladas, esbranquiçadas, que dão um charme todo especial em meio às grutas, cânions e montanhas da serra.

 

 

 

Conhecemos os principais sítios arqueológicos, que são mais de 700, que contém inscrições rupestres de mais de 8 mil anos que deixam mensagens intrigantes e fazem a imaginação fantasiar milhões de hipóteses. São desenhos geométricos, cenas de sexo, parto, caça, rituais e até cena de beijo, muito romântico.

 

 

 

 

 

 

A estrutura do parque é excelente, acho que um dos parques mais legais que já visitamos. O parque tem muitos mocós, um tipo de roedor que se alimenta de casca de árvores e estão por todos os lados, uma gracinha de ver, seu xixi é oleoso, deixando rastros visíveis por onde passam. Eles costumam ficar imóveis quando passamos para parecerem camuflados. Suas fezes parecem uma resina e são muito educados, costumam acumular tudo em um “banheiro”, quando secam, ficam sólidas e duras, parece a semente de uma árvore, então se ver uma dessas sementes escuras, lembre-se que pode ser cocô de mocó, não é pra comer!

 

 

É possível ver diversos tipos de pássaros, cobras, sapos, aranhas e por sorte pudemos apreciar todos esses animais. Se tiver muita sorte talvez aviste uma onça, coisa que quem trabalha sozinho na manutenção do parque tem receio, pois ali é o habitat que varias onças e pumas, por isso ninguém dispensa um facão na mão para se garantir.

 

 

 

 

Existem várias trilhas para se apreciar o visual do parque, vale uma parada na pedra furada para apreciar mais uma escultura do senhor vento.

 

 

O parque também tem diversos macacos onde pesquisadores avaliam o comportamento social, por conviverem diariamente com observadores eles nem se importam com nossa presença.

 

 

 

Não deixe de olhar para os paredões da Serra e apreciar árvores no topo que tem suas raízes que descem até alcançar o chão, é a gameleira.

 

 

Estivemos também em uma caverna que foram encontrados fósseis de dinossauros, mas o divertido mesmo é procurar por aranhas, que mais parecem algum crustáceo esquisito, nas paredes. Elas ficam gigantes, com perninhas bem fininhas e compridas e possuem antenas enormes.

 

 

Outra parada pra se fazer na região é o Museu do Homem Americano, que possui um resumo explicativo do processo arqueológico e um pouco do que foi encontrado. Próximo dali tem o laboratório onde são identificados, estudados e catalogados todos os fósseis e artefatos arqueológicos encontrados no parque.

Parnaíba

Parnaíba

E no caminho para chegar lá:

 

 

 

Nos surpreendemos com a estrutura da cidade, ruas largas, avenida bem estruturada com diversos quiosques, uma cidade tranquila e com um centro colonial muito bonito com diversas casas coloridas, com muito artesanato e barzinhos que ficam bem animados com som ao vivo no fim do dia. À noite a cidade tem vida, as pessoas vão aos barzinhos, passeiam pelo calçadão e curtem a cidade.

 

 

 

 

O centro tem um mercado público de frutas e verduras muito bem estruturado, carnes frescas inclusive patos, porcos e frangos vivos prontos para o abate. Mas a surpresa mesmo veio durante a noite quando passamos pelo mercado, os vendedores haviam ido embora, mas deixavam todos os produtos ali no mercado que era aberto, seguros de que tudo estaria em ordem no outro dia, não esperávamos encontrar isso pelo Brasil, que bom saber que ainda existe. Melancias expostas nas calçadas esperando sozinha para serem vendidas no outro dia sem medo de serem raptadas por algum mal intencionado.

 

 

 

 

Outro lugar que também nos deixou surpresos foi a praia de Luis Correia com um mar cor turquesa, água quentinha, larga extensão de areia e boa estrutura para banhistas, estacionamento, calçadão com bares e diversos banheiros públicos com chuveirões, coisa que nós em Florianópolis desconhecemos, esse tipo de estrutura não existe em nenhuma praia de nossa ilha.

 

 

Na volta de Luis Correia tem um laguinho bem gostoso pra tomar um banho e curtir uma refeição.

 

 

No centro de Parnaíba encontramos um grupo de paulistas que também estão se aventurando de carro, eles estarão viajando por um ano e vão fazer a rota do Ushuaia até o Alaska, quem tiver interesse em conhecer um pouco desses aventureiros segue o site: http://www.4×1.com.br é muito bom encontrar, mesmo que por pouco tempo, pessoas com a mesma filosofia de vida.

Outra praia para se apreciar na região é a Praia do Sal, uma estrutura rústica, com alguns barzinhos. O farol divide a praia, de um lado o mar é tranquilo e vários barcos descem e sobem com a baixa e cheia da maré. Do outro lado praia com ondas, uma faixa de areia muito boa para caminhada, mas um detalhe bem diferente, apesar de não haver casas pela costa, existem diversos geradores de energia eólica.

 

 

 

 

Mas o passeio que realmente atraí os turistas é o Delta do Parnaíba, um passeio de barco que percorre todo o delta, mas que tem um preço um pouco salgado, por isso resolvemos conhecer fazer o passeio através de um plano alternativo e muito eficaz. Pegar o barco que a população local utiliza como transporte e conhecer uma das vilas de alguma ilha da região. Segundo os barqueiros, existiam vários barcos que vão e voltam da vila diariamente. Lá fomos nós a 15 km por hora, junto com os moradores do vilarejo, apreciando a paisagem do mangue, trocando sorrisos, vendo crianças durante a viagem caírem no sono no colo de suas mães, barcos de pesca em busca de seu ganha pão, e turistas passando em lanchas velozes que custam um fortuna. Infelizmente, quando chegamos, o barqueiro informou que não haveria mais barcos para retornar naquele dia, ficamos chateados, pois a informação quando pegamos o barco era bem diferente. Gentilmente, uma senhora que vivia na ilha ofereceu para ficarmos na sua casa caso não conseguíssemos barco, às vezes um “não” acontece para mostrar a humanidade que existe nas pessoas. E o desespero de ficar sem barco também nos proporcionou mais uma surpresa, foi pedindo informação para uma família de franceses que conhecemos pessoas super queridas e acabamos almoçando juntos e trocando um pouco de conhecimento. Por fim tudo terminou bem, conseguimos o barco para voltar, tivemos um dia agradável e ainda na saída a água do mar invadiu o mangue e, de doce de leite, ficou azulada tornando a paisagem ainda mais exuberante.