Apicum Açu

Apicum Açu – Reentrâncias Maranhenses

 

Em busca de uma das regiões mais úmidas do mundo, seguimos em direção das reentrâncias maranhenses. Estas, formadas por extensas áreas de mangue com diversas aves aquáticas, sendo que possui um grande número de Guarás Vermelhos, ainda abriga tartarugas, peixes bois e crustáceos. Segundo os guias, o ponto para se conhecer esta região é a cidade de Cururupu, porém ao chegarmos lá, descobrimos que o ideal era ir até Apicum Açu, pois a estrada estava “ótima”. Quando consideramos um asfalto de má qualidade, brincamos que é um asfalto de “dois dedinhos”, foi quando então retiramos um pedaço do asfalto com a mão com facilidade e adivinhem… a espessura era de “um dedinho”. Asfalto novo, cheio de buracos, mais buracos mesmo, daqueles de engolir um carro. O Maranhão teve a pior estrada da viagem. Mais uma prova de que coronelismo não dá certo.

No caminho passamos por Bacuri, uma cidadezinha simpática onde descobrimos uma lanchonete deliciosa. Comemos várias coxinhas e tomamos o famoso guaraná Jesus, tão doce que parece chiclete de tuti-fruti e também provamos o suco de Bacuri, delicioso.  Quando chegamos em Apicum-Açu, fomos atrás do barqueiro responsável por fazer os passeios na região, ele não estava por lá e teríamos que aguardar o próximo dia para contactar-lo. O passeio que nos aconselharam a fazer era até a ilha de Lençóis, uma ilha de dunas com lagoas, muito parecida com a região dos lençóis maranhenses. A cidade era um pouco assustadora, as casas próximas ao porto ficavam em meio ao mangue, onde as pessoas jogavam o lixo pela janela e existiam banheiros igual à cena do filme “Quem quer ser um milionário”, lembra aquela parte que ele cai na merda? Igualzinho. Foi ai que decidimos tomar um banho… mas não ali, hehe, fomos na estação de combustível e resolvemos acampar no terreno da delegacia da cidade.

 

Essa é a paisagem do caminho!!

 

No dia seguinte encontramos um casal que também queria fazer o passeio e fomos em busca do barqueiro, ele nos informou que naquele dia não haveria saída e o custo do frete seria de R$500,00. Sem condições de pagar este valor optamos por um passeio alternativo, decidimos ir até a ilha da baleia com outra embarcação para passar o dia, foi aí que conhecemos um grupo de pescadores divertidíssimos, no caminho avistamos diversos guarás vermelhos e apreciamos o manguezal.

 

Guarás vermelhos fazendo um soninho depois do almoço

 

 

Pra pescar é fácil, quero ver fazer um churrasco!

 

Os barcos vão até essa ilha para aguardar a baixa e cheia da maré e aproveitam para fazer o almoço. Lá existe uma pequena vila com casas de palha em palafitas, uma comunidade muito pobre que vive da pesca de peixes e camarões.  Não existe nenhum comércio, bar ou restaurante. Os barcos ficam ali esperando a maré baixar até que a água desaparece por completo o mar vira terra, milhares de caranguejos emergem e guarás vermelhos aparecem um busca de comida. Os pescadores nos prepararam um delicioso peixe, mas eles comeram frango, foi durante o almoço que vimos eles agradecerem a Deus pela comida e pedir que suas famílias também tivesse em casa a mesma fartura. Ao redor dos barcos ficam uma dúzia de cachorros magros e famintos em busca de migalhas que todos os barcos fazem questão de deixar pra eles. Brincamos com o cozinheiro que logo apelidamos de Maria, enquanto a maré não sobe, eles aproveitam para organizar as redes, limpar o casco dos barcos e jogar muita conversa fora. Para voltar pegamos um outro barco e ao tentar pagar pela viagem e o almoço, descobrimos mais uma vez que existem pessoas realmente boas nesse mundo, eles não aceitaram e com muita insistência conseguimos deixar um troco para que eles pudessem pagar a cachaça da festa junina. É surpreendente ver pessoas que tem muito pouco compartilharem o que tem. Esses são ensinamentos que não se aprende na escola!

 

 

Os cachorros esperando a comidinha

 

A galera do barco! O dono do barco, Deco, a Maria (Claudio), o Joelinton e o Carlos.

 

Os pássaros apreciando a maré baixa e comendo até explodirem

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: