Bento Gonçalves, 12 a 14 de agosto de 2011.
O atendente da loja onde havia o estande de tiros nos indicou para ir a Bento pelos Caminhos de Pedra. Trata-se de uma região de descendentes de italianos que construiram suas casas apenas com pedras encontradas nos arredores. É um vale pequeno onde os moradores produzem vários produtos artesanais da cultura italiana e regionais, preservando os ensinamentos de seus ancestrais. Neste caminho, encontram-se produtores de erva-mate, vinhos, sucos, tecelagem, molhos, farinhas e por ai vai. Inclusive em uma das casas foi realizada as filmagens do filme “O Quatrilho”. Este roteiro possui forte incentivo, tanto da população local quanto da prefeitura, sendo que tudo é muito bem sinalizado e os produtos são de boa qualidade. Além disso você vai ter uma explicação detalhada de como é feita a produção e terá a chance de degustar os produtos antes de comprar… ou só pra fazer uma boquinha livre mesmo.
Procuramos por um camping na região, pois estavamos loucos para estreiar nossa barraca. Para nossa sorte acabamos ficando no local onde foram gravadas as cenas do filme “Saneamento Básico”. Lembra do morrinho que desce o monstro da fossa? Ou a cascata da Camila Pitanga? Pois é, acampamos por ali… chama-se Moinho Bertarello.
Em Bento Gonçalves fizemos o passeio de Maria Fumaça. O ingresso dá direito a degustação de vinhos e sucos locais e também a apresentação da epopéia italiana. O trem, movido à vapor, mantém as caracteristicas originais da época. Durante o passeio ele mantém a velocidade de 20 a 30 km por hora, super trem bala. O passeio dura em torno de uma hora e meia e passa por Garibaldi e termina em Carlos Barbosa. O caminho do percurso não é muito atraente e o divertido é ver os moradores acenando para o trem como se fosse a primeira vez. O retorno é feito via busão. Durante o passeio são feitas apresentações de teatro, música e dança italianas e gaúchas.
Ouvimos a música “America, america, america” pelo menos 4 vezes durante a viagem. Na chegada fomos então ao parque temático da epopéia italiana que conta a história verídica de um casal do norte da Itália que fez a saga da colonização brasileira. São diversos cenários que apresentam cada fase, desde a vida deles na Itália, a vinda ao brasil e as falsas promessas dos governos brasileiro e italiano. No fim, mais degustação de guloseimas, sucos e vinhos.
À caminho de casa, depois de alguns dias de sanduíches, estavamos ansiosos para comer CARNE, mas não qualquer carne, queriamos um “ojo de bife” (Ribeye Stake), muito conhecido como filé de costela. Fomos ao mercado e o moço das carnes nos deu contra filé com osso dizendo que era a mesma coisa. Caímos no golpe, mas até que estava gostoso. Fizemos o churrasquinho à noite na nossa super mini churrasqueira grill tabajara. Ela também nos deu um golpe, e assou a carne mais rápido do que poderíamos imaginar.
Passamos nossa primeira noite chuvosa com nossa barraca. Ficamos muito contentes com o desempenho. Mesmo assim, a coragem pra desarmar e fechar no outro dia não apareceu. Decidimos então que domingo seria o dia da preguiça. Este foi o dia mais econômico da viagem, calculamos um custo de R$ 30,00 e isso inclui comida e estadia… pra deixar até mendigo com inveja. Aproveitamos para estudar espanhol, jogar carta com a dona do camping, escrever o blog, jogar PSP e …
Seguimos na manhã seguinte para o vale dos vinhedos. Visitamos a vinícola Miolo. A entrada de R$ 10,00 valeu cada centavo. Aprendemos um pouco mais sobre as uvas e os vinhos, conhecemos um pouco do processo de produção, e sentimos de perto o cheiro daqueles deliciosos barris de carvalho. Por fim você ainda se delicia com um breve curso de degustação… deu vontade de repetir o roteiro.
Paramos para almoçar no restaurante Casa de Madeira, um dos pontos do roteiro. O restaurante é lindo e um dos pratos mais tradicionais é o que eles denominam de comida do imigrante, receita datada de 1876. Trata-se do exótico Radicci com bacon frito, polenta com queijo, nhoque de batata doce com molho e codorna com molho de vinho cozida em panelas de ferro provenientes da Itália. Fala sério, os imigrantes comiam muito bem! Você acredita mesmo nisso? Acho que a gente faltou essa aula de história ou os nossos antepassados não tiveram a mesma sorte. Brincadeiras à parte, a comida estava deliciosa, mas o atendimento deixou a desejar, ou seja, 10% de economia em serviço.
Continuamos o roteiro das vinícolas e o vale do rio das antas. Lá parece tudo muito simples e eis que você chega na vinícula Salton. Já haviam nos comentado que a arquitetura era grandiosa mas não imaginavamos nada daquele porte… quase um palácio… nem deu pra enquadrar todo na foto.
Seguimos para então para o Salto do Yucumã, paramos no meio do caminho em Vila Maria para acampar em um campo delicioso. Pra variar somos os únicos que frequentam campings nessa época do ano, o que torna tudo mais interessante, pois os campos são todos nossos! Nem sempre estão limpos, ou até abertos… mas pra tudo se dá um jeito.
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